A série "Monstro", que está sendo gravada no Brasil e na Europa, vai revelar detalhes da história do jogador Thiago Silva, que recentemente completou 38 anos e que agora se prepara para entrar em campo como capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo mais uma vez. Em três episódios, a produção contará a trajetória do zagueiro desde sua infância pobre na Vila Ucrânia, Zona Oeste do Rio (quando ele quase largou tudo para ser trocador de van), até a preparação para a Copa de 2022, já consagrado como um dos melhores defensores do mundo. A série tem participações de personalidades do futebol, como Neymar, Tite e Thomas Tuchel, e também de parentes do jogador, como sua mulher, Isabelle Silva.
A história começa no Rio de Janeiro e acompanha todo o sacrifício que Thiago e sua família passaram até que conquistasse espaço nas divisões de base para então se profissionalizar e ir jogar em Moscou, antes de se tornar um ídolo internacional. Lá, Thiago foi logo diagnosticado com tuberculose gravíssima, com um pulmão inteiro condenado, e precisou ficar isolado por seis meses num quarto de hospital na capital russa, onde entrou em depressão profunda.
Depois de passar por um longo tratamento e se recuperar em Portugal, ele voltou ao Brasil e passou a jogar no Fluminense, onde ganhou o apelido de "Monstro". O ídolo tricolor foi alçado então a personalidade internacional ao ser contratado pelo Milan; depois, pelo PSG – Paris Saint Germain; e pelo Chelsea, onde joga hoje. Em 20 anos de carreira, Thiago foi campeão de cinco competições internacionais, conquistou 26 títulos nacionais e acumula mais de 100 jogos com a camisa da Seleção Brasileira.
Empresas se uniram para criar pool de sport entertainment
Com orçamento de 10 milhões de reais, "Monstro" é uma realização das empresas Media Bridge, Hubstage e DDP Affinity, que se uniram com o objetivo de formar um grande pool de propriedades intelectuais de vertente esportiva, de diferentes esportes, para produzir projetos, formatá-los e negociar a distribuição com plataformas de streaming. A Media Bridge é um grupo multiplataforma, que trabalha com entretenimento e tecnologia. Depois de alguns anos, e por meio de amigos em comum, ela chegou à Hubstage, empresa que une a experiência e a carreira de mais de 20 anos de Marcos Motta e Bichara Abidão Neto na área do esporte e entretenimento. "Foi nessa junção que enxergamos o potencial de criação de uma vertical de sport entertainment. Estamos vendo essa movimentação por parte das plataformas de streaming, que estão cada vez mais interessadas em produzir conteúdos relacionados aos grandes nomes do esporte. Então combinamos o alcance que Motta e Bichara têm aos melhores jogadores do mundo ao nosso knowhow de entretenimento e tecnologia para entrar de vez nesse mercado. Não pretendemos ser os melhores, e sim os primeiros", afirmou Cosimo Valerio, diretor e sócio da Media Bridge, em entrevista exclusiva para TELA VIVA.
Para ele, as plataformas de streaming abriram os olhos para o esporte e atualmente procuram histórias que gerem interesse e engajem o público. "Acreditamos que é interessante para um jogador de sucesso falar sobre a vida pessoal dele e os desafios que enfrentou ao longo de sua trajetória. A partir dessa premissa e do fato de Thiago Silva ter topado entrar no projeto, fizemos um investimento próprio e começamos a produzir, antes mesmo de qualquer negociação com as plataformas, para já conseguir criar material e ganhar reputação nessa vertical de sport entertainment", revelou. A ideia das empresas, juntas, é produzir de duas a três séries do formato por semestre. Entre os próximos nomes, estão Ricardo Gomes, ex-treinador e jogador brasileiro, e Zagallo. Personalidades de outros esportes também estão entre os planos. No momento, a série de Thiago Silva está sendo negociada com duas plataformas de streaming. A previsão é que o produto esteja pronto em maio, para ser lançado possivelmente ainda no primeiro semestre de 2023, como um conteúdo original, em vários idiomas.
"A Media Bridge é uma produtora diferente. Vamos atrás do conteúdo que faz sentido. Não é produzir por produzir. Queremos coisas relevantes e que possam ser interessantes para o mercado", complementou o produtor Angelo Salvetti. "Nos especializamos em direito esportivo, principalmente internacional, quando ainda não tinha muita concorrência aqui. Fazemos isso há mais de 20 anos, conhecemos muita gente, viajamos pelo mundo… Temos algumas portas abertas, relacionamentos facilitados. É uma ponte para a Media Bridge falar com os principais jogadores. Estamos agora identificando esses personagens com boas histórias para contar", informou Bichara, sócio na Bichara e Motta Advogados e um dos fundadores da Hubstage.
Motta, parceiro na Bichara e Motta Advogados e Hubstage, analisa: "Juntos, esporte e audiovisual criam uma opção de entretenimento, engajamento e experiência que é absolutamente imbatível. A pandemia afetou muito essa indústria, especialmente porque o esporte perdeu a questão do ao vivo no audiovisual. Vimos, junto das marcas, uma necessidade de criarmos novas maneiras de monetização, engajamento e manutenção do público cativo. Jogadores, para mim, sempre foram os protagonistas, por isso sou muito entusiasta desse tipo de formato – especialmente porque estamos falando de um produto 'evergreen', isto é, que sempre será interessante. Daqui 50 anos as gerações futuras vão continuar assistindo a esses conteúdos, se interessando em saber quem foram os ídolos do passado. É bom pro jogador, porque mantém o engajamento, e para o clube também, porque abre novas possibilidades. Confiamos muito no grande sucesso dessa parceria e desse primeiro produto".
Os executivos afirmam que a escolha de Thiago Silva está ligada a diversos fatores – entre eles, a grande proximidade que o estúdio tem com o jogador, em uma relação de confiança estreita; a história que ele tem para contar, tanto como jogador quanto como ser humano; e o fato de ele ser um ídolo em diversos países, não só no Brasil. "Por todos os lugares onde ele passou, teve destaque e construiu uma boa imagem junto ao público", pontuou Bichara. "É importante desmistificar. Atletas são astros mundiais, mas normalmente são pessoas de origem muito humilde, que entram nessa nova realidade e tendem a se cercar, se fechar em círculos muito pequenos. Até como forma de proteção. Não é fácil mexer nessas camadas internas, ainda mais na frente das câmeras. É um barril de emoções para quem conta e para quem assiste. São histórias que merecem ser contadas. As pessoas não percebem a grande mudança de vida que eles passam. É um choque. Não são super heróis inabaláveis. É um produto que vem para criar um elo entre as diferentes histórias que as pessoas conhecem sobre os jogadores", completou Motta.
Os roteiristas trabalham de forma a contar a história do jogador dividida por décadas – com os respectivos entrevistados e acontecimentos relacionados a cada uma. "Criamos um arco dramático. Vamos, ao longo do processo, mostrar como surgiu essa figura do 'Monstro'. O final será gravado após a Copa – que provavelmente é a última participação de Thiago no campeonato – e por isso ainda está em aberto", adiantou Cosimo.
O diretor concluiu: "O objetivo é escalar esse modelo dentro das plataformas para deixar um legado para os esportistas que fizeram história no país. Para funcionar do jeito que pretendemos, deve ser um modelo escalável e rápido, até porque a concorrência é muito grande. O que estamos tentando é justamente escalar as propriedades intelectuais e formatar os projetos. Pretendemos crescer de forma rápida, com dois a três projetos novos por semestre. É um objetivo ambicioso, mas estamos conseguindo".
(Na foto, da esquerda para a direita: Marcos Motta, Bichara Abidão Neto, Angelo Salvetti, Cosimo Valerio e Adriano Dantas)
