Cineasta queer cria laboratório de roteiro para pessoas LGBTQIAPN+

Hilda Lopes Pontes (Foto: Divulgação)

Diretora e cofundadora da produtora audiovisual baiana Olho de Vidro Produções, Hilda Lopes Pontes acredita que é possível ter mais diversidade na frente e atrás das câmeras através de ações formativas, como o LabQueer. Criado pela cineasta, o laboratório busca promover a diversidade e representatividade no cenário audiovisual brasileiro, selecionando roteiros não produzidos de animação e live-action de pessoas LGBTQIANP+ com mais de 18 anos e residentes em Salvador e Região Metropolitana (RMS). A primeira edição foi realizada neste mês de junho e próximas acontecerão em breve. 

"O meu objetivo hoje é tentar fomentar o mercado audiovisual para pessoas LGBTQIAPN+, mas principalmente para pessoas trans. Tivemos poucas inscrições de pessoas trans. Isso revela uma coisa muito séria. O que eu espero com a criação do laboratório é que, a cada edição, a gente consiga realizar mais e esse número aumente. Que o LabQueer e a Olho de Vidro se tornem um espaço de acolher pessoas LGBTs e fomentar o trabalho delas", diz. 

A cineasta avalia também que, além de ampliar as oportunidades de formação para este público, é preciso criar estratégias para reter esses talentos no estado: "O cinema baiano é muito potente e está com um crescimento de nomes muito fortes dentro do audiovisual brasileiro, mas ainda existem poucas oportunidades fora do eixo Rio-São Paulo. É preciso criar mais oportunidades de trabalho para que os talentos fiquem na Bahia, que não saiam daqui por falta de oportunidades – que é o que acontece". 

Segundo dados de uma pesquisa da organização não governamental GLAAD (Aliança Gay e Lésbca Contra a Difamação) divulgada em 2023, de 350 filmes lançados em 2022, apenas 100 tinham um personagem LGBTQIAPN+, o que equivale a 28,5% do total. Desses 100 filmes, apenas dez eram não-binários e sete transgêneros. As pesquisas em torno de maior diversidade nas telas apontam crescimento, porém isso muda de figura ao tentar elencar nomes de profissionais que contam e projetam essas histórias do outro lado da câmera. "Um dos grandes desafios da comunidade LGBTQIAPN+ é a falta de formação dos profissionais no cinema e no audiovisual por conta das oportunidades. É preciso apostar em novos nomes, porque a gente só vai ter mais pessoas trans dentro do mercado do audiovisual , por exemplo, se a gente formar mais pessoas", afirma Pontes. 

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