Executivos do audiovisual reforçam a necessidade de uma regulação das novas plataformas

O painel "Perspectivas e mudanças na regulação audiovisual do Brasil", no primeiro dia do Telas Fórum 2017, levou o foco do debate para o que pode ser melhorado na regulação e nas relações entre os elos do mercado de conteúdo para permitir o aumento do volume de produção e incentivar a criação de conteúdos de alto valor agregado na TV paga, além das maneiras que o setor deve utilizar para ocupar as novas plataformas de distribuição. Nomes como Débora Ivanov (Ancine), Julio Worcman (Curta!), Fábio Lima (Sofá Digital) e Alex Mehedff (Hungry Man) apresentaram seus pareceres e principais questionamentos que, em suas visões, estão prejudicando a evolução do trabalho com as novas plataformas.

Para Julio Worcman, do Curta!, não podemos falar de VOD como sendo uma plataforma insurgente, pois ele já está no mercado há um tempo considerável. O executivo criticou as barreiras de licença que enfrentamos nesse sentido no Brasil – algo que não é presente em nenhum outro lugar do mundo, segundo Julio. Ainda de acordo com ele, o principal problema que isso gera para os produtores é o fato de que os títulos de produção independente não conseguem penetrar nesse mercado. Ainda trazendo comparativos com outros países, Worcman ressalta que, no mercado europeu, as televisões já são envolvidas nos filmes no ato de produção dos mesmos, o que gera facilidade mais pra frente, quando a obra vai ganhar novas plataformas. "O produto audiovisual tem que percorrer todas as janelas e, hoje, no Brasil, há muitos trâmites que dificultam essa passagem", afirmou.

Worcman ainda levantou problemáticas acerca dos direitos de sincronização de músicas e aquisição de material de arquivo. A sugestão dele – que o próprio executivo reconhece ser audaciosa – é que o Fundo limitasse os direitos de sincronização por minutagem. "É uma ideia ousada porém necessária, pois diz respeito a uma demanda legítima do produtor", defendeu.

Já Fábio Lima, da Sofá Digital, abriu sua fala afirmando que, para ele, o crescimento efetivo do VOD no mercado não deve ser tratado como o surgimento de um novo segmento, e sim como um momento de transição de tecnologia. "É uma forma de consumo – este mesmo que, antigamente, era distribuído nos modelos físicos e lineares", explicou. Lima apresentou ainda um panorama da evolução dos processos de distribuição de obras, mostrando os caminhos que nos levaram das locadoras físicas até as plataformas de vídeos sob demanda atuais. E, para ele, a Lei 12485 já está preparada para contemplar o VOD.

Por fim, Alex Mehedff, da Hungry Man, disse que, atualmente, são muitos os canais de possibilidades que as produções nacionais podem tomar e, por isso, é importante o produtor ter total consciência de onde quer estar com seu produto antes de entrar de cabeça no projeto. "Esse planejamento estratégico deve ser feito desde o início", recomendou. Em relação à regulação, ele afirma que a necessidade é pensar nos problemas enfrentados pelo produtor brasileiro, que graças às políticas públicas está cada vez mais qualificado, e quais as soluções que ele precisa agora – em especial no que diz respeito às novas plataformas.

O painel foi encerrado por Débora Ivanov, presidente da Ancine, que deu seu parecer otimista diante do momento atual do mercado. "Apesar dos momentos de crise, o segmento é um dos que mais cresce no Brasil e no mundo e ajuda constantemente na formação da nossa identidade cultural. Além disso, possibilitamos uma contribuição crescente para a Economia do País, representando hoje quase meio por cento do PIB brasileiro e promovendo geração de empregos", concluiu.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui