Produção independente é alternativa em Portugal e Canadá

O segundo dia do VI Fórum Brasil de Programação e Produção debateu em sua sessão de abertura a diversidade de alternativas para o produtor independente brasileiro atuar além das fronteiras geográficas do Brasil. Os painelistas convidados falaram das oportunidades existentes no exterior.
José Eduardo Moniz, diretor geral da emissora TVI de Portugal, relembrou que terceirizar a maior parte da produção (exceto jornalismo e alguns programas de linha) foi a chave para a sobrevivência da emissora. ?Quando entrei na TVI em 1998, a estação estava à beira da falência e dois anos depois já disputava a audiência com as demais TVs portuguesas?, disse ele, lembrando que o grande concorrente era a SIC, com programação da TV Globo. De acordo com Moniz, a salvação foi o investimento em produção nacional, no idioma original local e apenas reinvestindo as receitas (não foi aplicado mais dinheiro dos acionistas). Assim, o canal saltou de 12% para 35% de market share e de um faturamento de 25 milhões de euros para cerca de 120 milhões de euros. A TVI investiu primeiramente em reality shows e posteriormente em dramaturgia.
As vantagens em buscar produção independente, contou, são muitas e entre elas estão: não ter de investir em tecnologia e em pessoal técnico, tirar proveito da criatividade de fora da emissora, incluindo novos talentos, obter preços mais vantajosos etc. ?Manter uma pequena estrutura e enxuta preserva custos e os investimentos são feitos nas questões essenciais.?
Depois de sua explanação, a TVI se colocou aberta para produções independentes brasileiras. Moniz disse que a forma de negociar com a emissora varia. Além de adquirir programas prontos e receber sugestões, eles também costumam sugerir uma idéia para dois ou três produtores independentes e elegem o melhor projeto, considerando custo, local de fimagem, possibilidades de patrocínio etc. Os executivos do canal sempre acompanham desde a elaboração dos dez primeiros episódios de uma série, por exemplo, e participam da definição de locação, cenários entre outros.

Canadá

Outro mercado que mantém as portas abertas para a procução brasileira é o Canadá. Joanne Leduc, diretora do National Board of Canada, do Ministério da Cultura daquele país, foi enfática: ?Estamos procurando parceiros para co-produzir?. O pré-requisito é que a produção tenha enfoque educativo. Considerando como aliado o acordo existente entre Brasil e Canadá nesse setor, é bom também saber que o National Board produz e comercializa nacional e internacionalmente documentários e desenhos animados principalmente , além de filmes que não seriam bancados por investimentos privados. Raramente se produz séries, disse ela. E a legislação canadense é bastante severa e protecionista, ou seja, para uma produção estrangeira sem incorporada ao mercado canadense, precisa ser co-produção, ou ter produtor, ou diretor, ou equipe canadense. Ela lembrou ainda que a fragmentação dos canais de distribuição com as novas tecnologias é universal, mas que apesar das novas ofertas de meios para distribuição, os preços pagos pelo o conteúdo estão caindo e representam hoje metade do que se pagava há alguns anos. Com isso, são maiores os desafios para os produtores.

Endemol

Em outra direção, há ainda as criações internacionais filmadas no Brasil. Carla Affonso, da Endemol Globo, mostrou o case do ?The Farm? (?La Fattoria?), programa de confinamento de um grupo de artistas italianos numa fazenda no Rio de Janeiro, idealizado pela Endemol Italia. ?Eles tinham tudo, mas precisavam trabalhar porque não havia comida?, contou Carla, dizendo que a Endemol sempre precisa de produtoras locais com experiência no mercado. Além da locação, parte da equipe técnica foi brasileira. ?O Brasil foi escolhido pela Endemol Italia porque é um destino de viagem muito apreciado pelos italianos? e ainda, contou a executiva, porque o programa era exibido ao vivo da fazenda no período noturno da TV italiana, mas a produção queria sol durante a exibição. ?E deu certo: a audiência dobrou em relação à da edição anterior do reality-show?, revelou Carla.

MIP

Reconhecido como uma das principais vitrines do setor, os eventos MipTV, MipCom e MipDoc marcaram presença no Fórum através da participação de seu diretor internacional de vendas, Jacques Gibout, como painelista. Ele revelou que para este ano os ?compradores receberão um catálogo de programas e ainda DVDs ou fitas VHS para pré-selecionarem os programas que lhes interessarão. ?Durante o MipTV, no segundo semestre, estaremos projetando mais de cem telenovelas disponíveis para venda?, contou Gibout. Considerando os documentários e filmes brasileiros bastante atrativos para os compradores internacionais, Gibout porém não acha um bom negócio que um produtor independente brasileiro invista para montar um estande sozinho na MipTV, por exemplo, pois seria muito difícil atrair a visita de prováveis compradores internacionais. ?Os produtores brasileiros deveriam se unir para montar um único estande. Aí é mais fácil levar visitantes ao estande brasileiro.?

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