Concorrência foi a palavra-chave na sessão do Cade que no último dia 31 aprovou o acordo proposto pela Globosat sobre o fim da exclusividade de seus canais. Como afirmou em determinado momento o conselheiro e relator do processo, Paulo Furquim de Azevedo, o papel do Cade é assegurar a concorrência e não proteger as concorrentes. Assim, Net e Sky, do lado das operadoras, são as empresas que agora têm de se adequar aos novos ventos da concorrência.
A Sky é, de imediato, a operadora que mais sofre o impacto sobre o fim da exclusividade sobre os canais de esporte e pay-per-view da Globosat. Isto porque responde até agora por cerca de dois terços das vendas do pacote de futebol em PPV. Mesmo tendo praticamente a mesma programação que as operações Net, com a qual já concorria no mercado, a penetração do pay-per-view na base da Sky era da ordem de 20% – nas operadoras terrestres, este percentual foi de 11% em 2005. O segredo, conta Ricardo Miranda, CEO da Sky desde 2002, não é apenas viabilizar o conteúdo, mas saber promovê-lo e levá-lo ao cliente. ?Claro que o impacto é grande, pois mais operadores vão ter a mesma oferta?, diz Ricardo Miranda – ele não estará à frente da nova empresa de DTH que surge a partir da fusão aprovada no Cade entre Sky e DirecTV. Para o DTH, há ainda outros componentes além da programação na competição com o operador de cabo: a não-oferta de serviços de banda larga e de VoIp.
A gigante Net Serviços ainda não se pronunciou oficialmente sobre o impacto do acordo no seu mercado ? há muitas praças onde há overbuilding com outras operadoras de TV paga. É fato que a solução gerou desconforto, uma vez que desde sempre a operadora pagava caro para garantir a exclusividade dos canais Globosat , o que será certamente objeto de renegociação a partir de agora.
Neo TV
A Neo TV promete para breve um posicionamento mais detalhado sobre as bases do acordo, mas demonstra desde já sua satisfação com o fim da exclusividade de canais. Individualmente, as operadoras também começam a se manifestar. A TVA, por exemplo, divulgou que a quebra da exclusividade na distribuição foi vista como um avanço em termos de amadurecimento do setor. ?O mercado se torna mais competitivo, e a diferenciação das empresas será, cada vez mais, pela qualidade dos serviços e inovações oferecidas", afirmou a gerente executiva de programação, Maria de Fátima Oliveira.
