Especialização, networking e inovação são os três pilares da Transforma, nova plataforma de capacitação voltada para o mercado audiovisual que foi lançada oficialmente em junho, no Rio2C. Desenvolvida para estimular e conectar o setor da indústria com oportunidades de crescimento e transformação, a iniciativa faz parte do ecossistema Transformação Audiovisual, idealizado por Dani Tolomei e Leo Edde.
A plataforma oferece mentorias, masterclasses e cursos focados em habilidades práticas necessárias no mercado, como a preparação para pitchings, compreensão de políticas públicas e modelo de negócios da indústria. Além disso, a iniciativa conta com uma rede de networking entre profissionais estabelecidos e novos talentos para facilitar parcerias e colaborações que podem abrir novas portas. Os membros também têm um espaço dedicado à apresentação de projetos e os participantes recebem retorno dos profissionais – aumentando, assim, a chance de reconhecimento e visibilidade. Através de grupos de discussão e sessões de mentorias, os interessados podem discutir desafios e obter conselhos personalizados.
Em entrevista exclusiva para TELA VIVA, Dani Tolomei relembra o lançamento da plataforma no Rio2C no último mês: "Tivemos mais de 2 mil pessoas participando da ação de lançamento e, em menos de um mês, já temos mais de 150 pessoas inscritas na plataforma – o que é acima da nossa meta para o primeiro mês. A repercussão no evento foi muito positiva, com pessoas comentando que precisavam de algo assim, que seria muito bom para elas. Fiquei muito feliz com a resposta tanto de produtores e criadores do nosso público-alvo quanto de players e outras pessoas do mercado, que viram a iniciativa como muito positiva e necessária.
Expectativas e objetivos
A meta de negócios estabelecida inicialmente era 100 assinantes na plataforma até o final do primeiro mês – o número já está em 150, antes mesmo do prazo estipulado. Até o final de 2024, a expectativa é de 500 assinantes. "Vislumbrando a longo prazo, queremos que o mercado audiovisual inteiro esteja na plataforma. Pretendemos ser um catalisador e uma ponte de relações, de criação de redes de contato, de criação de relacionamentos de negócio para todo o mercado a nível Brasil", ressaltou Tolomei. "Uma das nossas principais motivações é conseguir amplificar e ajudar o mercado a ter uma penetração maior fora do eixo Rio-São Paulo, ajudando criadores e produtores do Nordeste, Norte e Sul a criarem relações mais consistentes com players, outros produtores e criadores de forma mais profunda, que de fato possam gerar negócios", destacou.
Ela explica que, no setor audiovisual, as rodadas de negócios e os eventos são muito importantes como um primeiro momento – mas, dado que o mercado é fortemente construído em cima de relacionamentos, as pessoas precisam de mais espaço para isso acontecer ao longo do ano inteiro, e não só durante eventos pontuais: "Queremos que a plataforma seja justamente essa ponte. Nosso objetivo é ajudar as pessoas a criar esses negócios e relacionamentos, não só pelo feed e pela construção de rede, mas também através de especialização, concursos e mentorias individuais, especializando de fato um produtor, criador ou roteirista em diversas áreas, tanto com o olhar de negócio, gestão de pessoas, como de criação". Nesse caminho, a produtora reconhece que um dos principais desafios é conseguir criar a cultura das pessoas usarem e recorrerem à plataforma de forma constante. "Pretendemos conquistar isso com todos os eventos de masterclass, inputs e informações que vamos colocando na plataforma, agenda de editais e etc", adiantou.
Etapas de desenvolvimento da plataforma
A Transforma é uma plataforma da Transformação Audiovisual (TAV) – um ecossistema de inovação de negócios audiovisuais que existe desde 2021. A TAV trabalha com um método próprio, chamado de "Audiovisual Ágil". A metodologia desenvolve um projeto desde a ideia inicial até o pitch – tudo em cinco dias, seguindo a agilidade que o próprio nome sugere.
Tolomei contou que, aos poucos, a TAV foi evoluindo com mentorias, cursos e consultorias, mas ela tinha uma preocupação maior em como escalar o negócio, isto é, como impactar mais pessoas com essa proposta. "Conseguia ver que o que fazíamos na Transformação Audiovisual era uma necessidade muito grande. Dentro desse processo, sanamos várias dores que os players têm. Por isso que, no último ano, focamos muito nos cursos e no relacionamento com o mercado em termos de preparação de projetos para rodadas de negócios e pitching porque sabemos que é uma das grandes dores de mercado", disse. "O produtor passa anos desenvolvendo seu projeto, vai para uma rodada de negócio, o player gosta da ideia e fala 'quando isso virar um projeto, me procura', e o produtor não entende porque acha que já desenvolveu o projeto, mas ainda não, é só uma ideia muito bem trabalhada. Focamos muito nisso no último ano e, agora, no Rio2C, preparamos todos os projetos selecionados para o pitching do evento, tanto para o pitching creator quanto para o pitching audiovisual. Foram mais de 30 projetos que passaram pelo nosso laboratório de preparação".
A partir dessa necessidade de impactar mais pessoas, Tolomei, ao lado de Leonardo Edde, seu sócio, começaram a pesquisar as possibilidades de ampliar o projeto. "Identifiquei nessas pesquisas de tendências a criação de plataformas, com essas plataformas se tornando comunidades. Busquei benchmarks diferentes, do audiovisual e fora dele também. No audiovisual, nosso principal benchmark é uma plataforma americana chamada Stage32 – desde o começo falei que seríamos o Stage32 brasileiro, mas que só por ser brasileiro, já é melhor!", brincou. Para além do setor audiovisual, ela pesquisou plataformas de mercado de marketing digital, empreendedorismo e start ups para entender o comportamento, a interface, as funcionalidades e os valores, entre outros pontos. No processo, a produtora entendeu ainda que não poderia usar o nome "comunidade". Para as pessoas entenderem a real entrega de valor, seria melhor falar em "plataforma".
Aos poucos, a Transforma foi sendo desenvolvida, em um processo que passou ainda pela construção da tecnologia da plataforma, do aplicativo e do modelo de negócio – que é de assinatura anual, com quatro tipos de plano (gratuito, com acesso apenas ao feed principal; essencial, premium e VIP, cada um com entregas diferentes). "Desenvolvemos através de muita pesquisa, teste e interação, entendendo o nosso mercado, propósitos e valores", resumiu.
Resolução de gargalos
"A Transforma busca resolver duas principais dores do mercado audiovisual, especialmente no Brasil", define Tolomei. A primeira delas é a formação de redes de contato. "Embora existam muitos cursos, especializações e capacitações legais, gratuitas e pagas, há um grande gap no que acontece depois disso. A pessoa faz um curso de roteiro e, depois, o que acontece? Um grande gap que a Transforma busca preencher é ser essa ponte para a formação de redes de contato, provocando isso de algumas formas diferentes", explicou.
De forma objetiva, a plataforma tem feeds diferentes, como o feed geral; o de editais; o "Manda Jobs", para oferecer e buscar oportunidades; e o de desafios, que traz um desafio novo a cada mês. "Toda essa parte de relacionamento pode ser construída através dos feeds, e há um grande feed chamado 'Apresente-se', onde a primeira coisa que as pessoas fazem ao entrar na plataforma, para ter acesso às outras features, é se apresentar. Isso cria um grande banco de dados", detalhou a fundadora. A rede de contato é promovida e amplificada diretamente com as mentorias individuais. Há um time de mentores formado por grandes executivos de diversos elos da cadeia que comanda essas mentorias para os assinantes Premium e VIP. São mentorias pagas – um upsell dentro da plataforma – e, segundo Tolomei, uma grande oportunidade de ter, no mínimo, quatro horas exclusivas no esquema one-to-one com esses profissionais do mercado. E, para ela, a mentoria individual soluciona dois gaps – a construção de relacionamento mais profunda e a preparação: "Cada mentor tem uma especialidade específica e foca em um campo. Todos são muito bem relacionados e generosos. Buscamos ajudar as pessoas a se prepararem melhor nessas mentorias, que é outro gap que temos".
E, voltando para a construção de relacionamento, a Transforma também tem mentorias coletivas – grandes grupos de bate-papo marcados por momentos de troca e compartilhamento de experiências. São momentos mensais com os dois fundadores da plataforma, que ajudam na solução de dúvidas dos participantes. As atividades ainda contemplam masterclasses "longas e necessárias, de uma forma rara no mercado", segundo Tolomei. Entre os nomes que ministrarão essas aulas estão Aline Jabbour, diretora de desenvolvimento de negócios do Samsung TV Plus, e Beto Skubs, roteirista brasileiro que trabalhou nos últimos três anos na série "Grey's Anatomy". Por fim, estão os cursos, que falarão sobre temas como Branded Entertainment e Audiovisual Ágil.
Parceiros
São muitos os parceiros envolvidos no projeto, mas os principais são os mentores, que comandam as mentorias individuais. Entre eles, estão Fábio Mostoffi, Fernanda Menegotto, M.M. Izidoro, Felipe Lopes, João Andrade, Erick Peixoto, Aila Sampaio, Fábio Lima, Carol Telles, Bruno Lins, Letícia Sousa, Fernando Barcellos, Emílio Domingues, Ana Cecília Springefeldt e Thais Colli.
"Chegamos a esses nomes porque são pessoas que acompanham a Transformação Audiovisual há algum tempo, participando de webinários, eventos ou como clientes. São pessoas que partilham dos mesmos valores e princípios que acreditamos para o audiovisual brasileiro, conhecendo diversas frentes da indústria, como negócios, desenvolvimento, distribuição e produção. Vamos lançar novos nomes de mentores em breve, muitos procuraram a gente no Rio2C interessados em participar. Também estamos fechando parcerias com instituições e associações para contínua troca de conhecimentos", finalizou Tolomei.
