Economia, incertezas regulatórias e competição trazem riscos para investidores, aponta UBS

Uma análise do banco UBS divulgada a investidores na semana passada, dia 29, reforça em praticamente todos os aspectos as preocupações que foram manifestadas pelos operadores de telecomunicações no discurso de abertura do Painel TELEBRASIL e na Carta de Brasília, o documento formal de posicionamento do setor. Segundo a análise do UBS, o setor de telecomunicações no Brasil está sendo negativamente afetado pelo cenário competitivo, pelo desempenho econômico e por incertezas regulatórias, o que pode ser percebido no desempenho fraco das ações das principais empresas prestadoras de serviço. O processo de deterioração do desempenho do setor em bolsa, destaca a análise do UBS, pode ser mais facilmente percebido a partir de julho, como o ponto de inflexão, mas é um processo estrutural que vem de mais tempo. A análise do banco destaca que apesar de a base de assinantes ter crescido cumulativamente cerca de 17% ao ano, o crescimento de EBITDA e as receitas do setor não chegaram a 6% no acumulado ano a ano no mesmo período.

Expectativas sobre a Oi

Do  ponto de vista competitivo, o destaque do UBS é o ressurgimento da Oi. Ainda que exista, por parte do banco, um certo ceticismo com relação à capacidade da Oi de atingir seus objetivos desenhados no plano estratégico apresentado em abril, o UBS acredita que a estratégia da operadora seja acertada e um esforço dela nesse sentido deve pressionar as demais prestadoras a reduzirem margens e serem mais agressivas, o que causa um efeito de deterioração de resultados para toda a indústria, sobretudo considerando-se que a cada dia fica mais difícil conquistar um novo assinante. Ainda do ponto de vista operacional, diz a análise do UBS, o setor vê uma necessidade de expansão dos investimentos, seja para cumprir as obrigações regulatórias, demanda de serviços ou enfrentar a competição. Esse aumento de investimentos também se mostra um fator negativo, do ponto de vista do mercado investidor.

Economia e Anatel

Outro fator destacado pelo UBS é o desempenho da economia. Segundo o banco, o setor de telecomunicações sente diretamente qualquer tipo de retração, seja no mercado  residencial como corporativo. Uma desaceleração econômica terá impacto sobre as taxas de crescimento, diz o UBS.

Por fim, como fator que se soma ao que o UBS chama de "Annus horribilis" para definir o cenário em 2012 é a incerteza regulatória. Segundo o banco, tanto as regras do leilão de 4G quanto a cautelar que suspendeu em julho, por 11 dias, as vendas de novas linhas móveis sinalizam que a Anatel está mais dura. Segundo o relatório do UBS, "Anatel has surprised us in the last 3 months with the severity of its words and deeds". Ou seja, a Anatel surpreendeu nos últimos três meses com a severidade de suas palavras e ações, numa tradução livre. O receio do UBS é não apenas com o que foi feito, mas com a possibilidade de que, como parte das medidas que ainda possam ser tomadas pela agência na mesma direção, se abra um leque muito amplo de possíveis sansões e medidas, como obrigação de compartilhamento de infraestrutura, alterações nas regras de interconexão e obrigações de novos investimentos. Até mesmo a sinalização de um leilão de 700 MHz antes do esperado é visto como o UBS como um fator de incerteza, sobretudo dependendo das obrigações que possam vir com esse leilão, como o financiamento do fim das transmissões analógicas de TV.

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