Série de documentários sobre a infância em povos indígenas do Alto Rio Negro estreia no YouTube

"Primeira Infância Indígena", série de seis curtas-metragens sobre a infância em povos originários do Alto Rio Negro, estreia nesta terça-feira, dia 6 de julho, no canal do YouTube da Usina da Imaginação. Os filmes, dirigidos por Rita da Silva e Kurt Shaw, retratam como os indígenas pensam e atuam no desenvolvimento das crianças pequenas. 

As exibições serão realizadas no MIMUS: Múltiplas Infâncias, Múltiplos Saberes, uma programação de debates online e gratuita que reunirá 15 convidados de vários estados do país, entre lideranças, pesquisadores em diversas áreas e representantes nos temas que atravessam a infância. O evento quer enfatizar, discutir e compartilhar relatos sobre a riqueza das formas de criar crianças nos povos indígenas, quilombolas e nas comunidades que vivenciam religiões de matriz africana. 

A série de curtas começou a ser produzida em 2015, quando Silva e Shaw entrevistaram mulheres de aldeias do rio Içana, que tinham como tradição cantar cantigas de ninar para crianças. 

"Eu estava muito interessada na relação das mães com bebês, porque estávamos carregando a Helena. Ela tinha 4 anos. Foi quando começamos a falar mais da primeira infância com os povos indígenas", conta a diretora e também antropóloga Rita da Silva, mãe de Helena. O projeto da série de documentários venceu o edital Saving Brains, do Governo do Canadá, em 2017. 

Costurando depoimentos em cinco línguas – baniwa, tukano, nheengatu, tuyuka e português – os filmes mostram o dia a dia das crianças nas aldeias, ouvindo os relatos e experiências dos povos originários do Alto Rio Negro acerca das formas de cuidar, educar, alimentar, proteger e transmitir conhecimentos para os pequenos. Na região vivem 27 etnias, que falam 22 línguas. 

"Eu tento chamar as crianças no momento em que meu pai faz um 'tipiti'", conta Irineu Rodrigues, Baniwa da comunidade Yamado, pontuando como ensinam os pequenos a trançar a prensa de palha usada para escorrer e secar raízes como a mandioca, base da alimentação dos povos ribeirinhos da Amazônia. "Não é da forma que você adquire o conhecimento ocidental, que você senta numa sala de aula e você vai ter um professor na sua frente", reforça. 

A série é dividida em seis temáticas: Nutrição e Saúde; Proteção; Orientação; Canto, Contos, Música e Linguagem; Estímulos; Gravidez e Parto. 

50 mostras nas aldeias 

Em 2018 e 2019, Rita, Kurt e uma equipe de produção e pesquisa indígena exibiram os filmes ainda não finalizados mais de 50 vezes em mostras em aldeias e espaços urbanos onde vivem famílias indígenas. O objetivo foi ampliar a contribuição deles na construção das narrativas.

"Os filmes cresceram por conta da participação das pessoas que assistiram. Acrescentamos novas ideias, novas entrevistas e novas imagens depois", conta o filósofo e escritor Kurt Shaw. 

O projeto da série de documentários venceu o edital Saving Brains, do Governo do Canadá, em 2017. No Brasil, a iniciativa tem apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e da Fundação Bernard van Leer. 

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