Mercado analisa riscos de excesso de oferta e interesse nas posições brasileiras

Dois aspectos centrais dominaram as discussões entre os principais players do mercado satelital brasileiro durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, realizado pela Converge, que edita este noticiário, no Rio de Janeiro. Os operadores mostraram especial preocupação com a possibilidade de que o mercado seja, até 2016, "inundado" de capacidade satelital, o que geraria um desequilíbrio entre oferta e demanda, impactando nos preços, e a necessidade de assegurar a participação na disputa por novas posições, para que se possa antecipar um possível cenário de uma demanda ainda mais intensa. O grande desafio do mercado de satélites é que o planejamento para os próximos 15 ou 20 anos (vida útil do satélite em órbita) precisa ser feito em cima do cenário atual, é preciso esperar quase três anos para colocar o equipamento em órbita e os investimentos são muito pesados.

Intelsat

Há uma grande quantidade de satélites planejados para entrar em operação nos próximos anos. A Intelsat, por exemplo, deve começar a oferecer no próximo ano capacidade no IS-29e, um satélite de grande porte da linha Epic, que promete alta capacidade de transmissão de dados a partir do uso de multi-spots. No caso do IS-29e, o satélite vai operar em banda Ka. Em seguida, a Intelsat terá ainda o IS-34, que substituirá o Intelsat 805 e o Galaxy 11. Além disso, há planos de buscar posições brasileiras. "Espectro e posição são recursos escassos. Participamos do último processo mas não ganhamos, as nosso interesse por mais capacidade e espectro sempre existe", disse Rodrigo Campos, diretor da Intelsat no Brasil.

Telesat

Outra que promete um satélite de altíssima capacidade para cobrir o Brasil é a Telesat, com o Telstar 12 Vantage, que ficará posicionando sobre o Oceano Atlântico e terá cobertura para o Brasil, Europa e África. O Telstar 12 também é baseado no conceito de multi-spots, o que faz dele um HTS (High Throughput Satellite). Segundo Mauro Wajnberg, diretor geral da empresa no Brasil, tentar abocanhar uma posição orbital brasileira é quase uma obrigação. "Os recursos são escassos e quem entrar no edital tem que colocar o satélite no ar. Não há espaço para aventureiro". Sobre o excesso de oferta, Wajnberg diz que o risco de fato existe porque há muita capacidade planejada, mas ele espera que isso não aconteça. "Nosso mercado cresce com o PIB. Nos últimos anos tem crescido. Espero que continue".

Satmex

Javier Récio , diretor da Satmex, também informa que a empresa planeja mais três satélites para os próximos anos para a região das Américas: o Satmex 7, o Satmex 9 e o Satmex 10, sendo esse último com grande capacidade em banda Ka. "É uma indústria que sempre vive em ciclos, com altas margens mas muito capital muito risco. E existe um tempo entre planejar e lançar. Por isso o mercado se inunda de tempos em tempos", diz Récio. Segundo ele, de fato em 2016 haverá uma capacidade muito grande, "mas acreditamos que a demanda vai crescer. E vai haver uma grande demanda por capacidade em 2014".

Hispamar

Para Sérgio Chaves, diretor da Hispamar, é importante lembrar que em geral os satélites que cobrem o Brasil atendem também outros países da América Latina, e muitos países da região estão com demandas elevadas também, como Colômbia, Peru e Chile. Sobre a licitação de satélites brasileiro, a Hispamar considera que essa é uma oportunidade que não pode ser ignorada. Na verdade, a empresa já até planejou e anunciou um satélite para ocupar uma posição que está prevista no leilão da Anatel: o Amazonas 4a, que ficará na posição 61oW, o que leva a crer que a Hispamar será uma das mais agressivas no leilão deste ano.

SES

Dolores Martos, principal executiva da SES para a América Latina, diz que a empresa também deve disputar o leilão de posições brasileiras. "Já temos posições no México, Canadá e países Andinos, e ter a mesma esratégia no Brasil é razoável. Também acreditamos muito na banda Ka, mas precisamos ter certeza do mercado antes de entrar. Acreditamos ainda em uma forte demanda puxada pelo DTH e por canais HD"

StarOne

A StarOne, operadora de satélite do grupo América Móvil, está em uma maratona de lançamentos e planejamento de novos satélites para o Brasil e para a América Latina. Ano passado colocou o C3 em operação. Ano que vem, entra em funcionamento o C4, que será praticamente todo dedicado ao DTH da empresa no Brasil e na América Latina. O StarOne D1 já está contratado para ser lançado em 2016, e será o primeiro com capacidade em banda Ka. Um dado interessante, segundo apresentação de Fábio Alencar, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa, é que a capacidade em banda Ka terá dois usos: o acesso residencial e o suporte à operação móvel da Claro, com capacidade de backhaul. Outro satélite já em planejamento é o D2, para 2019.
"Acho que não teremos excesso de oferta porque também estimulando mais o uso da capacidade satelital para vários serviços, mas certamente teremos um aumento significativo na capacidade do mercado", diz ele.

Eutelsat

A eutelsat, além da fusão com a Satmex, que deve ampliar muito sua presença no Brasil e na América Latina, tem planejados para a região mais três satélites. Um é o Eutelsat 3b, que terá capacidade em banda Ku e Ka. Mas a grande aposta da empresa é o Eutelsat 8Wb, que ficará na posição 65oW, uma das mais privilegiadas para o Brasil e hoje ocupada pela StarOne com o C1. Como operará na mesma posição do C1, a Eutelsat espera tirar vantagem da grande quantidade de antenas já apontadas, seja por parte de operadores de TV paga, seja usuários finais. O Eutelsat não dará interferências no C1 por operar em banda Ku e Ka (o satélite da Embratel opera em banda C). Segundo Eloi Stivalletti, diretor de marketing e vendas da Eutelsat, de fato existe uma grande capacidade para entrar em operação, sobretudo em banda Ka, mas os operadoras estão com coberturas que nem sempre se sobrepõem, por isso ele não vê riscos de um excesso de oferta.

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