Maurício Costa dirige o documentário "Autodeclarado"

Frente a um possível desmonte da política pública de cotas raciais em universidades, que em 2022 completa uma década de existência, Maurício Costa apresenta o documentário "Autodeclarado", que tem estreia prevista para o primeiro semestre deste ano. Com o debate sobre as fraudes cometidas por brasileiros brancos e as acusações contra brasileiros pardos nos programas de ação afirmativa para ingresso nas universidades e em concursos públicos no Brasil, o filme busca refletir de forma profunda sobre colorismo, racismo e identidade racial.

Como ponto de partida, a produção traz a discussão das transformações identitárias pelas quais a sociedade brasileira tem passado e como operam as comissões de verificação racial. "A formação da identidade racial no Brasil é uma experiência contínua. Para quem cresceu no Rio Grande do Sul como não-branco, considerado escuro o suficiente para sofrer racismo no lugar onde cresceu e escuro de menos em outras partes do país, o debate sobre as ações afirmativas e quem é o seu real sujeito de direito me causou a necessidade de entender o que está acontecendo. Por meio das experiências dos personagens e dos entrevistados, este projeto reconstruiu minha perspectiva sobre identidade racial. Espero que contribua para reconstruir, também, a do público", comenta em nota o diretor. 

A narrativa apresenta Luan Myque Figueira da Silva, Luciene Guimarães de Faria, Cristina Sousa, Bárbara Kruczyski, Janedson Almeida e Glaucielle Dias. Os seis personagens contam suas experiências como sujeitos de comissões de verificação em diferentes regiões e instituições brasileiras, com resultados diversos. Assim, o diretor busca retratar as jornadas dessas pessoas que representam o claro preconceito e colorismo racial no país – onde essa dita "democracia racial" é apenas uma ilusão. 

O projeto ainda conta com a participação de 25 entrevistados, incluindo lideranças históricas no movimento negro no Brasil, os criadores e redatores da regulamentação das comissões de verificação, reitores de universidades federais e privadas, acadêmicos e youtubers e influenciadores digitais negros, negras, pardos e pardas. Entre os nomes, estão Frei Davi (EDUCAFRO), Prof. José Vicente (Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares), Benedito Gonçalves (Ministro do STJ), Spartakus Santiago e Winnie Bueno (ambos influenciadores negros de grande alcance entre o público-alvo do filme), Natalino Salgado (Reitor da UFMA) e Demétrio Magnoli (sociólogo e jornalista). 

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