"O Lado Bom de Ser Traída" pode representar um novo marco para a Netflix Brasil

Giovanna Lancellotti em "O Lado Bom de Ser Traída" (Foto: Juliana Cerdeira/ Netflix)

A logo vermelha e o sonoro tudum indicam que o play foi apertado para mais um original Netflix. Antes do título aparecer em tela a classificação indica se tratar de uma produção para maiores de dezoito anos. O filme se inicia com uma mulher pilotando uma moto em alta velocidade em uma grande metrópole. Como em uma perseguição, um homem em outra moto se aproxima dela, eles aceleram ainda mais e ele sofre um acidente. Pacientemente a mulher o ajuda, sozinhos em uma oficina eles começam a transar ao som de Iza, é um outro tipo de perseguição.

*Lucas Mascarenhas é Senior Partner Insights Analyst, na Parrot Analytics.

A cena inicial de "O Lado Bom de Ser Traída" pontua o tom do filme, um thriller erótico nacional baseado no livro homônimo de Sue Hecker. Adaptações bem-sucedidas de livros calientes não são novidade, "Cinquenta Tons de Cinza" alcançou marcas expressivas nos cinemas brasileiros em 2015 e a própria Netflix já tem uma franquia para chamar de sua com o polonês "365 dias". No entanto, "O Lado Bom de Ser Traída" consegue alcançar bons números não apenas no seu mercado doméstico, mas também ao redor do mundo, uma barreira nem sempre fácil de ser ultrapassada por uma produção brasileira.

De acordo com estudo da Parrot Analytics, empresa líder em análise de entretenimento global, considerando a janela de uma semana pós exibição, o filme registrou o terceiro maior patamar de demanda entre produções lançadas diretamente em uma plataforma de streaming em 2023. A demanda é uma métrica poderosa para entender o sucesso de um título porque ela vai além das métricas tradicionais, englobando o consumo de buscas online, redes sociais, consumo em sites de vídeos e em plataformas open-streaming. Através dessa metodologia é possível mapear toda a jornada de descoberta de um conteúdo com comparações entre títulos de diferentes plataformas.

Dessa forma, "O Lado Bom de Ser Traída" registrou uma demanda 18,4 vezes a média de todos os títulos, ficando atrás apenas de "Vermelho, Branco & Sangue Azul" (Prime Video) e "Nimona" (Netflix). É interessante observar a força das produções da Netflix, que alcança 4 espaços dentro do Top 5. Além disso, três títulos de destaque contam com o amor romântico como elemento central de suas narrativas. Apesar dos filmes românticas não deterem o sucesso de bilheteria de outrora, o gênero se encontra sólido nas plataformas de streaming, com o brasileiro "Ricos de Amor 2" também aparecendo como destaque.

No entanto, o principal motor de "O Lado Bom de Ser Traída" é a sua força internacional, sendo destaque em diferentes partes do mundo. Além de ter os Estados Unidos como o segundo maior mercado em termos de demanda, a produção é destaque em diferentes partes do mundo, tendo a Índia, Coréia do Sul e África do Sul completando o ranking. Durante a semana de lançamento, a obra também alcançou a terceira maior demanda no competitivo mercado americano entre todos os filmes originais streaming de língua não-inglesa, mostrando que há sim espaço para obras brasileiras viajarem ao redor do mundo. Após sucessos no mercado local com produções voltadas principalmente para a comédia, uma dose a mais de pimenta apresentou um novo marco para a Netflix Brasil.

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