O recado claro da Globo para o mercado de TV por assinatura no primeiro dia do Pay-TV Forum 2021, é que o maior grupo de mídia acredita no ecossistema desta indústria e que pretende ampliar as parcerias com os agregadores, tradicionalmente os operadores. “Afirmo o compromisso da Globo em trabalhar com parceiros no fortalecimento desse ambiente”, disse Paulo Marinho, diretor de canais da Globo, no evento realizado em formato digital por TELA VIVA e TELETIME nos dias 9 e 10 de agosto. Ele vê como uma importante frente de inovação a oferta e os empacotamentos. “Entraremos em novo ciclo, como levar para o consumidor, seja produto, seja preço, nesse ambiente de acirramento da concorrência”.
Segundo executivo, o grupo acredita nos papeis dos canais lineares de TV por assinatura e da TV aberta. “Existe uma concorrência pela atenção e pelo bolso do consumidor, o que traz a necessidade de estar sempre revendo estratégias”, disse, mas destacando que “a TV por assinatura tem papel muito importante”.
O streaming trouxe novas experiências para o grupo, que agora começa a lançar novas experiências no ambiente virtual, seja com distribuição própria – como as parcerias com serviços concorrentes e complementares – ou com antigos parceiros que também caminham para distribuição virtual – que é o caso dos streamings das operadoras tradicionais.
O Globoplay, diz Marinho, é parte da oferta, mas não elimina o olhar na multidistribuição e no trabalho em parcerias. “O grande desafio é repensar ofertas e em como torná-las mais competitivas em termos de empacotamento e de preço”, explica. “Já começamos a jornada, mas não concluímos. É uma jornada contínua”.
Para Marinho, a TV linear sempre terá papel relevante nos assuntos que geram conversas, incluindo esportes e jornalismo, mas não restrito a estes gêneros de programação. Uma aposta da Globo está no papel da TV aberta para dar dar início à vida de determinados conteúdos, mas atuando de forma cada vez mais integrada com as outras plataformas, por onde o conteúdo tende a ir posteriormente ou é lançado simultaneamente. “A TV Globo (aberta) tem papel de grande abrangência nacional, ao mesmo tempo em que consegue ser local e regional. É quem vai atingir grandes massas. Continuaremos apostando no investimento de conteúdos para este ambiente cada vez mais”, diz o diretor de canais. “Tem uma evolução de modelos. Com a manutenção da abrangência e alcance e a capacidade de ser ampla e local e incorpora cada vez mais atributos digitais”.
Ele diz ainda que, para as empresas de mídia, a TV linear é quem vai abastecer de conteúdo todo o sistema que engloba as estratégias digitais. “Ampliamos a capacidade de produção. Essa é uma vertente onde a Globo tem diferencial importante”, afirmou no evento.
Internacionalização
O grupo de mídia aposta aposta que o conteúdo local tem grande importância no jogo global, com os grupos internacionais investindo em grande escala. Segundo Marinho, a Globo se posiciona bem nesta frente. “Temos produção em escala com qualidade e relevância no âmbito local”.
Para a exploração internacional, as estratégias dos streamings globais derrubou a barreira da língua caiu, o que reforça a aposta na internacionalização. “A gente consegue ver conteúdos internacionais com aderência em vários locais mundo afora. (A língua) não é mais uma limitação importante”, diz. A principal estratégia do grupo na internacionalização segue sendo a venda do conteúdo mundo afora, com as novelas como carro-chefe, embora ampliando a capacidade de produção de séries. No entanto, esta não é a única estratégia. Além do canal linear internacional, o grupo lançou a Globoplay no mercado americano, sobretudo para brasileiros, e pretende levar o streaming para novos territórios. Além disso, diz Marinho, “podemos ver iniciativas em coprodução”.
Integração
O processo de integração das empresas do grupo, iniciado há 1,5 ano, está em fase adiantada. “Conseguimos integrar e estamos operando desta forma. Tínhamos objetivo claro de buscar mais eficiência, com olhar forte na complementariedade dos nossos produtos e serviços. A gente vem em ritmo forte”, garante Marinho.
Parte da dinâmica de integração das empresas estava em eliminar uma disputa interna nas estratégias dos canais pagos e da TV aberta. Segundo Marinho, a atuação em conjunto tem se mostrado eficiente. “Quando você analisa propriedades como o “BBB” em cada ambiente de consumo, as audiências vêm se ampliando. Tivemos audiência fenomenal no Multishow, na TV Globo, no pay-per-view”, disse. “Quanto mais ambientes de consumo, mais fortalece as audiências individuais”, explica.
Marinho afirmou ainda que a inovação estará mais presente no conteúdo. Na Olimpíada de Tóquio, por exemplo, a Globo começou a oferecer conteúdo 8k em alguns ambientes. O estúdio virtual também foi uma inovação mostrada no evento esportivo.
“Outra frente de inovação é na oferta e nos empacotamentos. Entraremos em novo ciclo: como levar para o consumidor, seja produto, seja preço, nesse ambiente de acirramento da concorrência”, finalizou.
