Paula Diniz, Product Owner na Globo, é atualmente responsável pela execução em tecnologia, da evolução em plataformas e produtos digitais da empresa, com foco em streaming, VOD e canais FAST. Nesta quarta-feira, dia 9 de agosto, ela ministrou uma apresentação no SET Expo 2023 voltada especialmente para o FAST, que são canais que seguem a lógica de consumo do linear, com programação disponível 24 horas por dia, sete dias por semana; entregues por streaming; e gratuitos, financiados 100% por publicidade.
"Conseguimos unir o hábito de consumo tradicional do público, que é assistir TV, com a vantagem do digital, que traz uma série de facilidades, como conhecer melhor o usuário e fazer uma entrega mais personalizada. Além disso, lançar um canal no digital é mais barato, então conseguimos segmentar o conteúdo e ter canais temáticos. Isso agrega valor pro consumidor, que passa mais tempo no canal, uma vez que encontra o conteúdo que gosta, e para o anunciante, que sabe exatamente com quem está falando", pontuou Paula.
No entanto, essa aposta em lançar diversos canais segmentando cada vez mais o conteúdo pode estar perdendo espaço. O mercado FAST está em expansão ao redor do mundo, com os Estados Unidos no topo da tendência, e o que se vê é uma estratégia se transformando. Paula explicou: "Antes, a estratégia consistia em segmentar conteúdo e lançar canal. Hoje, existe uma preocupação maior com o conteúdo que está sendo veiculado nesse canal. Afinal, em um ambiente com milhares de canais, o que é efetivamente conteúdo novo, premium e exclusivo? Esse tipo de conteúdo precisa ser valorizado. Além disso, a existência de muitos canais gera dificuldades para os usuários, que não conseguem encontrar o que querem assistir. Por isso hoje a preocupação gira em torno de uma maior curadoria, lançando menos canais e com conteúdos que de fato sejam relevantes".
Estratégia Globo
Atualmente com dois canais FAST – um de receitas e outro de esportes – a Globo segue o formato que outras mídias também estão explorando, que não envolve produção de conteúdo exclusivo para esses canais, e sim uma curadoria de conteúdos de catálogo, que já foram monetizados e, provavelmente, já se pagaram, e entregá-los no modelo FAST aos usuários.
Desafios
"Esse ecossistema, apesar de estar bem quente, é um pouco complexo", ressaltou Paula. "Ainda precisamos descobrir como todo mundo – o provedor de conteúdo, a plataforma e o anunciante – se junta e cada um ganha sua fatia de dinheiro. Essa questão ainda está sendo fomentada e discutida. Como vender o inventário de um canal FAST, isto é, que plataforma usar e como o anunciante consegue comprar, também é um ponto a ser trabalho", mencionou.
Além disso, existem os desafios tecnológicos. "Quando penso em trazer usuários que antes estavam no linear e agora vão consumir meu conteúdo no streaming, estamos falando de um número muito maior de pessoas conectadas na nossa plataforma de vídeo, o que onera nossa estrutura, especialmente CDN. O público quer a mesma experiência da TV, com a qualidade de exibição que está acostumado. Até porque o modo de consumo é bem parecido, normalmente a pessoa liga a TV, coloca em determinado canal FAST e deixa lá. Esse tipo de consumo reflete na CDN", concluiu.