Operadoras procuram modelos para ofertas OTT

Embora a expectativa tenha sido deembates sobre modelos de negócios para as operadoras combaterem serviços over-the-top (OTT), o debate sobre o tema durante a Futurecom nesta terça-feira, 9, no Rio de Janeiro, mostrou outro lado do mercado: a possibilidade de convivência. De modo geral, as teles – representadas pela GVT, Oi e Telefônica/Vivo – mostraram otimismo em atuar como parceiras de provedores OTT ou atuar elas mesmas como players.

Foi o caso da Claro, que anunciou a sua plataforma de streaming de vídeo, o ClaroVideo, para combater serviços como o da Netflix. A diretora de serviços de valor agregado (SVA) da operadora, Fiamma Zarife, acredita que a grande demanda de banda vai se refletir no consumo de vídeo, que será de 66% do tráfego total da rede em 2015. “Quanto mais se disponibiliza, mais se utiliza”, diz. A resposta a isso também está na infraestrutura. “Saímos de um backhaul de rádio para um de Ethernet, com 88% da rede em IP, tudo baseado em fibra”, afirma.

José Dário Dal Piaz Júnior, da Qualcomm, destaca a explosão do consumo de aplicativos, que transformam pequenos devices em espécies de “canivetes suíços”, e da Internet das coisas, ou seja, a comunicação máquina-a-máquina (M2M). “Uma operadora japonesa nos procurou e nos colocou uma estimativa: o tráfego vai subir mil vezes em um horizonte entre cinco a dez anos”, diz ele. Piaz também vê a realidade de operadoras se transformando em players, oferecendo recursos de mapas, redes sociais e aplicativos. “É um conceito de shopping center”, afirma.

Daniel Cardoso, diretor de planejamento de fibra da Telefônica/Vivo, cutucou a concorrência ao destacar a necessidade da operadora precisar cumprir o prometido, entregando a rede e mantendo seu funcionamento sob grandes demandas. “Não adianta dar de graça e não funcionar, ou funcionar durante pouco tempo e não dar recursos depois”, declarou. Ele interpreta serviços de SMS e de portal de voz como “over-the-telco” e tem opinião semelhante ao da Claro sobre a necessidade de se tornar um player para combater outros serviços OTT, mas ainda não vê uma saída definida. “A gente ainda vai ter que experimentar muitos modelos de negócio”, reconhece.

Pedro Santos Ripper, da Oi, que oferece o servício de streaming de música Rdio, resume a relação entre operadoras e provedores OTT como “três Ps: pacote, preço e pluralidade”, no qual há a necessidade de uma convergência de conteúdo em diferentes plataformas, sejam TVs conectadas ou smartphones e tablets. Além disso, tem o benefício que as próprias teles conseguem com o aumento da demanda, que Ricardo Sanfelice, da GVT, enxerga como uma oportunidade para diferenciação. “Na medida em que isso pressiona nosso custo de rede, isso traz diferenciação porque quem tiver melhor conexão vai ter mais conteúdo over-the-top”, afirma. Como exemplo, a solução de IPTV da companhia da Vivendi conta com uma base de 440 mil assinantes e 45 milhões de streamings de YouTube por mês. “Como deter a avalanche? Não tem como”.

Rohit Puri, da Ernest & Young, confirma que a demanda continuará a crescer. “Os operadores estão muito focados em transações e SMS, mas o que precisa acontecer agora é focar no mercado corporativo”, diz, lembrando sobre o retorno de investimentos. O conselheiro da Anatel Rodrigo Zerbone, por sua vez, reconheceu a necessidade de discussão sobre o tema na agência, mas voltando a celebrar um modelo pacífico. “Não é uma dicotomia porque estão em camadas distintas, pois o histórico da Anatel se baseia em estímulo de competição e no próprio PGMC (Plano Geral de Metas de Competição) este balanço está presente principalmente em redes de nova geração”, explica, dizendo que “há espaço para todos” e que “isso deverá ter um grande círuclo virtuoso e a agência não vê grandes riscos regulatórios”.

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