A Sofa Digital apresentou em evento nesta terça, 9, seu novo negócio, a Sofa Capital, uma gestora de fundos de investimento em conteúdo audiovisual. Na ocasião, a agregadora de dados e conteúdo audiovisual, também apresentou cinco novas produções nacionais da empresa que serão lançadas nos próximos meses. Os lançamentos contaram com investimentos do novo fundo da Sofa.
A ideia é ampliar o apoio às distribuidoras de filmes na América Latina, investindo em produções com potencial de cinema e Premium VOD. A gestora de fundos oferece capital para financiamento de projetos, aquisições, custos de distribuição (P&A) e antecipação de recebíveis de plataformas.
Nos últimos doze meses, a empresa financiou a produção de oito filmes brasileiros, quatro já lançados, e coadquiriu títulos estrangeiros como "Druk (Another Round)", vencedor do Oscar 2021 de Melhor Longa-Metragem Internacional, em parceria com a Vitrine Filmes. O título estreou simultaneamente nos cinemas e em Premium VOD.
A empresa planeja ampliar o número de projetos financiados em 2022, aproximando-se ainda mais do cinema e dos distribuidores locais. Para a agregadora, com janelas mais curtas, a combinação das receitas do cinema e do TVOD – modelo transacional de Video on demand – será a chave para o retorno financeiro dos filmes independentes. "Uma estratégia de lançamentos de grande porte no TVOD é essencial para aumentar o valor de um filme em todas as outras janelas", explica, por meio de nota, João Worcman, Chief Content Officer da Sofa Digital. "Não é mais possível garantir aquisições e lançamentos de sucesso sem uma estratégia baseada em dados e um design de audiência sólido", acrescenta.
A Sofa Capital tem como sócio o gestor Herman Von Uslar. No evento, o gestor explicou que o fundo testou modelos, usando capital próprio, e agora pretende captar e investir US$ 100 milhões por ano. "Testamos os modelos e achamos que temos a capacidade de entregar", disse Von Uslar.
De acordo com o executivo, o modelo de investimento da Sofa Capital será muito importante para a economia das plataformas de VOD da região. "Na América Latina, ninguém consegue pegar um contrato futuro com a Netflix e adiantar em um banco", diz, lembrando que é um modelo comum em alguns mercados. "As plataformas poderão aumentar suas demandas de projetos", completa.
Investimento privado
Segundo Fabio Lima, fundador e CEO da Sofa Digital, a ideia é investir em propriedades intelectuais, com recursos privados, e mantendo a propriedade intelectual com o produtor da obra. Como exemplo, cita a parceria com a Santa Rita Filmes, produtora com a qual já havia produzido dois filmes e investiu em outros dois através do fundo. "O investimento foi do fundo, usando os contratos (de recebíveis) dos outros dois filmes da Santa Rita como garantia. A propriedade intelectual está mantida com a Santa Rita e o filme é 100% financiado pela Sofá Digital", explica. "É uma propriedade preservada e que não depende de um executivo de uma plataforma comprar a ideia", completa.
Aquisição e licenciamento
O braço de aquisições da empresa é o selo Synapse Distribution, marca herdada após a fusão com a Synapse em 2019, que tem foco em filmes para TVOD como primeira janela e de alto potencial de transações. Com os cinemas fechados na maior parte de 2020 e 2021 e diminuição do fluxo de títulos dos parceiros, a empresa foi ao mercado e fez aquisições diretas para manter o fluxo de lançamentos ativo e saudável. Nesse período, a Synapse adquiriu mais de cem filmes, dos quais 82 já foram lançados.
"Já licenciamos 50% de todos os títulos que lançamos no TVOD para um SVOD ou TV paga", conta João Worcman. "No 3º trimestre deste ano, sete de nossos títulos distribuidos chegaram no TOP 10 de mais assistidos da Netflix na América Latina. Apenas dois desses filmes foram de produtores americanos, sendo os outros cinco títulos de Brasil, Holanda, Lituânia e Austrália".
Para apoiar a nova estratégia, a equipe de Sofa dobrou de tamanho nos últimos dois anos e conta com uma equipe de 62 pessoas trabalhando remotamente. Duas executivas de grandes estúdios norte-americanos também se juntaram à organização: Martha Cavalheiro, ex-vice-presidente de Marketing para a América Latina da Twentieth Century Fox; e Andrea Dourado, ex-diretora de Marketing da Sony Pictures Brasil.
"Contamos com uma equipe completa, especializada e engajada, e estamos preparados para ser o principal elo entre a indústria cinematográfica independente e as plataformas", afirma Fabio Lima.
