Hungry Man cria núcleo global de entretenimento

JC Feyer, Alex Mehedff e Gualter Pupo, sócios da Hungry Man Brasil. (Foto: Divulgação)

A produtora Hungry Man anunciará nesta quinta, 11, a criação de um núcleo global de entretenimento, unificando assim as operações de seus escritórios dos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. O novo Conselho do Entretenimento Global reúne executivos dos três países, que passam a olhar para a área de entretenimento de forma unificada, internacionalizando cada vez mais os projetos da produtora.

Apesar da operação unificada, os três escritórios seguem como empresas independentes, cada uma com sua composição societária, explica em entrevista a TELA VIVA, Alex Mehedff, fundador da Hungry Man Brasil e sócio da produtora ao lado dos diretores Gualter Pupo e JC Feyer e do americano Bryan Buckley, criador da Hungry Man em Los Angeles, em 1997. Cada uma das três empresas, conta o produtor, contribui para um orçamento global que vai investir nos projetos de variados gêneros e perfis. "Temos inclusive profissionais contratados por essa estrutura financeira global. Recentemente, fomos a um evento literário mapear obras que gostaríamos de desenvolver", diz.

Com a iniciativa, a expectativa é promover uma troca maior de experiências e, sobretudo, ampliar horizontes ao criar histórias locais com apelo global. "Vamos criar histórias que realmente conversam globalmente. Nosso desejo é, na concepção da obra, olhar para um personagem de uma história brasileira e mapear os pontos da narrativa que vão elevar para a exibição global", conta Mehedff.

Em 2019, a Hungry Man unificou suas áreas de entretenimento (cinema, televisão e streaming) e publicidade, permitindo uma fluidez dos profissionais entre a publicidade e o conteúdo. Até então, equipes distintas tocavam os trabalhos nas duas áreas, mas com diretores que atuavam em ambas. "Se os diretores podem transitar, por que os outros não podem?", questiona o produtor, que disse que percebeu um desejo forte de parte das equipes de produção e finalização de experimentar e de levar conhecimento de uma área para a outra.

Com o núcleo global, a expectativa é permitir esse tipo de troca, mas em um âmbito geográfico e cultural, impactando não apenas no processo criativo, mas na forma de trabalhar. "Na operação global, começamos a nos espelhar, a implantar processos e desenhos únicos e que funcionam em todas as localidades".

Com reuniões virtuais semanais e presenciais pelo menos uma vez por ano, o núcleo tem uma preocupação de não internacionalizar indivíduos, mas o coletivo. Como exemplo, Mehedff menciona um projeto sendo executado com uma grande plataforma de streaming no Brasil. "A parte de dublês e efeitos está vindo de fora para executar no Brasil. O mais importante, eles vêm executar com as pessoas daqui, e não eliminando elas. Estamos trazendo um olhar que não encontramos no mercado brasileiro e a equipe local aprende e usa esse conhecimento para criar em outros projetos", empolga-se.

Com os dois processos de unificação – o primeiro, do entretenimento com a publicidade, e o das operações internacionais – a Hungry Man passa a incentivar cada vez mais que os talentos da equipe tragam seus projetos pessoais para dentro da empresa, resultando em uma fila grande e variada de projetos em execução.

Por meio de nota, os produtores americanos Ben Ellenberg e Branden McClure, que integram a equipe de entretenimento, comemoram a a unificação dos escritórios: "É um luxo termos os nossos escritórios internacionais juntos para aplicar uma perspectiva global à nossa missão. Isso torna a Hungry Man uma das produtoras mais inovadoras e empolgantes da atualidade. Criar um trabalho inovador e emocionante é o objetivo singular da Hungry Man, e sabemos que a única maneira de conseguir isso é confiando nos artistas".

Para o sócio da operação brasileira Gualter Pupo, a criação do núcleo global de entretenimento é uma consequência da trajetória da produtora. "Acreditamos muito no potencial internacional tanto das nossas produções quanto dos profissionais brasileiros. Nosso capital criativo é imenso. Hoje temos diversos projetos em desenvolvimento nos Estados Unidos, Inglaterra e Brasil ultrapassando, rompendo fronteiras", afirma também em nota à imprensa.

Quem é

Em operação nos EUA desde 1997, no Brasil desde 2005 e no UK desde 2001, a Hungry Man é uma das maiores e mais premiadas produtoras do mundo, com mais de 200 Leões no Cannes Lions, mais de 50 do Brasil.

Desde sua fundação, a Hungry Man se destaca no mercado global pelo pioneirismo, com narrativas novas e disruptivas nos mais variados formatos e para todas as plataformas. Em 2004, quando só se filmava em película (35mm ou 16mm), a produtora realizou a primeira campanha em formato digital, criada pela agência CP+B Miami e dirigida por Bryan Buckley, filmada no Rio de Janeiro: Mini Cooper Counterfeit. Esta campanha foi a primeira a receber um dos prêmios mais importantes do Cannes Creative Festival – o Titanium Lions, em 2005, ano de estreia deste prêmio no festival.

A produtora também tem em seu DNA projetos de impacto global, que abordam temas urgentes e relevantes. Junto com a organização Change the Ref, que tenta apoio da população e do congresso para restringir a venda de rifles semiautomáticos nos balcões dos supermercados nos Estados Unidos, a Hungry Man assina o projeto "NRA Children's Museum", criado pela produtora e codirigido por Bryan Buckley e JC Feyer. No projeto, 52 ônibus escolares circularam juntos pelas ruas de Houston, no Texas, em direção à casa do senador Ted Cruz, que apoia e recebe dinheiro da indústria armamentista. Os 52 ônibus representavam todas as 4.368 crianças que morreram baleadas por rifles semiautomáticos nos EUA só naquele ano. Também foi criado um museu sobre rodas com objetos das crianças que foram assassinadas. Filmado ao vivo, o projeto internacional foi coproduzido pela Hungry Man US, Brasil e Reino Unido.

Outro destaque deste ano é o documentário "Right to Race", que estreia no Dia Internacional do Refugiado, 20 de junho, no canal Eurosport. Escrito e dirigido por Richard Bullock e produzido por Hannah Stone e Matt Buels, o filme foi rodado em diversas locações na Europa (entre elas Zurich, St Gallen, Copenhagen, Monaco, Genebra e Paris). A produção acompanha a jornada do atleta Dominic Lokinyomo Lobalu desde 2019, quando ele fugiu da Equipe de Atletas Refugiados (ART) durante a Maratona de Genebra e pediu asilo na Suíça. Nascido no Sudão do Sul e refugiado no Quênia desde os 8 anos, Dominic agora vive na Suíça, onde foi treinado por Markus Hagmann e, em um curto período de tempo, tornou-se um dos melhores atletas de elite da atualidade. No entanto, sua condição de refugiado sem cidadania suíça não permite que ele compita em nível global no Atletismo Mundial ou se classifique para as Olimpíadas, nem volte a competir pela ART, já que fugiu enquanto viajava com eles. O documentário revela a história de Dominic como refugiado, tentando encontrar um lar em um novo país, sua jornada como atleta de elite e seu relacionamento em constante evolução com seu treinador, enfrentando obstáculos na luta pelo seu direito de competir.

A campanha mais premiada do mundo em 2022 foi "The Lost Class", desenvolvida pela Hungry Man também em parceria com a organização Change the Ref. Dirigido por Bryan Buckley, o filme leva o espectador a uma gigantesca cerimônia de formatura onde não há público, apenas milhares de cadeiras vazias representando os mais de 3 mil alunos americanos mortos, vítimas de ataques com armas de fogo. Entre os prêmios, destaque para quatro CLIO's, o Black Cube nos prêmios ADC, dois Black Pencils de D&AD, Best of Show no The One Show e um Titanium no Cannes Lions, além de ter sido indicado ao Emmy.

Neste ano, a campanha "The Cost of Gold", realizada pela Hungry Man em parceria com a agência DM9, teve repercussão internacional ao fazer um alerta para a crise humanitária dos povos indígenas devido ao garimpo ilegal do ouro. Com direção de Hanna Batista, o filme traz o líder da Urihi Associação Yanomami, Junior Hekurari Yanomami (foto), que faz um apelo na língua yanomami para o fato de que o ouro, para os indígenas, para a floresta e para as criaturas que habitam a Amazônia "significa morte e destruição". A peça também convida os espectadores a acessarem um site e a "repensar o valor do seu ouro". O conteúdo traz uma calculadora digital, que destaca o impacto social e natural de cada grama de ouro ilegal para a Floresta Amazônica e para o povo Yanomami.

Cinema brasileiro

Entre os projetos da Hungry Man que chegarão em breve às salas de cinema, os destaques são dois longas de ficção. Com direção de Gualter Pupo, "Cansei de Ser Nerd" é uma coprodução Hungry Man, A Fábrica, Paramount Pictures e Telecine. Com filmagens confirmadas para o segundo semestre de 2023, o longa é estrelado por Fernando Caruso, que interpreta Airton, um nerd que sofreu muito bullying na escola. Anos depois, numa festa de reencontro, ele é recebido como herói pelos colegas que o infernizavam. Airton vai ter a chance de finalmente ser aceito, além de resolver um mistério sombrio do passado e conquistar, finalmente, a mulher que ama desde os tempos de estudante. Mas vai descobrir que os estudantes populares, que o receberam tão bem, são satanistas. E querem sacrificá-lo. A comédia chega aos cinemas em 2024, com distribuição da H2O Films.

O longa "Tempos de Barbárie – Ato 1 Terapia de Vingança", suspense dirigido por Marcos Bernstein, e estrelado por Cláudia Abreu. Durante uma tentativa de assalto, a filha da advogada Carla (Cláudia Abreu) é baleada e fica em estado grave. Sem respostas, Carla tenta seguir a vida buscando ajuda em grupos de apoio. Sem conseguir aceitar o destino da filha e a falta de soluções por parte da polícia, transforma a busca por justiça em uma procura por vingança e testa o seu próprio limite para ver até onde poderia ir. A data prevista para lançamento nos cinemas é 10 de agosto, com distribuição da Paris Filmes. A produção é da Hungry Man, Pássaro Films e NeanderthalMB.

Acervo

Longas:

  • "Tempos de Barbárie – Ato 1 Terapia de Vingança" (ficção), de Marcos Bernstein, 2019, lançamento nos cinemas em 10 de agosto 2023;
  • "Cansei de Ser Nerd" (ficção), de Gualter Pupo, coprodução A Fábrica e Telecine – filmagem 2023, lançamento 2024;
  • "Pirates of Somalia" (ficção), de Bryan Buckley, 2017 (US);
  • "Minotauro" (documentário), de JC Feyer, 2016;
  • "Os Suburbanos" (ficção), de Luciano Sabino, 2018;
  • "A Divisão" (ficção), de Vicente Amorim, 2018;
  • "Foro Íntimo" (ficção), de Ricardo Mehedff, 2018, coprodução Vitrine Filmes;
  • "'87" (documentário), de Ben Friend e Jim de Zoete (UK);
  • "Black Ice" (documentário), escrito e dirigido por Richard Bullock (UK).

Séries de ficção:

  • "Terminadores", de Gualter Pupo, 2014, exibição TNT, Band e Netflix;
  • "Os Suburbanos", de Luciano Sabino, 6 temporadas no Multishow, 2013-2018;
  • "Seis na Ilha", de Ricardo Mehedff, infantil, exibição TV Brasil 2023;
  • "O Renegado", de Heitor Dhalia, 2019, Globoplay;
  • "A Divisão", de Vicente Amorim e Rodrigo Monte, Multishow (1ª temporada);
  • "Adorável Psicose", de Guga Chermont, Multishow, cinco temporadas;
  • "Procurando Casseta & Planeta", de Gualter Pupo, duas temporadas no Multishow, 2016-17.

Séries documentais:

  • "Carl Sagan", coprodução Hungry Man US e NatGeo, 2023;
  • "Fé no Mundo", de Alberto Renault, GNT, 2019;
  • "Palavras em Série", de Alberto Renault, GNT, 2018 (indicada Emmy Internacional);
  • "Costanza Pascolato", de Alberto Renault, GNT, 2018;
  • "Muitos Anos de Vida", de Alberto Renault, GNT, 2017;
  • "Casa Brasileira", de Alberto Renault, 8 temporadas no GNT, 2012-2017;
  • "Morar Mundo", de Alberto Renault, GNT, 2016;
  • "Deu na Telha", de Alberto Renault, GNT, 2016;
  • "Morar", de Alberto Renault, GNT, 2016;
  • "Arte Brasileira", de Alberto Renault, GNT, 2016;
  • "Zona de Conflito", de Andre Pupo, History Channel, 2015;
  • "Primeira Pessoa", de Alberto Renault, GNT, 2014;
  • "Base Aliada", de Alberto Renault, GNT, 2013;
  • "Chefs Brasileiros", de Alberto Renault, GNT, 2018;
  • "Caminho Zen", de Alberto Renault, GNT, 2019.

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