"A distribuição hoje deve ser analisada caso a caso", diz executivo da Imagem Filmes

Jefferson Pugsley é Head of TV Sales Distribution Latam da Imagem Filmes e nesta terça, 11, comandou o talk "Como otimizar a monetização do conteúdo em todas as janelas" no RioMarket, área de negócios do Festival do Rio. Na apresentação, Pugsley falou sobre como o mundo do audiovisual mudou em resumidamente três passos: a transformação digital, a consolidação dos modelos de negócio e os hábitos de consumo, que seguem em uma transformação praticamente diária. "A partir daí, precisamos repensar a distribuição, e esse é um trabalho que deve ser feito todos os dias", definiu. 

O executivo apresentou uma linha do tempo da evolução das janelas, que passa pelo VHS, transacional e a chegada do SVOD, que se desdobrou ainda em diferentes modelos. "Quando o SVOD surgiu, o mercado demorou a entender a mudança que viria. A pandemia, que ocasionou o fechamento temporário das salas de cinema, veio para consolidar uma disrupção total dos modelos que já vinha acontecendo. Moveu o mercado para uma revisão completa, e que ainda é incerta", observou. "As diferentes janelas foram surgindo para que nós pudéssemos vender diversas vezes o mesmo produto, garantindo um valor recorrente, um payback", acrescentou. 

Se antes as obras precisavam estrear diretamente nos cinemas, hoje a regra não é necessariamente mais essa. "O tempo que as obras ficavam em cartaz no cinema também está diminuindo cada vez mais. O conceito de white space, por exemplo, que era o tempo entre o filme sair de cartaz e chegar a uma segunda janela sumiu. Por isso, às vezes, cruzar uma fronteira na distribuição pode ser muito necessário. Criar novos formatos é fundamental em um mercado totalmente em transformação e ebulição como nós estamos vivendo", pontuou. "O que vem mudando é a forma como as pessoas consomem os conteúdos. No pós-pandemia, as janelas colapsaram. Não existe mais uma regra geral, a distribuição deve ser analisada no caso a caso. Não é um ciclo igual para todas. Cada estúdio, inclusive, tem uma estratégia diferente. A Disney, por exemplo, lança nos cinemas e 45 dias depois na plataforma de streaming própria, e não vende para mais ninguém", citou. 

Pugsley reforça que o ambiente de hoje é extremamente fragmentado, e que o poder de atração de determinado conteúdo migra de janela em janela. "Tem muita coisa que acontece depois do cinema, muitas possibilidades. Dentro das grandes janelas de TV linear, Free TV e OTT, existem várias subdivisões. OTT, por exemplo, tem opções pagas, de SVOD e TVOD, e as 'ad supported', AVOD e FAST. Além disso, existe o formato 'híbrido', como YouTube TV. Agora, estamos vendo uma evolução, com plataformas de SVOD indo para o híbrido. Isso porque a conta não fecha mais e produzir tanto custa muito caro", disse. 

Os meios de distribuição precisam sobreviver. Nesse sentido, o executivo destaca o espaço que o AVOD tem conquistado, com projeção de gerar 259 bilhões de dólares de receita em 2025. Hoje, de cada 100 dólares gastos nos Estados Unidos com mídia por empresas médias, 29,5 vão para a TV tradicional e mais da metade, 54, pro digital. "A busca por anunciantes é latente. Vai ter muito dinheiro indo para esse meio no Brasil muito em breve", apontou. 

Resumidamente, quem quer remunerar os produtos da maneira mais efetiva precisa trabalhar seu "life cycle" dentro de cada janela. O processo passa por uma etapa inicial de maximização de resultados, depois vai para a negociação dos períodos de licença, para maximização da distribuição (quando não tem mais exclusividade), para a exposição massiva (na free TV) e, por fim, para todas as linhas de catálogos, incluindo SVOD. 

"Buscar um distribuidor competente é essencial, isto é, alguém que entenda bem do assunto, tenha os contatos. O consumidor está mudando a cada minuto, mas o que sabemos é que ele é imediatista, quer tudo pra já, vive consumindo em duas telas ao mesmo tempo, sendo que antes a primeira era a TV e a segunda, o celular, e hoje isso já inverteu. Temos que estar preparados para esse consumidor. A forma é crescer com estratégias bem definidas. O que nos trouxe até aqui não é o que vai nos levar para frente. É necessário ter um olhar macro para os lugares onde o produto vai estar, sempre lembrando de analisar cada filme de forma individual", concluiu. 

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