Gullane quer expandir produção de conteúdo para TV e branded content

“O grande desafio foi colocar uma história vibrante e emocionante no formato de 10 minutos. Toda a equipe de roteiristas trabalhou muito para ter todos os elementos da dramaturgia nesses episódios”, diz o produtor Fabiano Gullane.

No próximo dia 27, chega aos cinemas brasileiros o longa-metragem "Que Horas Ela Volta". Produção da Gullane, o filme recebeu prêmios internacionais nos festivais de Sundance e Berlim, e já foi vendido para 25 países. Ao lado de títulos como "O Lobo Atrás da Porta", comercializado em dez países, "Amazônia" (60 países) e "Até Que a Sorte Nos Separe 2", que ultrapassou os 4 milhões de ingressos vendidos, a obra integra uma lista de filmes da produtora que alcançaram bons resultados nos últimos dois anos.

De acordo com o sócio fundador Fabiano Gullane, a produtora cresceu entre 17% e 21% ao ano nos últimos cinco anos. Com lançamentos importantes programados para 2015 como "Tudo que Aprendemos Juntos" e "Desculpe o Transtorno", a Gullane espera repetir 2014 e aumentar o faturamento em 20%. A estratégia adotada ao longo dos últimos anos, explica Gullane, foi desenvolver um portfólio diversificado combinando três tipos de obras: filmes brasileiros com grande potencial de exportação, filmes brasileiros com potencial para grandes bilheterias nacionais e coproduções internacionais. "Esses foram dois anos muito positivos para a Gullane, nos quais conseguimos colocar em prática nossa crença em um cinema plural. Foram dois anos muito movimentados", diz o produtor.

Para os próximos anos, a produtora quer manter a expansão de produção e receita. Para isso, explica Gullane, o plano é diversificar sua atuação, explorando mais a produção de conteúdo para TV e branded content. "Talvez no cinema já estejamos perto de um limite no qual conseguimos manter a qualidade e a performance comercial. Agora, na televisão, a gente ainda tem muito espaço para crescer. Há também outro mercado que tem sido muito comentado mas pouco acionado que é o branded content. É uma especialização que estamos buscando para colocar nosso conhecimento de conteúdo nessa nova modalidade. Essa é uma tendência que já está muito sacramentada em outros países e deve chegar com muita força aqui". avalia.

Cenário favorável

Gullane destaca que a boa fase da produtora deve-se, em grande parte, a um ambiente favorável de investimentos que o setor desenvolveu ao longo dos últimos anos. "Acho que a gente vem, desde o começo dos anos 90, amadurecendo a indústria cultural no audiovisual. Esse amadurecimento se deu por vários fatores, que incluem gestores públicos competentes, produtores e mercado organizado, demanda do público e modernização de TVs paga e aberta no sentido de procurarem oxigenar seu conteúdo com a produção independente", avalia o produtor.

Segundo ele, a diversidade de modelos de financiamento disponíveis no Brasil possibilitou que produtoras independentes conseguissem se organizar e planejar melhor suas produções. "Poucos países contam com esse cenário, com modelos de financiamento e fomento em níveis municipal, estadual e federal. Contamos com uma série de políticas competentes que se aprimoraram ao longo dos anos. Nesse cenário, vemos surgir uma produção cada vez mais diversificada e a Gullane está entre as produtoras que lideram esse movimento".

Crise e maturidade

De acordo com Gullane, o mercado já sente reflexos da crise no financiamento de projetos. "Infelizmente vivemos um momento de crise financeira e política muito sério. Os recursos que viriam das empresas via leis de incentivo – como Lei do Audiovisual, Rouanet e Proac – reduziram entre 30% e 40% nos últimos dois anos porque as empresas não estão investindo". Os efeitos dessa redução, avalia, serão sentidos pelo mercado principalmente ao longo de 2016 e 2017, uma vez que as produções de 2014 e 2015 já estavam financiadas.

Ainda assim, o produtor mantém uma perspectiva otimista para o mercado nos próximos anos. Para 2016, a Gullane já tem planejado uma série de lançamentos para cinema, incluindo "Até que a Sorte nos Separe 3", "Rei das manhãs", "Como Nossos Pais" e "O Olho e a Faca". "Mesmo nesse contexto de crise estamos sendo bem sucedidos no nosso financiamento. Estamos realizando um trabalho muito forte de pós-vendas, para que marcas e produtos enxerguem no cinema uma plataforma de comunicação", diz.

Ele destaca, ainda, o recente crescimento do público nos cinemas e da base de assinantes na TV por assinatura. "Num momento de crise, o cinema acaba sendo uma opção viável de entretenimento para a família. Estamos testemunhando um crescimento do público ano a ano. Além disso, nos últimos anos, a base de assinantes na TV por assinatura cresceu em ritmo muito acelerado. Apesar da recente estagnação, já temos uma base muito maior que há dez anos atrás.", avalia.

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