Na negociação entre a Net Brasil e as operadoras associadas uma grande mudança deve ser vista, além, é claro, do fim da indexação ao dólar: a Net Brasil deverá oferecer uma nova opção de empacotamento, destinada sobretudo ao combate do churn. Será a primeira vez que isso acontece desde a criação do pacote Standard, que era voltado ao público de menor renda e que foi aposentado, por enquanto, justamente por trazer consigo um alto risco de inadimplência. O novo pacote ficará em um nível mais elevado, e deverá ser utilizado como opção sobretudo aos assinantes do Advanced (mais caro).
Problema imediato
O churn em 2003 deve ser, para os operadores de TV paga, um problema ainda mais sério por conta da inflação. As assinaturas são corrigidas em junho pelo IGP-M, que deve girar entre 15% e 20% por conta do salto inflacionário do segundo semestre de 2002. Se o reajuste for integral, cresce, naturalmente o risco de inadimplência. Ao mesmo tempo, crescem os custos dos operadores, pois os novos contratos com os programadores também estão relacionados ao IGP-M.
Em momentos de dólar em queda, como o atual, é grande a tentação de simplificar a conta e achar que o reajuste pelo IGP-M acabou sendo mau negócio nos contratos entre programadores e operadores. Mas a conta é mais complexa. De junho 2002 até o pico da desvalorização cambial (em outubro), a moeda brasileira perdeu quase 35% de seu valor. De junho de 2002 até aqui, a desvalorização é de cerca de 23%. E de fevereiro de 2001 (quando começou a segunda grande escalada do dólar) até aqui, a desvalorização foi de mais de 40%.
