América Móvil deve vender ativos para um só comprador

A venda de ativos do grupo América Móvil (AMX) no México para deixar a posição de detentora de mercado dominante no México e, assim, se adequar às novas regras da agência reguladora local, o Instituto Federal de Telecomunicaciones (IFT), deve ter um endereço só: uma companhia estrangeira. Em entrevista à agência de notícias Reuters na sexta-feira, 11, o dono do grupo, o bilionário mexicano Carlos Slim, afirmou que o comprador "provavelmente" não seria local, e que a venda para uma única empresa "faria sentido".

Slim não é citado na reportagem falando de um potencial comprador específico, mas a agência especula dois candidatos: a norte-americana AT&T e a espanhola Telefónica. Vale lembrar que a AT&T deixou em junho sua participação de 8,27% (representando 23,81% das ações votantes) na AMX para poder concluir a compra da DirecTV sem restrições por parte dos órgãos reguladores. Na ocasião, o grupo mexicano afirmou que iria comprar as ações de volta por meio das subsidiárias Inmobiliaria Carso e Control Empresarial de Capitales.

Já a Telefónica atua no mercado de telefonia móvel no México com a marca Movistar e poderia se beneficiar com o negócio para avançar no setor, atualmente dominado pela subsidiária da AMX, a Telcel, que detém cerca de 70% do mercado. À agência de notícias, Slim disse não ter preferências por grupos interessados.

O empresário ainda procurou esclarecer que a venda de ativos no México não incluiria torres de telefonia móvel, contrário ao que sugere o comunicado oficial. De acordo com ele, essas torres serão apenas "separadas", e não vendidas. A ideia, segundo ele, é "abrir" esses ativos para que sejam alugados por outras empresas.

Outros mercados

Um dos destinos da injeção de capital que será obtida com a venda de ativos será o Brasil, onde a América Móvil controla Claro, Embratel e Net. O bilionário mexicano evitou especular sobre uma possível consolidação do mercado, dizendo apenas que acredita que ter 25% de participação no País é "muito pouco", mas que pretende crescer organicamente.

Ele acredita em oportunidades brasileiras, e isso pode indicar uma nova direção para a AMX. Com a venda de ativos para se afastar da posição de mercado dominante no México, é possível que a maior operação do grupo se torne o Brasil. Atualmente, as receitas acumuladas no mercado brasileiro no primeiro trimestre deste ano foram de US$ 3,865 bilhões, enquanto o desempenho doméstico foi de US$ 5,227 milhões.

Os planos para a Europa são diferentes e envolvem crescimento inorgânico. Carlos Slim confessou que a intenção de compra da holandesa KPN foi uma tentativa de se precaver, antecipando as mudanças regulatórias no México. A oferta foi recusada, o que fez a companhia mexicana a procurar outro alvo: a Telekom Austria. A transação para deter o controle da operadora austríaca foi anunciada em julho.

Outro plano de investimento de Slim é nos Estados Unidos, aumentando sua participação no The New York Times Co. dos 8% atuais para 17%. Isso seria conseguido com a conversão da dívida em ações que o grupo de mídia norte-americano tem com o mexicano.

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