Nesta semana, a Netflix estreou sua primeira série de animação brasileira. "O Menino Maluquinho", uma adaptação do clássico da literatura infanto-juvenil nacional, escrito por Ziraldo, está disponível na plataforma desde a última quarta, 12.
Esta é a primeira vez que a obra vira série em animação. Nessa versão, conta com novos personagens e um enredo que inclui temas contemporâneos ao universo de "O Menino Maluquinho", que também já foi retratado em filmes e quadrinhos. Desde o seu lançamento na década de 1980, os livros de Ziraldo foram publicados em mais de dez países e venderam mais de 4 milhões de cópias, permanecendo na memória afetiva dos brasileiros.
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"Os desafios de transpor esse clássico para uma obra audiovisual foram muitos, já que o livro original foi lançado nos anos 80 e muita coisa mudou desde então. Hoje, somos um novo Brasil, em um novo momento histórico, com seus próprios desafios", pontuaram Carina Schulze, showrunner e produtora da série, e Rodrigo Olaio, produtor, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. "Outra coisa que mudou muito foi a maneira como as crianças consomem conteúdo. Então, nosso foco foi fazer um mergulho profundo nas obras do 'Menino Maluquinho' para entender qual a essência desse personagem tão amado, o porquê de ser até hoje um livro tão lido, citado e lembrado com tanto carinho. Nessa busca, descobrimos que ele não é um menino 'maluquinho', e sim um menino comum, com uma imaginação sem limites e com uma vida cheia de infinitas possibilidades. Quando a gente é criança, o mundo é expansivo, sem limites e fronteiras. Tudo é possível. É essa sensação que estamos trazendo para a série, e que é a mesma do livro original", completaram.
A partir daí, os produtores, considerando as crianças de hoje e o jeito que elas assistem séries de animação, tomaram algumas decisões, como aumentar bastante o ritmo – muita coisa acontece em um único episódio – e trazer uma equipe de roteiristas engraçados, alguns comediantes, a fim de contar com "piadas atuais e bem brasileiras", como definiram. "A gente espera que os adultos acompanhem os filhos assistindo, e alguns que já são fãs antigos do 'Menino Maluquinho' também darão risada e se irão se divertir com as piadas", apostaram. "Outro elemento incrível foi refletir toda a diversidade do Brasil tanto dentro da série, com os personagens, quanto por trás das telas, na equipe. O resultado é uma pluralidade e riqueza de experiências. Como nossa produção foi 100% virtual por conta da pandemia, a gente pode trabalhar com pessoas de todo o Brasil, de Norte a Sul, e pedimos para cada um trazer um pouco de suas vidas para dentro da série", contaram.
O personagem do Menino Maluquinho foi criado nos anos 90 – por isso, existiu uma preocupação em dar uma roupagem mais moderna à história e às situações que ele vive: "A gente teve que pensar muito em conversar não somente com os fãs do livro original, mas também com as crianças e os adultos de 2022. Mas não queríamos perder a essência do Menino Maluquinho do grande Ziraldo. Então fizemos um estudo enorme sobre a obra completa, passando pelo design gráfico, ilustrações, caricaturas, quadros, gravuras, tipografias e fomos muito além do 'Menino Maluquinho' para fazer qualquer tipo de reestilização do personagem. Na série, há uma amálgama de elementos muito clássicos brasileiros – como uma Carreta Fantasma e um ET que fez uma visita à cidade do Maluquinho – além de questões muito atuais, como saúde mental, lidar com o divórcio dos pais, preocupação e proteção da natureza, valorização da ciência e a celebração da cultura e diversidade brasileiras".
Por fim, os produtores analisam: "Ziraldo é um dos autores e artistas mais influentes do país até hoje. Sua obra está em todo lugar, e ele foi responsável por criar uma identidade brasileira muito forte. A época que o 'Menino Maluquinho' foi criado também foi muito significativa, era um momento de transição para o país. O personagem é um agente de mudança positiva e uma celebração da nossa liberdade e expressão artística. É uma honra participar desse projeto e esperamos que o 'Menino Maluquinho' seja, agora, celebrado no mundo inteiro".
Com produção da Chatrone para a Netflix, "O Menino Maluquinho" tem adaptação de Carina Schulze e Arnaldo Branco, direção de Beto Gomez e Michele Massagli, direção de arte de Beta Kruger e Walkir Fernandes e direção de animação de Fits. Gustavo Suzuki é o roteirista-chefe.