Documentário "Krenak" chega ao Curta!

Krenak significa "cabeça na terra". E é sobre o pertencimento à terra – e ao que nasce e jorra dela – que trata o documentário "Krenak", de Rogério Corrêa, que chega ao Curta! nesta sexta-feira, dia 21 de janeiro, às 22h40. O filme, que tem realização do Itaú Cultural, mostra a experiência coletiva do povo Borum, como se autodenominam os Krenak, que também são conhecidos como Botocudos, apelido jocoso dado pelos portugueses devido ao costume de usar botoques nas orelhas e na boca.

A existência dos Krenak está profundamente ligada à luta pela vida, após constantes massacres que a etnia vem enfrentando desde a chegada dos colonizadores. Hoje, estão concentrados em Minas Gerais, às margens do Rio Doce. Assim como o rio, foram terrivelmente afetados pela depredação ambiental e o avanço dos empreendimentos que exploram o curso fluvial, sobretudo pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. A vida do povo Krenak mudou radicalmente após a tragédia. "Nesse dia que desceu água, e eles (os indígenas) viram os peixes descendo mortos, todo mundo chorou", conta Manelão Pankararu, que vive no território Krenak.

No filme, é chegada a vez dos Krenak contarem sua história, disputando, enfim, a narrativa canônica vigente, contada pelos brancos. Trata-se de história carregada de dor, tristeza e desrespeito aos direitos humanos, mas também de resistência e amor pela terra e pelo rio.  Além dessa viagem através dos acontecimentos, o espectador entra em uma jornada pelo território Krenak – ambas conduzidas por Douglas Krenak, jornalista e liderança indígena. "Hoje, a gente vê terra para gado, para café (…). Mas antigamente, isso aqui era tudo mata, Mata Atlântica mesmo", conta o indígena, diante de uma parte do território já devastado.

Além do depoimento de Douglas, outros indígenas Krenak de diversas idades falam do que viram e ouviram; entre eles, a autora e ativista Shirley Krenak. O documentário também se baseia em um rico material de arquivo, com imagens e vídeos, e traz depoimentos de historiadores e especialistas, como a antropóloga Vanessa Caldeira e a psicanalista Maria Rita Kehl.

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