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Documentário sobre influencers surdos estreia no GNT em celebração ao Dia Nacional do Surdo 

Cena do documentário "Surdes" (Foto: Divulgação)

À 0h15 do dia 25 de setembro, segunda-feira, o GNT exibe o documentário “Surdes”, uma coprodução entre o canal e a Na Lata Filmes, dirigida por Carol Argamim Gouvêa e Thays Prado. O filme estará disponível no Globoplay a partir do dia 26, Dia Nacional do Surdo. “Surdes” acompanha o dia a dia de seis influenciadores surdos que usam a internet e a arte para inspirar a comunidade surda a criar estratégias e ocupar espaços em um mundo feito prioritariamente para ouvintes. Tendo Libras (Língua Brasileira de Sinais) como língua principal, o filme traz legendas em português e convida a audiência ouvinte a abrir mão de seus privilégios e mergulhar por 73 minutos no universo das pessoas surdas. 

No documentário, Gabriel Isaac (@isflocos), Tainá e Andrei Borges (@Visurdo), Kitana Dreams (@kitanadreams), Catharine Moreira (@cathyfofa) e Leonardo Castilho (@leocastilho) estão prestes a começar um novo projeto criativo. Enquanto o público se envolve com o desenrolar dos projetos, também mergulha em suas experiências individuais em relação à família, gênero, raça e sexualidade, e entende como eles e elas se tornaram uma inspiração tanto para a comunidade surda quanto para a ouvinte. 

“Em 2017, exibi meu primeiro curta documentário, ‘Recomeços: sobre mulheres, refúgio e trabalho’ à equipe do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Um psiquiatra me mostrou o trabalho intercultural maravilhoso que desenvolviam ali, focado em surdos e pessoas refugiadas – ambos minorias linguísticas no Brasil e que, por não terem o português como primeira língua, precisam de todo um trabalho de interpretação de língua e cultura quando buscam apoio de saúde mental. Aquela explicação me abriu um novo universo: o da surdez como identidade, cultura, comunidade, com sua língua própria e sua maneira única de entender e se relacionar com o mundo”, contou Thays Prado em entrevista para TELA VIVA. 

A diretora disse que mais tarde, em março de 2018, a equipe da Na Lata Filmes a procurou para pensarem juntos em filmes para o público jovem. “Contei desse tema que me atravessava e eles, que já haviam feito vídeos para o app Hand Talk e tinham uma pessoa na família com perda auditiva severa, se revelaram o time perfeito para o projeto”, afirmou. “Na nossa pesquisa coletiva, descobrimos e nos fascinamos com o mundo dos artistas e influencers digitais surdos. Carol e eu começamos a estudar Libras. Batemos na trave em diversos editais, fomos a feiras com distribuidoras que nos diziam que a ideia do documentário era boa, mas ‘não vendia’. Até que em 2021 o GNT abriu uma chamada de projetos, nós passamos e, finalmente, conseguimos os recursos para realizar o filme”, completou Thays, que ressaltou: “Sempre tivemos consciência de que somos duas mulheres ouvintes escrevendo e dirigindo o ‘Surdes’. Então, para nós, foi muito importante contarmos tanto com uma consultoria de uma mulher surda quanto dividir com cada um dos personagens desde a primeira versão da ideia até a última versão do roteiro e co-criar com elas e eles as suas histórias”. 

Reflexões sobre o tema 

Carol, que divide a direção do longa com Thays, também em entrevista para TELA VIVA, reforçou que a comunidade surda é enorme, muito forte e presente em todo o Brasil. “Nós, como ouvintes, não prestamos muito atenção nela, não entendemos as milhares de pautas urgentes e super óbvias. Não nos esforçamos para incluí-la. Desde o começo do projeto, o que a gente mais ouvia era: falta informação para os surdos. E a gente achava até exagero no começo, mas é uma verdade inquestionável. Os surdos falam outra língua. Pouco material do governo ou informações de saúde, por exemplo, são feitos direcionados a eles. Surdo não pode assistir a sequer um filme nacional no cinema – já viu filme nacional com legenda?”, questionou. “Nós tivemos que estudar Libras e aprender sobre a comunidade durante dois anos para fazer o filme e, mesmo assim, sabemos muito pouco. É um universo enorme, com uma cultura incrível, e que todos devem conhecer melhor”, pontuou. 

Expectativas para o lançamento 

Thays contou que, quando o “Surdes” foi exibido no Festival Rio LGBTQIA+, a sala estava lotada de surdos, que nunca têm a chance de assistir a filmes nacionais pela falta de legendas e quase nunca se veem representados em filmes, especialmente de uma maneira positiva. Por isso, ela destacou que a maior expectativa com a estreia é que a comunidade surda possa desfrutar de um filme majoritariamente em Libras, que retrata surdos extremamente criativos e potentes. 

“Também temos a expectativa de que o público ouvinte possa abrir mão de seus privilégios por 73 minutos – para começar – e se permitam assistir a um filme em Libras e ler as legendas em Português. Pode ser incômodo no começo, mas a gente faz isso o tempo todo quando o filme é em outro idioma oral. O ‘Surdes’ é um convite para que as pessoas ouvintes possam se permitir acessar o universo desses personagens que representam a comunidade surda. Outra expectativa é a de que mais e mais filmes sejam feitos pela comunidade surda daqui pra frente. Que haja apoio, incentivo, informação e formação acessíveis para que a comunidade surda, que já produz tanto conteúdo artístico e digital, possa realizar os filmes que desejar”, acrescentou. 

“Filmes em Libras são extremamente raros na televisão brasileira. É realmente um acontecimento, algo que acreditamos que pode deixar um legado. Queremos que a TV entenda que existe espaço para a comunidade surda, e que ela também consome conteúdo – e que está ávida por se ver representada”, complementou Carol. 

Próximos projetos 

Esse é o primeiro longa-metragem documental de Carol Argamim Gouvêa e Thays Prado – que, conscientes de seus privilégios de mulheres cis, brancas e ouvintes, estão comprometidas em usar o audiovisual para lançar luz a temas sociais urgentes e, muitas vezes, invisíveis. Nesse sentido, Carol adiantou: “Aqui na Na Lata Filmes a gente trabalha com audiovisual de impacto social, então estamos sempre buscando temas que precisam ser discutidos, e temos alguns projetos em fase de desenvolvimento”. 

Já Thays revelou: “Nas próximas semanas, estou lançando um projeto chamado ‘Feminist Futures’ (‘Futuros Feministas’), em que reúno mulheres de vários países da Maioria Global para co-criarem ficções feministas, com o uso de técnicas de futurismo. Quero continuar contribuindo para que as vozes das mulheres – especialmente aquelas que correm o risco de serem deixadas para trás pelos sistemas opressores – possam ecoar e se transformar em histórias que precisam ser contadas”. 

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