Com produção colaborativa e remota "Álbum em Família" tem sua coroação com a seleção para Gramado

Criado, produzido e finalizado remotamente durante a pandemia, "Álbum em Família" teve a sua coroação com a participação na mostra competitiva do 49º Festival de Cinema de Gramado. "O fato de ter sido feito de forma colaborativa e remota não quer dizer que não tenha sido profissional. A seleção para Gramado veio confirmar a qualidade técnica", diz a produtora do filme Clélia Bessa.

Os desafios da produção são reais e ao mesmo tempo tema da comédia escrita e dirigida por Daniel Belmonte, com produção de Clélia Bessa e Marcos Pieri, da Raccord Produções. Com Otávio Muller (foto), George Sauma, Valentina Herszage, Ravel Andrade, Cris Larin, Eduardo Speroni, Kelson Succi e Dhara Lopes e participações como Renata Sorrah, Lázaro Ramos e Tonico Pereira, o filme – uma paródia da peça "Álbum de Família", de Nelson Rodrigues – parte do confinamento das pessoas com suas próprias famílias para questionar a ideia da família tradicional brasileira.

Confinado em casa por causa da pandemia, um grupo de atores e atrizes busca soluções para ensaiar a peça de Nelson Rodrigues, e para contornar o fato de ninguém poder se encontrar. Daniel, um diretor, tem uma ideia: fazer um filme sobre a tentativa de fazer a peça, à distância. Para conseguir levar o processo adiante, o elenco coloca suas próprias famílias em cena.

Assim como na ficção, os atores envolveram suas famílias na realização do filme. "O set foi algo inédito: os cenários foram traduzidos para as casas dos atores e toda a comunicação se deu em um lugar, a plataforma Zoom. Técnico de som, diretor de fotografia, produção, diretora de arte abriram as suas casas para o restante da equipe e coordenavam os atores a prepararem os cenários para o set – além de setar as câmeras e microfones", explica Daniel Belmonte.

"O ator se 'lapelou', fez o figurino. Houve uma orientação de todos os departamentos sobre como as coisas deveriam acontecer naquele momento. Demos muita cabeçada para achar o que funcionava ou não. Estudamos muito sobre como poderia ser a produção, sobretudo no som, usando celulares", diz Clélia Bessa. "Tínhamos o set e funcionava como uma filmagem tradicional, com ordem do dia, planos de filmagem, decupagem rigorosa… Tínhamos platô, técnico de som, figurinista, assistente de arte… Fizemos cinema como aprendemos, mas com ferramentas diferentes."

As imagens e o áudio foram gravados em iPhones 11 dos próprios atores, usando microfone de lapela. Também foi enviado um kit de luz. "Todo mundo teve que enquadrar da forma correta, mas os familiares (que assistiram na produção) tinham boa noção de enquadramento", diz Bessa.

O trabalho remoto, com sets montados na plataforma Zoom, permitiu que o trabalho da equipe fosse feito de qualquer lugar. A figurinista, Anouk Zee, estava na Holanda durante a produção, enquanto o técnico de som, Davi Paes, trabalhou de Belém. "Parte da equipe não se conhece pessoalmente", conta Bessa.

Para viabilizar o filme em tão curto prazo, um ano entre a ideia e a finalização, em um momento de isolamento, o filme foi feito de forma colaborativa, no qual todos têm . A Raccord comprou os direitos e investiu no que era imprescindível.

A expectativa de carreira para o longa é de ir diretamente para o streaming. "Acho que é um filme que não pede o cinema", explica Clélia Bessa.

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