"Chuva Negra", série do Canal Brasil, traz histórias de famílias não convencionais, amor fraterno e diversidade 

Cena da série "Chuva Negra", do Canal Brasil (Foto: Divulgação)

Nova série do Canal Brasil produzida por Daniel Gaggini, "Chuva Negra" estreia na grade do canal nesta sexta-feira, dia 24 de março, às 22h30. A produção vai ao ar semanalmente, sempre com a exibição de dois episódios em sequência. Os assinantes do Globoplay + Canais Ao Vivo poderão acompanhar a série também pelo serviço de streaming. No elenco, há nomes como Vanessa Giácomo, Julia Lemmertz, Marcos Pitombo, João Simões – ator com Síndrome de Down que interpreta um dos protagonistas – e Rafael Primot que, além de atuar, dirige a trama ao lado de Otávio Pacheco.

"Chuva Negra" estreia na semana em que se celebra o Dia Mundial da Síndrome de Down. Na produção, João Simões tem papel de destaque, algo inédito em séries brasileiras.

A série aborda temas contemporâneos como a formação de famílias não convencionais, o amor fraterno e a diversidade. Na história, os irmãos Zeca (Marcos Pitombo) e Vitor (Rafael Primot) precisam cuidar do irmão caçula Lucas (João Simões), um adolescente de 16 anos com Síndrome de Down, após o desaparecimento dos pais, Nancy e Geraldo, interpretados por Julia Lemmertz e Zé Carlos Machado. Para isto, terão a ajuda de Julie (Vanessa Giácomo), mulher de Vitor; Micha (Leona Jhovs), mulher trans acolhida pela mãe dos protagonistas; e Tia Yara (Denise Del Vecchio). Durante toda a série, a história de Nancy e Geraldo é revelada por meio de curtos flashbacks, que ajudam o público a conhecer a família de maneira mais completa. Assista ao trailer: 

Como parte da narrativa, a "chuva negra", fenômeno meteorológico conhecido da cidade, anuncia acontecimentos decisivos. Ela lança o espectador, mais uma vez, para a trama, enquanto completa as ações dos personagens, trazendo um elemento fantástico e criando suspense na trama. 

A dramaturgia investiga os tipos de amor existentes. Uma das histórias da série tem como personagem central o policial civil Rocha (Kiko Pissolato), que tem uma relação homoafetiva com Orlando (Dudu de Oliveira), professor de educação física. Juntos, cogitam adotar uma criança. E Micha, vivida pela atriz trans Leona Jhovs, tem um papel importante na vida dos irmãos, mas sofre preconceitos dentro da própria família. Assim, a série fala da transformação do núcleo familiar, partindo de uma formação tradicional e conservadora para uma formação moderna, inclusiva e mais humana. 

"Comecei a pensar nessa ideia anos atrás, quando assisti a um filme chamado 'O Oitavo Dia', que tem um protagonista com Síndrome de Down. Eu tinha feito um roteiro para um curta. Não consegui produzir, não tive financiamento, e acabei deixando o projeto engavetado. Anos depois, fiz alguns trabalhos com o Canal Brasil e apareceu a proposta de escrever uma série. Aí eu me lembrei desse curta. É uma história que sempre tive vontade de contar. Fiz uma adaptação e transformei numa série", relembrou o criador, diretor e ator Rafael Primot em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, dia 21 de março. 

"Ampliei esse universo e resolvi falar também sobre transformações das famílias nos dias de hoje e da nossa sociedade em si. A gente parte de uma família bem tradicional e a história vai tomando outros rumos – e vamos falando, de maneira metafórica, das transformações da nossa sociedade como um todo também, de maneira mais inclusiva, diversa e plural. Achei que era o momento de se falar. A série então foi tomando forma e conseguimos aprovar o projeto, mas demoramos muito para rodar por conta da pandemia, por isso muita coisa foi adaptada no processo, para manter o frescor e continuar refletindo a sociedade atual. E nisso, vimos o quanto é sempre necessário trazer e dar voz aos que são invisibilizados de alguma maneira", completou. 

Diversidade e inclusão 

Primot ressaltou a importância de trazer diversidade às produções de forma verdadeiramente inclusiva: "Não pode ser uma coisa oportunista, onde falamos sobre 'o que está na moda' falar. Temos que respeitar as especificidades de cada indivíduo. Tivemos uma preparação do João (ator com Síndrome de Down que interpreta Lucas, um dos protagonistas da trama) de três meses, para que ele chegasse seguro ao set. Era uma novidade para ele, assim como para todos nós. Ele é um ator excepcional, super dedicado, e chegou muito preparado. Temos que trabalhar com a inclusão e com a diversidade, mas sabendo lidar com ela e cada especificação". 

Leona Jhovs, atriz trans que dá vida à personagem Micha, também falou sobre o assunto: "Foi muito especial para mim ser acolhida, bem cuidada, passar por um processo de preparação incrível. Aprendemos muito, em diferentes camadas. Sem dúvida é importante trazer visibilidade e representatividade. O que esse trabalho vai significar é histórico. É um momento importante, é urgente, e ímpar. Temos que falar, provocar e discutir". 

Produção

Filmada em São Paulo e São Bernardo do Campo, a série é uma ideia original de Primot, escrita por ele e Franz Keppler, e conta com a colaboração de Carol Rainatto e Flavia Fontes. Daniel Gaggini assina a produção. Na coletiva, o produtor destacou: "Esse trabalho é resultado de políticas públicas de fomento à cultura – e temos que lembrar isso o tempo todo, já que 'vira e mexe' tem gente que quer derrubar isso, e 'Chuva Negra' só existe por causa disso. A gente se beneficiou do FSA; fomos contemplados com PROAC Editais, que permitiu que a gente finalizasse essa obra; e a Prefeitura de São Paulo, por meio da Spcine, deu todo o apoio logístico pra que a gente pudesse filmar na cidade de São Paulo. Essas políticas permitem que nós, produtores independentes de pequeno e médio porte, possamos contar as nossas histórias, então temos que lutar por elas diariamente". 

Além das exibições inéditas às sextas, "Chuva Negra" tem horários alternativos na grade do Canal Brasil: segunda, às 2h; terça, à 0h30; e quinta, às 4h45. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui