Brasil é destaque em festival canadense

O Brasil foi o tema do primeiro painel realizado nesta quarta-feira, dia 20 de setembro, durante o Television Animation Conference, evento do Ottawa International Animation Festival, realizado em Ottawa, Canadá. O país é o foco da conferência deste ano, e tanto a principal discussão durante o painel quanto os encontros que aconteceram durante todo o dia trata das experiências de co-produção com o Brasil. Embora alguns acordos estejam em andamento, as produções ainda dependem da superação de obstáculos para serem iniciadas.
O que parece impressionar os produtores canadenses que entram em contato com os produtores de animação brasileiros é a criatividade e a paixão com a qual os brasileiros trabalham. ?Estive no Brasil durante o Anima Mundi e fiquei impressionado com o espírito de coletividade da comunidade de produção brasileira?, diz o produtor executivo da Breakthrough Animation, Kevin Gillis, moderador do painel ?Co-producing with Brazil?.
Entre os entraves para a co-produção, porém, um dos principais ? e que pode ser notado em praticamente todos os acordos realizados até o momento ? é a diferença no modelo de captação dos dois países. Enquanto no Brasil é possível, por meio de leis de incentivo, como a Lei Rouanet, captar recursos para um programa que pode acabar não sendo exibido, a primeira contrapartida para que uma co-produção canadense seja iniciada é que a exibição em um canal de televisão esteja garantida. Por isso, alguns produtores brasileiros que fecharam acordos com canadenses ainda não conseguiram começar as suas produções. É o caso da animação ?Peixonauta? (em inglês ?Fishtronaut?) da brasileira TV Pingüim. Uma co-produção com a canadense Nelvana está em curso há um ano e meio e, segundo Célia Catunda, da TV Pingüim, embora a parte brasileira esteja, de certa forma garantida (com a proposta de financiamento e exibição do canal Discovery Kids), a exibição canadense ainda não foi viabilizada. O curioso é que a burocracia e a lentidão do processo brasileiro foram, neste caso, superadas. ?Ficamos interessados quando soubemos que os brasileiros podem trazer dinheiro para a produção também?, diz Patrícia Burns, VP de produção internacional da Nelvana Limited.
O mesmo acontece com a co-produção ?Mundo da Criança?, entre a brasileira 2D Lab e a canadense Gala Kids, que será exibida pela TV Cultura, mas ainda não conta com exibição na televisão canadense. Louis Fournier, da Gala Kids, diz que o mercado canadense está mudando e que a operação não é mais uma ?venda fácil?. Ele dá a dica. ?Embora um approach global seja importante, o ideal é buscar primeiro o mercado do Brasil e do Canadá para depois expandir?.
André Breitman, da 2D Lab, ressalta que embora haja empecilhos, a experiência da co-produção não tem sido frustrante sob nenhum aspecto. ?Estar aqui hoje requer um alinhamento de planetas?, brinca. ?Temos que aproveitar a chance de aprender com a experiência deles?.
Também participaram do painel Beth Carmona, da TVE, e Fernando Dias, da ABPI-TV.

O Festival

A Television Animation Conference (Tac) também promove uma série de encontros entre a delegação brasileira e os produtores canadenses. Entre os encontros, está a seção Fast Track, na qual produtores e radiodifusores brasileiros e canadenses recebem produtores com projetos a serem apresentados em nove minutos cada. Após o tempo estipulado, cada produtor com o seu projeto deve mudar de mesa e conversar com outro participante.
Entre as atrações do festival, haverá uma sessão de screening nos dias 22 e 23 dedicada a animações brasileiras, das quais duas concorrem na categoria competitiva. São elas: ?Tyger?, de Guilherme Marcondes, e ?Deus é Pai?, de Allan Sieber. Entre os jurados está o brasileiro Arnaldo Galvão, da Associação Brasileira de Cinema de Animação.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui