Conspiração Filmes estreia animação, produz novela para jovens adultos e prepara seis longas

No final de 2019, dando continuidade ao projeto de expansão do entretenimento na produtora, a Conspiração anunciou um novo núcleo para concepção, desenvolvimento e produção de projetos infantis e family content. O objetivo do departamento era e segue sendo funcionar como uma incubadora de criações inéditas e fomentar o crescimento dos investimentos em projetos voltados para o mercado nacional e internacional. 

Juliana Capelini (foto), diretora executiva de entretenimento, faz um balanço do trabalho do núcleo. "Começamos a planejar em 2019 esse núcleo para focar de verdade nos conteúdos infantil e para a família, além de dar continuidade e ampliar as produções que temos em parceria com Gloob. Aproveitamos o período da pandemia para o desenvolvimento e criação de novos projetos e conseguimos ser uma das primeiras produções a voltar a filmar na pandemia, com a 16ª temporada de D.P.A.', que é uma produção em estúdio, super controlada. Este ano, posso afirmar que somos a produtora que mais produzir conteúdo infantil no Brasil. Além de 'D.P.A.', que está com a 17ª temporada em gravação, também conseguimos produzir seu spin-off, o 'Vlog da Berê', e os 'Rolês', que são programas especiais de férias do Gloob", disse Capelini em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

"Durante a pandemia, trabalhamos muito e ficamos pensando em como continuar produzindo e trazendo novidades para o público. Foi aí que surgiu a ideia desse spin-off, que poderia ser filmado em estúdio e contar com efeitos especiais para complementar. São dez episódios e mais de 400 efeitos. Trabalhamos muito com a nossa equipe interna de VFX e conseguimos manter um ritmo de produção", completa. 

A parte de efeitos especiais já é um ativo da Conspiração desde os trabalhos para a publicidade e seguiu firme principalmente no "D.P.A". "Nossas áreas de pós-produção interna e VFX sempre foram muito fortes. Esse foi um dos grandes pontos de impulsionamento do 'D.P.A'. Reforçamos nossa equipe e nos especializamos ainda mais. Isso traz um diferencial para os nossos conteúdos – em especial dentro das plataformas de streaming, onde estamos concorrendo com diversas produções e grandes orçamentos. Essas inovações de efeitos e qualidade de produção são coisas muito importantes para o público infantil e teen", garante a diretora. 

Mapeamento de público 

O núcleo Kids & Family da Conspiração realizou um mapeamento do mercado de infantil, família e jovens adultos. A partir daí, com os insights obtidos, desenvolveram novos projetos – alguns já fechados para começar a produção em 2022 e outros em fase de pré-desenvolvimento e negociação com players. "O que percebemos nesse mapeamento foi a força do conteúdo brasileiro e o sucesso das séries nacionais, além de alguns nichos, que agora estamos atacando, como K-Pop, que será trabalhado em uma série, e o formato de novelas para os teens e jovens adultos – público que estamos buscando e, por isso, vamos trabalhar nessa linha. Da parte infantil, além de aumentar as produções de 'D.P.A.', estamos consolidando nossa parceria com a escritora Flávia Lins – temos algumas séries sendo desenvolvidas com ela e um filme também. Estamos nos preparando com força para a retomada do mercado de produção no ano que vem sem protocolos – esperamos!", revelou Capelini, otimista. 

Ainda sobre o público mais teen, isto é, da faixa dos 12 aos 18 anos, a executiva analisa: "É uma faixa que fica meio perdida no audiovisual nacional. Mas se a gente olhar os grandes sucessos da Netflix, como 'Stranger Things' e 'Round 6', o foco é nesse público, que não é infantil nem adulto. Estamos muito focados nele". 

Estreia na animação 

Ainda este ano, a Conspiração estreia sua primeira série infantil de animação. A obra conta com a coprodução de Julio Worcman, do canal Curta!, que adquiriu os direitos de remake no Brasil de uma propriedade norte-americana, e será exibida pelo Discovery Kids. Para além dessa estreia, a produtora já está com outra animação em desenvolvimento. "O fato de termos um núcleo dedicado às produções infantis possibilitou ocuparmos esse mercado de maneira mais focadas. Séries de animação já estavam no nosso radar mesmo antes da pandemia. Essa primeira série que vamos estrear contou com alguns anos de produção e, para a outra, pudemos aproveitar o período da pandemia para trabalhar no desenvolvimento da animação e criação dos personagens", explicou Capelini. 

Complementaridade de players e janelas 

A Conspiração produz para diferentes players e janelas, como TV por assinatura, streaming e cinema. E, para Capelini, essa "mistura" é positiva para o mercado: "Os próprios players não consideram que eles estão dividindo públicos. O que estamos fazendo hoje é entendendo qual a melhor plataforma para determinado conteúdo estrear. No núcleo, trabalhamos com Disney, HBO Max, Gloob e Discovery Kids, com diferentes formatos. Existem conteúdos que estreiam no streaming e depois vão para a TV, e vice-versa. Vamos produzir filmes que queremos ter bilheteria no cinema e, depois, leva-los para o streaming. Está sendo muito interessante e promissor esse momento do mercado pra gente. Nenhuma plataforma exclui a outra e cada conteúdo tem uma estratégia diferente para chegar melhor ao público". E ela define: "A Conspiração, com todos os seus projetos e prêmios, é uma das maiores produtoras audiovisuais latino-americanas atualmente, e estamos nos posicionando nesse lugar de ser um grupo de entretenimento – e não de cinema ou de televisão". 

O cinema, inclusive, é uma janela importante para a Conspiração. "Eu acredito totalmente que as audiências das janelas se complementam e que, depois da pandemia, o cinema vai voltar com força total. Ainda é um mercado no qual apostamos muito. Temos seis filmes para produzir nos próximos dois anos, todos Kids & Family", adianta. 

Foco na internacionalização 

É do interesse da produtora se internacionalizar cada vez mais – especialmente com os projetos de animação que, segundo a diretora, são conteúdos pensados para estar em canais ao redor do mundo pelo "estilo de produção". 

A Conspiração tem foco total no internacional – não só nos projetos desenvolvidos para já serem filmados fora do Brasil mas, principalmente, por conta do conteúdo. "O 'Dom', por exemplo, é a série em língua portuguesa mais vista da Amazon. Entendemos que uma história local, muitas vezes, também pode ser global. No caso de 'Dom', estamos falando de uma história de pai e filho, que tem essa capacidade de se comunicar. A barreira da língua já foi quebrada, as séries brasileiras são vistas no mundo inteiro, as pessoas já aceitam as versões dubladas inclusive", observa Capelini. 

E ela vai além: "Nossa internacionalização vem de um lugar em que queremos ser a produtora referência em conteúdo latino-americano – não do Brasil, mas da América Latina. E isso vai muito pelas histórias que a gente escolhe contar. É pelo conteúdo mesmo". 

Próximos planos 

Para o ano que vem, a Conspiração espera produzir muito; retomar a produção para o cinema como primeira janela; seguir produzindo "D.P.A" por mais algumas temporadas e ampliar esse universo, explorando as possibilidades de spin-off; continuar com os investimentos em animação, com esse foco no conteúdo que viaja; voltar as atenções para o público teen e jovem adulto; e explorar temas que estão em alta, como suspense, terror e K-Pop. "Queremos incorporar ao nosso conteúdo o que está sendo visto e falado", ressalta a diretora. 

Capelini conclui: "Os players estão muito abertos à produção independente brasileira – mesmo a gente não tendo ainda nenhuma regulamentação para o streaming. E ainda tem players para chegar por aqui. As expectativas são as melhores".