Em carta a anunciantes, APRO chama atenção para impactos da pandemia na publicidade audiovisual

A APRO divulga nesta quinta-feira, 23 de abril, uma carta aberta aos anunciantes sobre os impactos do coronavírus no mercado audiovisual publicitário.

A associação realizou um mapeamento e os dados obtidos apontam, entre outros pontos, que 95% das associadas estão com pagamentos em atraso e/ou tiveram pedidos de prorrogação e prazo. O montante estimado de prorrogações e atrasos de pagamentos já somam mais de R$25 milhões. Além disso, 25% das produtoras associadas informaram que existem recebíveis de 2019 que ainda não foram pagos, na ordem de aproximadamente R$3,5 milhões.

Sendo assim, o objetivo da carta é chamar atenção para pautas urgentes do setor audiovisual, desde questões que já estão sendo discutidas há tempos, como os prazos de pagamento, até dados reais sobre como as produtoras já estão sendo impactadas no cenário da pandemia.

O documento, assinado por Marianna Souza, presidente-executiva, diz: "Os dados apresentados acima já seriam suficientemente impactantes num cenário normal. No atual momento, eles são alarmantes. Vivemos um momento de enormes desafios em todos os setores econômicos. Até mesmo a previsão mais otimista admite que a crise socioeconômica que se desenha no curto prazo possa se desdobrar num marco histórico como uma grande depressão econômica mundial".

Nesse sentido, o texto segue mais à frente: "O cenário se torna ainda mais insustentável para o mercado audiovisual publicitário tendo em vista que os anunciantes estão impondo prazos excessivos e intoleráveis para o pagamento de seus fornecedores de produção publicitária. Já não é de hoje que o tema 'prazos de pagamento' ocupa a pauta das discussões e gera tensões nas relações entre os anunciantes e seus fornecedores de produção publicitária, dos quais se inserem desde as agências de publicidade até as produtoras audiovisuais, de som e todo o restante de profissionais da cadeia criativa. Não há mais como esperar. O atual momento pede urgência. Não estamos mais em posição de realizarmos discussões aprofundadas do tema, que se arrastam há tempos e se desdobram em diferentes níveis, desde questões puramente legais de ordem de pagamento dos profissionais, à questionável eficiência produtiva e os impactos desse modelo de negócio que só prestigia um lado".

A carta ainda sugere soluções: "Por isso, pedimos a manutenção de melhores práticas de mercado reiteradas ao longo dos últimos anos no Fórum de Produção Publicitária, para que seja exercida a seguinte condição de pagamento: 50% inicial, 30 dias da aprovação do orçamento e o restante do 50% final, 30 dias após a entrega do material offline". E acrescenta: "Cabe ressaltar ainda, a total indignação e repúdio à estratégia de atrasos de pagamento em razão da liberação da autorização de faturamento (P.O.), falsamente justificada pela burocracia e sistemas internos. Há diversos pedidos de prorrogação de prazos de faturamentos já realizados antes do COVID-19. Por fim, os atrasos de títulos vencidos. O cumprimento de prazos já acordados é medida impositiva atualmente, para sobrevivência das empresas produtoras e de todas as pessoas e profissionais que delas dependem".

Souza encerra: "Contamos com a plena compreensão e colaboração desta associação, confiantes da persistência de nosso respeito recíproco. Nos colocamos à inteira disposição para tratarmos do assunto, emergente e caro que é". Leia aqui uma entrevista exclusiva com Marianna Souza. 

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