A Claro está prestes a fazer uma reformulação na plataforma de streaming, tanto do conteúdo de vídeo on-demand quanto na TV linear. Depois de cerca de um ano e meio de lançamento discreto, a operadora pretende ajustar o Claro TV Box para torna-lo uma oferta mais agressiva, incluindo uma nova marca, ainda não oficializada, e para também disponibilizar a solução fora da rede da própria companhia, incluindo a pretensão de buscar por parceria com provedores de Internet (ISPs).
Diretor de TV da Claro, Ricardo Falcão explicou a estratégia no Streaming Brasil Digital, evento online organizado por Tela Viva e TELETIME e que acontece nesta segunda-feira, 23. "Teremos um lançamento com rebranding da marca e portfólio novo já nos próximos meses", conta. A companhia diz que está transformando o cardápio de conteúdo para atuar mais fortemente no mercado over-the-top, entendendo haver uma oportunidade de alavancar o negócio. "Vamos ser mais agressivos no streaming em virtude do que aprendemos nesse ano, vendo os pontos que precisamos ajustar e fechando parcerias importantes."
Também está nos planos a aposta na solução "standalone", para ser utilizada em outras redes. "Temos visto o Box para funcionar fora da rede como OTT, embora a logística fique ainda mais complexa quando fica fora da nossa rede cabeada. Mas é um mercado que cresce para nós e entendo que temos muita sinergia no negócio. É um mercado que se abre e vamos ser agressivos fora da rede." Mesmo observando concorrência de outras grandes operadoras, Falcão coloca que o mercado não atendido ainda é grande.
Por conta dessa estratégia, o diretor da Claro coloca que considera parcerias com ISPs, mas lembra que há um desafio na rentabilidade, uma vez que o provedor precisa se sentir um sócio e parceiro no negócio. "A gente já estudou e pilotou [um teste]. Para ser bem sincero, ainda não temos um modelo que seja super atrativo e que vamos bombar de vender com parceiros, estamos tentando ajustar isso ainda." Na distribuição direta ao consumidor, entretanto, ele enxerga oportunidade, especialmente com o crescimento do consumo de vídeo em celular.
Experiência
O lançamento do Claro TV Box em 2020 começou "de forma moderada", sem uma grande campanha de comunicação. Falcão diz que houve grande demanda e crescimento nos primeiros meses, mas a natureza OTT logo se mostrou diferente da TV paga tradicional. "Numa segunda etapa, a gente vivenciou um churn, que é mais fácil de acontecer no streaming." Por outro lado, o diretor da operadora ressalta que o VOD do Now observa churn menor do que a metade da observada na base de SeAC, e que por isso funciona como uma forma de fidelizar o cliente
Outra questão que impactou foi com o hardware, que levou a companhia a uma necessidade de mais refinamentos no produto. "Tivemos problema de caixa e precisamos tirar o pé do acelerador. A realidade é que a gestão de ter uma caixa atrelada ao novo produto é um complicador. Mas, da mesma forma como a gente aprendeu a trabalhar com serviços de autoinstalação e autoatendimento, entendemos que a caixa é importante. Tem um Capex atrelado e precisa ter logística eficiente [na entrega] e na reversa", destaca Ricardo Falcão. "Já vencemos esta fase, os fornecedores já se ajustaram. Estão vindo caixas novas, com features novas."
A empresa continua tendo na operação de TV por assinatura tradicional uma base (e fonte de caixa) importante, mas pretende enveredar no streaming com a intenção de ser um agregador de conteúdo. A ideia é combinar o streaming com a TV linear. "Tem mercado forte de streaming, a gente agora, de forma consolidada, está mais pronto para esse negócio".