Globo diz que não conta com dinheiro do BNDES

"Nós não estamos contando com o dinheiro do BNDES para pagar nossas dívidas. Estamos contando apenas com a nossa competência. Para o tamanho de nossa empresa, a renegociação com nossos credores está indo muito bem no que se refere ao reequacionamento do endividamento. O que vemos é, sim, um BNDES preocupado em atender a uma necessidade do setor de comunicações como um todo", disse Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais da TV Globo, depois de ouvir todas as críticas que foram feitas por Record, Rede TV e SBT à proposta do banco estatal de ajudar empresas de mídia. Guimarães foi um dos participantes da audiência pública realizada na Comissão de educação do Senado nesta quarta, 24, que discutiu o socorro do BNDES às empresas de comunicação.
"Há um jogo de palavras nessa questão de concorrência. Se uma empresa tem dívidas e pretende pagá-las, certamente vai deixar de investir por um tempo para poder acertar com seus credores. Quem não tem dívida, vai investir seu lucro e com isso pode se aproximar de quem é líder. É bom que haja concorrência, e desejamos que isso se faça dentro de regras claras, dentro da lei. O setor de comunicação social é muito mais importante do que essas circunstâncias, do que essa discussão de ter ou não dívidas", disse o executivo da Globo aos senadores. "Não se pode deixar que isso atrapalhe o projeto do BNDES de apoiar o crescimento de nossa indústria".

Interesse nacional

A Globo não estava sozinha no debate com as demais emissoras. Tinha ao seu lado a Rede Bandeirantes, representada na audiência do Senado por seu presidente, João Carlos (Johnny) Saad. Ele foi enfático. "Se a ajuda do governo é para pagar dívida ou para financiamento de produção, isso não é o fundamental", disse ao concluir sua apresentação. "O importante é que o governo tenha uma percepção estratégica do setor. É importante que o Brasil faça o que outras nações, como EUA, Japão, México, França e Espanha estão fazendo. Comunicação é um projeto do País. A Bandeirantes é favorável ao projeto de financiamento do governo, desde que os grupos contemplados estejam dentro das regras de concorrência, desde que apresentem seus resultados e se enquadrem nos limites de propriedade cruzada do Decreto-lei 236/69. Enfim, desde que os critérios sejam técnicos".
As colocações de Johnny Saad foram as que mais inspiraram os senadores a discorrerem sobre a importância estratégica do setor de comunicação social ao país. Na verdade, foi a colocação da Bandeirantes que deu o tom de entendimento de todos os debates: o BNDES precisa, sim, apoiar esse setor. Esse entendimento foi unânime entre todos os que se manifestaram.

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