(Atualizada às 15:45) Em comunicado interno, o Grupo Globo anunciou programa que chama de Uma Só Globo (usando o título do projeto já utilizado pela TV Globo, agora aplicado ao conjunto de empresas). Assinada pelo presidente executivo da Globo, Jorge Nóbrega, a nota anuncia que foi contratada a Accenture para ajudar nessa tarefa. “O resultado final será a transformação da TV Globo, Globosat, Globo.com, DGCORP e Som Livre em uma única empresa, mais ágil e mais forte”, aponta o documento. A ideia é atuar em duas vertentes ao mesmo tempo: na melhoria e aperfeiçoamento dos negócios e atividades atuais e na criação de novos negócios. O programa deve durar três anos.
O grupo apontou algumas iniciativas que já estão em curso para seguir liderando no setor de mídia no cenário de transformação acelerada, destacando quatro frentes:
- Uma delas é o Projeto Esportes, liderado por Roberto Marinho Neto, que tem por objetivo definir um novo modelo de gestão de esportes para TV Globo e Globosat, buscar integrar a produção de conteúdo esportivo (fábrica de esportes) e gerir esportes com uma visão de resultados e de conjunto.
- Projeto de Inteligência & Publicidade Digital, liderado por Eduardo Schaeffer, que visa organizar uma área central de inteligência e comercialização dos ativos digitais produzidos pela TV Globo, Globosat e Som Livre, baseada em dados e conhecimento do consumidor.
- Projeto OTT/Novo Globoplay, liderado por João Mesquita, que oferecerá em uma plataforma de distribuição única, diretamente ao consumidor, um amplo serviço de vídeo com conteúdos produzidos pela TV Globo e pela Globosat, além de conteúdos internacionais.
- Projeto Uma Só Tecnologia, liderado por Rossana Fontenele, que está organizando a tecnologia como uma função única e integrada para TV Globo, Globosat, Som Livre, Globo.com e DGCORP.
De acordo com o comunicado, o conjunto de projetos busca integrar equipes e estruturas, desenvolver novas áreas de competência, criar novos negócios e buscar novas receitas. “Queremos, agora, acelerar e tornar mais robusto esse processo de transformação. Vamos preservar o que sempre fizemos com excelência, de forma ainda melhor e mais eficiente. Mas também vamos criar novos negócios, aproveitando as oportunidades que a tecnologia e o conhecimento do nosso consumidor nos propiciam”, aponta Nóbrega na nota.
Estrutura
Rossana Fontenele, atual diretora-geral de Planejamento e Gestão da TV Globo, liderará o Programa Uma Só Globo. Ela assumirá desde já a posição de diretora-geral de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios, subordinando-se diretamente a Jorge Nóbrega.
Na nova função, Rossana será responsável por todos os projetos do Programa Uma Só Globo, que começam a ser criados em outubro. Continuará respondendo pelo projeto Uma Só Tecnologia e apoiará a implantação dos atuais projetos Globoplay, Esportes e Publicidade Digital, cujos líderes continuarão subordinados a Nóbrega. Rossana acumulará o novo cargo com suas atuais funções na TV Globo até o fim do ano.
Na sua estrutura a partir de janeiro, Rossana contará com Raymundo Barros, atual diretor de Tecnologia da TV Globo, que passará a liderar a nova estrutura integrada de tecnologia; Cristiane Delecrode, atual diretora corporativa de Planejamento e Controle; e com Cintia Moraes, atual diretora de Planejamento Estratégico da DGCORP.
As empresas TV Globo, Globosat, Som Livre, bem como as demais áreas da DGCORP, seguem subordinadas a Nóbrega, assim como a Editora Globo/Infoglobo/Valor Econômico e o Sistema Globo de Rádio. Estas duas últimas, no entanto, não farão parte nesse momento do Programa Uma Só Globo.
“Estamos fazendo um grande investimento no nosso presente e no nosso futuro. Os próximos três anos serão um período de muita efervescência e de muitas oportunidades de aprendizado e crescimento para todos. Quero convidar cada um de vocês a participar dessa construção, trazendo seus conhecimentos, sua dedicação e sua capacidade de colaborar e aprender”, finaliza Nóbrega no documento interno.
Contexto
O processo de reestruturação do grupo Globo iniciado com o projeto Uma Só Globo visa, ao que tudo indica, encontrar caminhos de rentabilizar a empresa e dar mais agilidade aos negócios, e é coerente com o discurso que a empresa vem adotando internamente há mais de um ano, contexto em que se inserem a mudança de gestão com a chegada de Jorge Nóbrega ao comando do grupo (e com a presença cada vez mais relevante da nova geração da família Marinho a cargos-chave da empresa). Conforme análise publicada por este noticiário em 2017, a Globo vive neste momento um grande desafio de se reinventar. Espera-se que a TV Globo tenha, em 2018, por conta dos custos com a Copa do Mundo e a recuperação ainda tímida do mercado publicitário, resultados ruins, possivelmente ampliando o resultado operacional negativo registrado em 2017, quando pela primeira vez a TV aberta ficou no vermelho operacionalmente, dependendo dos resultados financeiros para registrar lucro. Ao mesmo tempo, a dinâmica do mercado tem se transformado rapidamente, com uma concorrência mais acelerada no mercado de publicidade com o avanço dos gigantes de Internet, e com o mercado de TV paga, hoje principal contribuidor para a margem operacional do grupo, estagnado e em processo de transformação para a realidade não-linear. O projeto na área de publicidade, liderados por Schaeffer, e a nova plataforma OTT, liderada por Mesquita, respondem a parte destas pressões, ao mesmo tempo em que a estrutura de esportes precisa racionalizar os gastos com direitos (hoje, uma das maiores fontes de custos e receitas do grupo). Mas a Globo sempre foi muito segmentada internamente, e o projeto Uma Só Globo, aparentemente, busca retirar algumas destas barreiras internas e identificar as oportunidades de sinergias e, obviamente, onde será possível reduzir custos (Análise de Samuel Possebon).