Documentário sobre Jair Rodrigues estreia nos cinemas nesta semana  

Jair Rodrigues (Foto: Divulgação)

"Jair Rodrigues: Deixa que Digam", documentário que retrata a trajetória do artista, estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 27 de abril. Após ser exibido no festival É Tudo Verdade, em 2020, e vencer na categoria de Melhor Filme pelo Voto do Público na Mostra XIII Brazilian Film Festival, de Chicago, em 2022, o longa dirigido por Rubens Rewald chega aos cinemas com distribuição da Elo Studios.

Nascido em um canavial de Igarapava (SP), em 1939, Jair trabalhou na roça até seus dez anos. Antes de seguir o sonho de ser cantor, foi engraxate e alfaiate – chegou a fazer dupla sertaneja com seu irmão, tornando-se "Jair e Jairo". Mas logo conquistou o país com sua irreverência e potência musical. O longa caminha entre momentos marcantes de Jair como apresentador no programa "Fino da Bossa", ao lado de Elis Regina; a interpretação da música "Disparada", de Geraldo Vandré e Theo de Barros; à sua liberdade artística em meio à ditadura militar, quando dava a parecer não se posicionar sobre política e não falar sobre racismo: "Jairzão não era um artista que se mostrou militante, mas nas entrelinhas, militava", diz Rappin' Hood em depoimento ao filme. 

O filme, que foi produzido pela Confeitaria de Cinema, traz imagens de arquivo e entrevistas com nomes como Rappin' Hood, Salloma Salomão, Raul Gil, Roberta Miranda, Bruno Baronetti, Hermeto Pascoal, Moisés da Rocha, Armando Pittigliani, Mister Sam, Theo de Barros, Simoninha, Solano Ribeiro, Carlinhos Creck, Paulinho Dafilin, Marcelo Maita, Giba Favery e Zuza Homem de Mello – em um dos últimos registros do musicólogo, falecido em 2020. Os filhos do cantor, Luciana Mello e Jair Oliveira, seu irmão Jairo Rodrigues e sua esposa, Claudine Rodrigues, também compartilham lembranças vividas ao seu lado. A convite do diretor, Jairzinho interpreta seu pai em diversas passagens do documentário. Assista ao trailer: 

Trailer de "Jair Rodrigues: Deixa que Digam"

O diretor Rubens Rewald já havia trabalhado com Jair Rodrigues no filme "Super Nada", de 2012. "Após essa experiência, ele me chamou e falou que já estava na hora de fazer um filme sobre Jair Rodrigues. Eu topei, claro, e ele faleceu exatamente duas semanas depois. Então deixei o projeto na gaveta, não tive condições de levar adiante. Mas aí passaram uns oito meses e comecei a pensar que o filme era uma vontade dele, ele mesmo tinha me dito. Com o apoio da família, que foi fundamental, voltei a trabalhar no projeto. Fazer um filme sobre o Jair Rodrigues é fazer um filme sobre sua família – são coisas indissociáveis. Foi um processo longo. Teve pandemia, várias coisas no meio. Mas agora o filme está aí: ele é potente e emocionante", disse Rewald em coletiva de imprensa realizada nesta terça, 25. 

"Quis fazer um filme que tivesse o espírito do Jair Rodrigues, que surpreendesse o espectador como ele surpreendia nos palcos. A ideia era que o público assistisse a esse filme como se estivesse vendo um show do Jair Rodrigues mesmo. Ele era uma figura sempre alegre, por isso quis ir fundo nessa alegria, irreverência e imprevisibilidade. Busquei uma narrativa dinâmica, que mudasse o tempo todo de registro, alternando entre depoimentos, músicas e as cenas em que o próprio Jair, interpretado por seu filho, está falando", completou. 

Rodolfo C Moreno, que assina o roteiro ao lado do diretor, também esteve presente na coletiva e falou sobre a pesquisa para o documentário: "Foi um processo longo, pois Jair teve uma carreira muito grande. Fomos descobrindo coisas muito bacanas sobre a trajetória dele. Fomos nas principais emissoras de TV e todas tinham muita coisa. Jair era um personagem muito querido e carismático, que tinha muito apelo junto ao público. Nesse sentido, foi um processo muito rico. O roteiro do documentário é um eterno processo – começa antes de ligar a câmera, passa por transformações e, na montagem, muda de novo". 

Para Jair Rodrigues, o filho, foi uma alegria para a família poder realizar um documentário sobre a carreira, a obra e a vida do artista. "Interpretar meu pai foi um desafio bom. Por um lado foi fácil, porque eu já conhecia o personagem e as histórias que seriam retratadas. Já entendia seu processo mental, artístico e físico. Mas por outro, foi muito difícil. Ele foi um ícone da cultura. Mesmo sendo da família, é complicado, porque é um personagem que as pessoas já conhecem, sabem como ele agia. Mas pensando nesse espírito de homenagem, foi uma curtição", afirmou. Luciana Mello, cantora e também filha do artista, acrescentou: "É um jeito de manter viva sua memória, até para novas gerações. A arte é maior do que a gente. Porque nós vamos, ela fica". 

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