Costa Blanca Films estreia série documental "Ideias para mudar o mundo" no Canal Off e Globoplay 

Nairi, poetisa, colaboradora do coletivo La Frida, criado por Livia Suarez, em Salvador (Foto: Divulgação)

Nesta quinta-feira, dia 2 de março, o Canal Off estreia a série documental original "Ideias para mudar o mundo", que também estará disponível no Globoplay. A produção é da Costa Blanca Films, produtora audiovisual especializada em entrega de narrativas multiplataforma para entretenimento e publicidade e que traz uma relação de anos com o canal. Com um formato inovador, a série documental tem sua narrativa conduzida por uma personagem de animação ficcional, Rute, surfista e ativista ambiental, que explica o contexto histórico e mostra os dados numéricos sobre os temas de cada episódio: Economias alternativas, Comida para todes; Água de viver; Habitação sustentável; Cidade sustentável; e Isso não é lixo. Neles, emergem as histórias das personagens reais que estão transformando o seu meio e o mundo com projetos transgressores em diferentes cidades do Brasil. 

"A história dessa série começou há dois anos, como uma demanda de conteúdo do canal. A ideia era produzir um conteúdo sobre sustentabilidade, trazer esse tema com mais força para o canal e abordá-lo de forma mais profunda. Não queríamos ser um guia, e sim discutir a questão e fazer o público pensar. Trabalhei no desenvolvimento de um projeto e logo convidei o Thiago Dantas, roteirista, para fechá-lo comigo. O objetivo principal seria contar histórias, pegando carona nesse lugar do Canal Off de inspirar. O caminho era falar de temas profundos e sérios, como é de fato a situação do planeta, mas de uma menina inspiradora", contou Leila Savary, diretora da série e sócia-fundadora da Costa Blanca Films, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

"Não teria outra maneira de fazer isso senão a partir do olhar de pessoas específicas, que estão transformando o mundo de verdade. Então comecei a ir atrás dessas histórias. Sem julgamentos, mas nada do que está muito na mídia me captou. Queria falar sobre quem passa dificuldade, até para concretizar suas ações. Eu naturalmente tenho um discurso político e, se puder, vou trazer esse viés. Mas pensando no público, criei estratégias, como colocar o discurso na boca do personagem – e não da série ou do próprio canal. É sobre as pessoas e o ponto de vista de cada uma", completou. 

A diretora Leila Savary (Foto: PH Costa Blanca)

Esporte fora do foco principal 

Após a missão de inaugurar uma linha de entretenimento no canal com o formato irreverente de "Parque do Italo", indicado à categoria de melhor entretenimento esportivo no New York Festivals 2021, a Costa Blanca Films recebeu o desafio de criar e produzir a primeira série de não-ficção do canal Off em que o esporte sai do protagonismo. "Eu sou documentarista, gosto de contar histórias. E não sou esportista. Era onde eu queria chegar. Não é só sobre esporte, nós temos compromissos. O Off costuma dar protagonismo à natureza, ao planeta, nossa relação com ele. Então tínhamos que falar disso. Para mim, não foi tão desafiador porque não tenho esse olhar naturalmente esportiva. Mas o desafio era como trazer isso para o canal", analisou Leila. 

"É importante dizer que estamos transacionando como sociedade. As pessoas não querem ver mais do mesmo. O Canal Off está se transformando também. Especialmente nos últimos dois, três anos, essa necessidade foi surgindo nos últimos projetos que fizemos em parceria. Começa a aparecer o discurso, o questionamento para além do esporte. É trazer consistência e representatividade. Muitos dos personagens falaram que nunca imaginaram que seriam procurados pelo Canal Off para uma série. Ou seja, estamos ressignificando esse protagonismo – e isso é urgente", ressaltou. 

Ideias para mudar o mundo apresenta histórias inspiradoras de protagonistas periféricos, mulheres e pessoas pretas, histórias reais, não influenciadores, discursos políticos, agentes fora da mídia comercial, pessoas que de fato trabalham para a transformação e que estão mudando o mundo em seus entornos e comunidades. "As histórias precisavam gerar identificação com o público. Tive que dar um passo para trás e pensar mesmo. Tivemos pesquisadoras com a gente, além da equipe de roteiro. Revisamos muitas vezes o material. Um dos filtros que usamos, além do nosso querer contar a história daquela pessoa, era entender de que forma ela dialoga com o canal. Não é necessariamente o esportista, mas o ponto de conexão desse personagem com o público – o que pode ser pelo discurso, pela maneira de se colocar, pela personalidade. Está em coisas muito sutis. No fim, percebemos que esse perfil das pessoas 'do corre' também combinava com o interesse do público jovem adulto atual. No final, fizemos um mix de personagens que têm a cara mais 'óbvia' do canal e outros nem tanto. O roteiro de entrevistas era bem extenso, para garantir que as histórias fossem contadas da melhor maneira possível", revelou. 

Trabalho intenso de produção 

A pré-produção e a produção encabeçada por Joanna Campista durou cerca de dois anos e contou com uma equipe robusta de roteiro, pesquisa e consultoria, seguida de viagens por diversos estados brasileiros para encontrar essas narrativas. Todos os documentários de cada personagem foram 100% roteirizados e pensados cena a cena. Para isso, a diretora convidou Thiago Dantas, roteirista experiente em diversos formatos e linguagens documentais para televisão e uma pessoa engajada, atenta às pautas sociais. Os episódios foram gravados no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Bahia, sob a direção de fotografia de PH Costa Blanca.

Expectativas e responsabilidades 

"Essa série me instigou a ir ao máximo. É uma responsabilidade social minha, de um lugar mais pessoal mesmo. Se essa oportunidade chegou a mim, é por conta de certa estrutura social que existe. Isso esteve latente em mim o tempo todo. Estive muito disposta a ouvir e a aprender durante esse processo. Queria entender como ir além e realmente transformar quem está assistindo", refletiu a diretora. "Estou há dois anos nesse projeto, então tenho expectativas muito boas. Queremos ver resultados. Depende de muitos fatores, mas espero que façamos a diferença. Se plantarmos uma sementinha nesse campo e, a partir daí, coisas acontecerem – mais espaço para esses protagonistas, mais mulheres na direção, mudanças se desdobrando de maneira mais orgânica – acho que então está feito o trabalho. Mas claro que também adoraria fazer novas temporadas. Tem muita história para contar", concluiu. 

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