"Gêmeas Trans: Uma Nova Vida" traz história de inspiração e evidencia importância do apoio familiar

Mayla e Sofia são as protagonistas da série documental “Gêmeas Trans: Uma Nova Vida” (Foto: Divulgação)

A série documental "Gêmeas Trans: Uma Nova Vida", produção original da Warner Bros. Discovery que acompanha a vida das irmãs brasileiras de 21 anos, Mayla e Sofia, as primeiras gêmeas a realizarem juntas a cirurgia de redesignação sexual globalmente e as pessoas mais jovens do Brasil a passarem pelo procedimento, estreia nesta quinta-feira, dia 1º de junho, na HBO Max e discovery+. Na ocasião do lançamento, serão disponibilizados os três primeiros episódios e, na semana seguinte, dia 8, os outros três. 

A produção nacional chega às plataformas no mês do Orgulho LGBTQ+ e, ao longo de seis episódios, Mayla e Sofia se reencontram para curtir férias, rever antigos amigos e encarar novos desafios. Em 2021, aos 19 anos, as irmãs realizaram juntas, em uma clínica em Blumenau, a cirurgia de redesignação sexual e agora se deparam com os desafios da nova vida. Mayla mora em Buenos Aires, onde cursa medicina, e Sofia vive em Franca, interior de São Paulo, onde estuda engenharia. Conflitos, escolhas, amor, realização de sonhos e o dia-a-dia de luta pelo reconhecimento e contra o preconceito são alguns dos temas abordados no reality.

"Quando trabalhamos com não-ficção, estamos sempre atentos a tudo. Vendo os noticiários, todos os acontecimentos para encontrarmos histórias que merecem ser contadas. A notícia das gêmeas chamou a atenção e ficamos acompanhando. Em 2021, logo que elas passaram pela cirurgia, entramos em contato para uma primeira conversa. Assim que isso aconteceu, já vimos o potencial das duas e do tema, que é relevante, traz personagens interessantes e o pilar da diversidade que é tão importante para nós. Eram muitos elementos. Na sequência, envolvemos a Endemol para começar a efetivamente desenvolver o projeto. Gravamos em 2022, há mais ou menos um ano", relembrou Adriana Cechetti, diretora de conteúdo de produções de não-ficção da WBD Brasil, em entrevista para TELA VIVA. 

Bruna Barbosa, diretora de criação da Endemol Shine Brasil, completou: "Fizemos reuniões para pensar nos caminhos criativos e entender que viés da história gostaríamos de contar. Afinal, é uma história interessante, mas muito ampla. Trabalhamos juntos, com as equipes e com as meninas, para entender qual seria o melhor recorte. E focamos as gravações no período de férias delas, para não atrapalhar a rotina de estudos". 

A ideia, então, foi contar essa "nova vida" das gêmeas, como o próprio subtítulo diz, partindo de como a vida delas ia mudar após a cirurgia. "Esse seria o ponto de partida. E contaríamos também um pouco de como elas chegaram até ali e quais as expectativas dali pra frente", pontuou Adriana. 

Produção que envolve cuidados 

"Em todas as nossas produções temos, de maneira geral, um olhar para equipes mais diversas. Num projeto como esse, o cuidado foi ainda maior", afirmou a diretora da WBD. "Elas precisavam se sentir acolhidas pela equipe – especialmente porque eram muitas horas por dia gravando, com pessoas com quem elas estavam partilhando sua intimidade. Então elas tinham que estar à vontade", completou. 

Já Bruna contou que as duas tiveram acompanhamento psicológico durante o processo de pré-produção, de gravação e até agora, no pós, com uma psicóloga especializada em pessoas que fizeram a transição: "Isso era importante para entendermos o quão fundo poderíamos chegar em determinados temas, para que não fosse algo muito sensível. Foi um mapeamento feito a muitas mãos para que todo mundo se sentisse confortável e tivéssemos uma história interessante e relevante para contar.  O processo de decisão foi todo em conjunto: o que elas gostariam de contar sobre si mesmas, como gostariam de se posicionar a partir de agora. São meninas jovens, que enfrentam transformações até por conta da idade mesmo, para além da questão da cirurgia. Elas têm anseios, conflitos, medos. Tivemos muitas conversas sobre isso com as duas e também com os familiares, com o entorno delas, que são pessoas que acabam entrando na série também". 

A diretora da Endemol ainda falou sobre outros cuidados tomados durante o processo: "Além da psicóloga, havia uma produtora dedicada a elas, para entender as necessidades e o que estava ou não funcionando. E antes das gravações toda a equipe participou de um workshop sobre transexualidade. Muita gente erra por não saber – tivemos esse cuidado de cara justamente para ninguém poder alegar isso. Foi uma formação da equipe como um todo, para entender o que era apropriado e o que poderia ser ofensivo. 

História de inspiração 

As diretoras ressaltaram que as meninas vieram de uma família simples e humildade, do interior de Minas Gerais, composta por pessoas que sempre as apoiaram muito. "O que é incomum, de certa forma, ao pensarmos nessa sociedade conservadora. É uma história bonita de contar", refletiu Bruna. "É bonito ver esse apoio da família. O avô, por exemplo, vendeu a casa para pagar a cirurgia. A mãe sempre esteve do lado delas. É uma família incrível, que sempre deu muito suporte. É positivo mostrarmos isso na série, isto é, como a família pode mudar uma história", acrescentou Adriana. 

"Outro enfoque legal é a parte da vida acadêmica delas, como elas se preparam para uma carreira, justamente porque a gente sabe da dificuldade das pessoas trans de se inserirem no mercado de trabalho. Elas levam os estudos muito a sério e se preparam para o futuro", concluiu Bruna. 

Expectativa de amplo alcance 

Para Adriana, a expectativa com a estreia da série é que ela inspire muita gente, de todas as comunidades: "Não é uma série nichada. É leve, traz muitos momentos de emoção, por isso vai agradar públicos diferentes. As meninas tinham, especialmente a Mayla, uma postura de não levantar bandeiras, não querer esse lugar. Mas, no final, ela disse ter entendido como isso será bom para muita gente. Elas não se davam conta de como a série poderia trazer informação e inspiração. Foi bacana ver o processo das duas, de como entraram com uma cabeça e saíram com outra. Elas compreenderam o papel que têm e a importância". 

A série é uma produção da Warner Bros. Discovery realizada pela Endemol Shine Brasil. Dirigida por Rico Perez, Carmen Santiago assina o projeto como produtora executiva. Adriana Cechetti e Marina Pedral são as responsáveis pela produção por parte da Warner Bros Discovery, Lara Kaletrianos responde pela produção geral e Nani Freitas é produtora executiva por parte da Endemol Shine Brasil. 

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