Ceticismo do BNDES e divisão do setor podem ser problema

A investida dos grupos de comunicação junto ao BNDES para que se crie uma linha especial de financiamento para o setor começou, efetivamente, na terça, 28, com a entrega do estudo elaborado pela consultoria MS&CR2, de Maria Sílvia Bastos Marques, mas as negociações prometem ser longas e complexas. Este noticiário apurou dois problemas imediatos: o ceticismo do BNDES em relação ao sucesso gerencial dos grupos de comunicação no caso de um apoio financeiro do banco e a divisão interna entre os grupos de comunicação.
O ceticismo do BNDES pôde ser sentido pelas manifestações do vice-presidente do BNDES, Darc Antônio da Luz Costa, que citou nominalmente na reunião de terça alguns grupos (entre eles Globo, RBS, Abril, Folha e Estadão) como exemplos de empresas que tinham negócios saudáveis mas que se complicaram no momento de partir para investimentos em novas tecnologias e mídias (internet e TV paga). Na visão do vice-presidente, segundo relatos ouvidos por esse noticiário, houve erros de planejamento e gestão e nada garante que eles não voltem a acontecer no futuro.
Já o segundo problema a ser enfrentado está na divisão entre aquelas empresas de comunicação que têm dívidas e precisam de ajuda para se reestruturar e aquelas que não têm dívidas significativas mas querem recursos para sobreviverem, se expandirem e, eventualmente, tomar espaço dos mais endividados. Há também analistas que colocam a necessidade de linhas de financiamento que permitam o crescimento de novos grupos de comunicação e fortalecimento de veículos regionais. Outro problema colocado é a impossibilidade de muitos grupos, regionais ou nacionais, de se adaptarem a uma estrutura societária mais transparente e em linha com o que pede a lei 10.610/2002, que regulamentou o artigo 222 da Constituição. Como o decreto-lei 236 de 1967 (que impõe limites à concentração de concessões) continua valendo, muitos grupos mantêm as concessões em nome de diferentes membros de uma mesma família para não serem forçados a se desfazer de outorgas acima do limite legal. A Globo é a única que, hoje, conseguiria se adaptar e colocar todos os seus ativos (inclusive as concessões) em uma estrutura de S/A, por exemplo.

Argumento central

Sobre o argumento central do estudo apresentado ao BNDES, não há grandes novidades: os grupos de comunicação são importantes para a integração nacional, preservação dos valores culturais nacionais, geração de empregos e que, por isso, se justifica uma ação efetiva de apoio financeiro do governo.

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