Digitalização, 4K e Olimpíadas impulsionam mercado de câmeras profissionais

Com o processo de digitalização do sinal de televisão ainda em curso, a demanda por equipamentos digitais e HD ainda é um dos principais motores do mercado de câmeras profissionais no país. A avaliação é de Luis Fabichak, gerente de marketing para produtos profissionais da Sony. "No Brasil temos um cenário um pouco diferente de mercados mais maduros como Japão e EUA, que já completaram sua transferência para o digital HD e já buscam investimentos em Ultra HD. No Brasil ainda estamos passando pela transição do analógico para o digital e HD", diz.

Para o executivo, a divulgação, em junho deste ano, das datas de desligamento do sinal analógico em três grandes capitais – Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro – intensificou a demanda pelos equipamentos. "Embora o governo tenha adiado em outras regiões para 2018, conseguimos enxergar oportunidades nesse movimento do mercado. Sabemos que existe um parque muito grande de produtos que hoje são captados em SD fazendo o upgrade para o HD – a oportunidade no Brasil ainda está nessa transição".

Segundo Rony Luiz Pussenti, gerente de sistemas e soluções da Panasonic, "a demanda encontra-se principalmente em câmeras de jornalismo P2 (camcorders com gravação em cartão) e estúdio. Também temos bastante penetração das câmeras PTZ (Pan Tilt Zoom)". De acordo com ele, as emissoras maiores já concluíram sua transição para o digital. "Boa parte dos clientes já estão no digital, mas ainda há aqueles que precisam digitalizar – principalmente pequenas emissoras religiosas e universitárias. Precisam fazer isso porque seus produtos estão com muito tempo de uso e, além disso, há a demanda do regulador (switch-off), que dessa vez não parece que vai voltar atrás".

4K

Ainda sem definição para transmissão terrestre e poucos televisores capazes de recebê-lo, o Ultra HD já começa a ser demandado por produtores de conteúdo e broadcasters. Além de oferecer melhor qualidade de imagem mesmo em transmissões HD, a tecnologia oferece maior longevidade para o conteúdo e aumenta seu potencial de exportação. Além disso, os produtores e as emissoras podem oferecer conteúdo diferenciado em plataformas e aplicativos online.

"Já temos um grupo mais seleto produzindo em HD há algum tempo e já passando a investir em 4K não de uma forma completa, mas iniciando testes. Embora hoje não tenha uma definição para transmissão, os testes estão sendo iniciados", diz Fabichak, da Sony. "O cliente pode ter o material bruto em 4K para transferir para HD, com ganhos em qualidade de imagem e cor", explicou. Além disso, diz o executivo "é possível exibir o conteúdo em 4K por meio de aplicativos", que funcionariam no modelo OTT.

Na edição deste ano da Set Expo, a empresa exibiu seu primeiro televisor com sistema operacional Android. Na tela, um aplicativo da Globosat contava com conteúdo em 4K no seu portfólio.

A tecnologia é apontada por Leonel da Luz, vice-presidente de vendas da Grass Valley para a América Latina, como principal aposta da empresa no segmento de câmeras para os próximos anos. "Para os próximos anos, temos uma estratégia focada em serviços IP e 4K", diz. "O 4K tem grande apelo para distribuição via OTT. Além disso, vemos empresas produzindo em UHD para preservar seu conteúdo por mais tempo", conclui.

Mercado

Segundo os fabricantes ouvidos por este noticiário, muitos dos grandes projetos previstos pelas emissoras estão sendo postergados, principalmente devido ao aumento do preço do dólar. Segundo Fabichak, da Sony, a variação no valor da moeda afeta diretamente o preço dos produtos, na sua maioria importados. "Apesar dos broadcasters contarem com isenções fiscais, os produtos são importados e taxados em moeda estrangeira, então isso impacta. A emissora que planejou seu budget em reais no início do ano tem seu orçamento reduzido consideravelmente. Os interesses continuam, mas vemos que muitos investimentos ficam na lista de espera", explica.

Leonel da Luz, da Grass Valley, também destacou o impacto do dólar no preço dos equipamentos. "No Brasil especialmente sofremos o efeito da crise, consequência direta do aumento do preço do dólar, que impacta no custo dos equipamentos. Com isso, o orçamento programado pelas emissoras no ano passado se diluiu", explica. "Como temos grandes projetos que dependem desse orçamento, temos projetos que se postergam – alguns mais, outros menos", disse. Para cumprir as metas do ano, a empresa vem contando com projetos menores e constantes.

A expectativa das empresas, no entanto, é que o mercado tenha crescimento acelerado no ano que vem, impulsionado por Olimpíada, 4K e digitalização. "Estamos prestes a fechar contratos grandes com empresas que transmitirão jogos da Olimpíada que precisam se preparar", diz Fabichak.

"Apesar da crise, continuamos vendendo, até por questão de necessidade", diz Pussenti, da Panasonic. A empresa é fornecedora oficial da Olimpiada 2016 e, assim como a concorrente, conta com o evento para intensificar as vendas. "A demanda vai crescer muito, pois já existe um contrato com o Comitê Olímpico que prevê a compra de equipamentos para os jogos Paralímpicos e Olímpicos", conclui.

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