Base de streaming supera a da TV paga no Reino Unido

Television production concept. TV movie panels

Um levantamento da Ofcom, órgão regulador das comunicações no Reino Unido, mostra que o mercado de TV está sentindo o impacto causado pelos serviços de streaming. O dado mais relevante é que, pela primeira vez, base de assinantes dos três mais populares serviços de streaming ultrapassou a da TV por assinatura. As descobertas vão além: as receitas da TV por assinatura estão em queda, também fato inédito no Reino Unido; o tempo dedicado à TV linear está caindo, sobretudo entre jovens; e o investimento em conteúdo dos canais públicos é o mais baixo em 20 anos.

Os três principais serviços de streaming no Reino Unido acumularam 15,4 milhões de assinantes no primeiro trimestre de 2018, ultrapassando os 15,1 milhões de assinantes de TV no mesmo período. Vale notar que o número divulgado de assinantes de streaming é uma soma simples da base dos três principais serviços – Netflix, Amazon Prime e Now TV. O número de lares atingidos ainda está longe de alcançar o da TV por assinatura. De acordo com o levantamento da Ofcom, 11,1 milhões de lares no Reino Unido (39.3%) têm ao menos um dos três serviços de streaming mencionados. Além disso, o Now TV é um serviço prestado pela operadora de TV Sky e conta com pacotes de programação da TV por assinatura, inclusive com programação linear.

Dólares por centavos

O impacto no faturamento da TV por assinatura no Reino Unido coloca em xeque a narrativa de que serviços de TV e streaming são essencialmente complementares, e não concorrentes. Após um período de crescimento, a TV por assinatura começou a perder receita em 2017, aponta a Ofcom. As operadoras sofreram uma queda total de receita de 2,7%, fechando o ano com £6,4 bilhões, incluindo serviços de streaming com canais lineares como o Now TV. O valor descarta o faturamento com banda larga e telefonia.

Apesar da queda, o faturamento da TV por assinatura segue significativamente superior ao do VOD: £6,4 bilhões versus £895 milhões.

Diferentemente do que acontece no Brasil, onde o aumento expressivo da base de assinantes há até três anos ainda reverbera no aumento da audiência dos canais de TV paga e no faturamento publicitário do meio, a TV do Reino Unido vem sofrendo também uma redução no faturamento publicitário (de 7%, para £3,9 bilhões em 2017).

Mais tempo ao online

Na tela da TV, o tempo de consumo de TV linear diário caiu 4,2% em 2017, chegando a 3:22. A queda é de nove minutos por dia em relação a 2016 e 38 minutos em relação a 2012. Entre crianças e jovens de 16 a 34 a queda é maior, o que faz com que pessoas com mais de 65 anos tenham assistido quaro vezes o que uma criança viu em 2017.

Considerando todas as telas, o tempo diário dedicado ao audiovisual em todas as telas no Reino Unido se mantém em aproximadamente cinco horas. No entanto, há uma migração do linear para o sob demanda. Dois terços do tempo médio diário foi dedicado a conteúdo linear broadcast, e um terço ao sob demanda. Apenas entre aqueles entre 16 e 34 anos, menos da metade do tempo total foi dedicado ao broadcast (46%). Quase uma hora por dia foi consumindo conteúdo no Youtube.

Investimento

A queda no tempo dedicado ao broadcast e no faturamento publicitário impactou no investimento em conteúdo por parte da TV pública (que é a mais forte no Reino Unido), caindo ao valor mais baixo em 20 anos. O investimento somado da BBC, ITV, Channel 4 e Channel 5 em programas locais inéditos em 2017 foi de £ 2,5 bilhões, quase £ 1 bilhão a menos que o pico do investimento, em 2004 (£3,4 bilhões). No entanto, o aumento o investimento de parceiros no custo da programação cresceu de £ 147 milhões em 2008 para £ 338 milhões em 2017, o que ajudou a mitigar a queda.

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