Interatividade e integração dominam o debate de tecnologia nos EUA

Dois temas têm sido especialmente discutidos pelos operadores de TV a cabo norte-americanos durante a NCTA Cable 2009, que acontece esta semana em Washington: interatividade e integração de plataformas. São dois temas que estão ainda distantes da realidade brasileira, mas cujos debates atuais apontam alguns caminhos interessantes.
No quesito interatividade, uma coisa já é certa: ela começa efetivamente onde houver potencial de receita publicitária, e é nesse sentido que estão se concentrando os esforços de peradores e programadores. E a maior aposta do mercado de cabo nos EUA é que a interatividade pode representar, para anunciantes e operadores, uma maior atenção do usuário e a possibilidade de comerciais direcionados e segmentados, revertendo-se em maior receita publicitária.
Além disso, um modelo que parece certo é o de plataformas unificadas para aplicações interativas. Todos tentam, de uma forma ou de outra, criar a usabilidade que a Apple conseguiu com a sua Apple Store, loja de softwares para iPods e iPhones em que os aplicativos são facilmente ofertadas e adquiridas pelos desenvolvedores e usuários, respectivamente.
O conceito central é criar uma plataforma comum em que essas aplicações interativas, sobretudo voltadas a publicidade segmentada e direcionadas ao comércio eletrônico, possam ser desenvolvidas.
Nos EUA, o esforço nesse sentido cabe ao projeto Canoe, Trata-se de uma parceria entre os maiores operadores de cabo dos EUA (Comcast, Time Warner Cable, Cox, Charter, Cablevision e Bright House) para desenvolver aplicações de publicidade interativa.
Outro tema com discussão bastante intensa envolve a implementação da linguagem EBIF (Enhanced TV Binary Interchange Format), desenhada pelo CableLabs especialmente para oferecer um formato comum de desenvolvimento de widgets (aplicativos) para set-top boxes, trazendo para esse ambiente a mesma usabilidade da internet e de algumas plataformas móveis, como o iPhone. O EBIF já está sendo utilizado na programação de aplicativos.
Prazos
A expectativa é que o projeto Canoe, para publicidade interativa, começe a dar os primeiros frutos em um ano, de modo que e em cinco anos o ambiente de interação plena entre usuários e anunciantes esteja concluído.
Ainda existe um problema central a ser resolvido em relação a aplicações interativas, contudo: o esforço de desenvolvimento deve ser pago por programadores ou por operadores?
A tendência é que quem tiver mais receitas com essas aplicações arcará com a maior parte do trabalho, mas até o momento ninguém sabe ao certo se é possível ganhar dinheiro, nem quanto.
A Time Warner Cable acredita que exista um grande potencial nesse mercado. Para Joan Gillman, vice-presidente para venda de mídia da TW, as operações que já têm interatividade têm um bom feedback em termos de aquisição de informações sobre os usuários, que podem ser utilizadas pelos anunciantes. A ESPN concorda, segundo Sean Bratches, vice-presidente de marketing da programadora. "Hoje já acumulamos informações detalhadas sobre os hábitos de mais de 8 milhões de clientes graças à interação que temos com eles, e isso pode se reverter em receitas publicitárias".
Integração
Outro ponto alto do congresso e da feira da NCTA Cable 2009 foi o a consagração do tru2way como plataforma comum para integração de dispositivos e aplicações entre diferentes redes e equipamentos de TV a cabo. A tecnologia, que no ano passado estava recém homologada pelo CableLabs, agora se tornou um padrão para a indústria norte-americana, que por muito tempo foi tachada de fechada e proprietária, em função das plataformas exclusivas de cada fornecedor. O próximo passo é a integração de metadados (informações sobre a programação) associados aos conteúdos. O desafio é fazer esses metadados serem entendidos por múltiplas plataformas, de modo que eles estejam disponíveis em qualquer dispositivos e ambientes. O CableLabs também está trabalhando em cima desse problema.

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