Conspiração e Icatu aportam capital na H2O

A distribuidora de cinema H2O recebrá um aporte de capital da Córtex, holding criada pela produtora Conspiração e pelo Grupo Icatu para investir em novos negócios no ambiente do audiovisual. Com a entrada do capital, a distribuidora pretende ampliar seu investimento em produtos brasileiros, bom como a carteira de títulos do seu line-up internacional.

A meta é tornar a H2O uma das três maiores distribuidoras de capital brasileiro em 2016. A Córtex passa a ter 40% das ações da H2O, além de garantir três assentos no conselho da empresa.

"Esperamos ter uma empresa de um porte e musculatura maior, para conseguir pensar em um planejamento estratégico de longo prazo, buscando projetos maiores", diz Sandro Rodrigues, diretor-presidente da H2O. A Córtex não terá ingerência sobre as escolhas artísticas ou de gestão de produtos da distribuidora. Mas está claro que há uma aproximação amigável que deve favorecer a distribuidora. "Estamos buscando expertise para dentro da empresa e inteligência. Vai ser importante trazer a experiência em gestão do Icatu e em conteúdo do Pedro (Buarque, sócio da Conspiração)", diz Rodrigues.

O foco está no cinema nacional, porque é onde a distribuidora consegue ter uma relação de parceria com os produtores. Mas, para isso, o próprio mercado precisa crescer. "O produto brasileiro tem que estar em 30% a 35% do market share. Isso só acontece se houver um volume de filmes competitivos. Não adianta contar com dois grandes títulos por ano. Tem que ser modelo industrial. Com volume não só da H2O, para ter quantidade de negócios".

Mesmo assim, Rodrigues diz que segue investindo em títulos internacionais. "Temos projetos importantes na área internacional, mas com foco principal no cinema nacional. A área internacional nos mantém plugados no que acontece no mundo. A mudança de comportamento de público é muito grande. Com isso, estamos em contato com outros estudos, temos reuniões discutindo estratégia de lançamento", explica o executivo. Além disso, segundo ele, os títulos internacionais ajudam a gerar um volume de projetos para girar a companhia. "Temos que manter uma equipe de alto nível. Sempre fomos muito preocupados em manter um time experiente. Isso tem custo", diz Rodrigues.

A desvantagem do internacional é que a distribuidora entra no projeto no início, e participa pouco de seu desenvolvimento, aumentando o risco. "Você entra no roteiro e reza para vir algo bom. No nacional, trabalhamos mais perto do diretor e do roteirista", explica.

"Em curto espaço de tempo, o nacional deve passar a ter representação maior na nossa empresa, em volume de tickets", disse.

Diferencial

O objetivo é oferecer ao mercado interno um trabalho estratégico de distribuição mais próximo das produtoras nacionais, entrando no projeto ainda na etapa de elaboração do roteiro.

"Temos que ser sócios de fato do projeto, com um trabalho transparente, capaz de unir forças pelo melhor resultado", diz.

Para isso, a H2O vem investindo em equipe, e em sistema, para dar mais transparência aos produtores. "O produtor tem acesso simultâneo a todas as informações do filme. Essa é uma das principais demandas dos produtores, transparência nos investimentos, no retorno", diz.

Equipe

A H2O tem uma gerente exclusiva para área de produção de filmes nacionais, Sabrina Garcia, que veio da Globo Filmes. Ela concentra a análise de projetos e seleção. Enquanto Daniel van Hoogstraten, que vem do Festival do Rio, é gerente internacional.

Jorge Peregrino, que foi VP senior de distribuição para Latam da Paramount, é diretor de planejamento. O diretor financeiro é Flavio Byron, que foi sócio da Liquidez, empresa que atua no mercado financeiro.

Histórico

A negociação começou a ser costurada há um ano. A H2O passou por um processo de auditoria e consultoria, liderado pelas empresas Freitas Leite e Campos Mello. Todos os processos internos da distribuidora foram redesenhados e serão revistos anualmente.

O primeiro lançamento nacional da distribuidora após a mudança será "Made in China", de Estevão Ciavatta, coproduzido por Pindorama, Conspiração e Globo Filmes. Estrelado por Regina Casé, o filme estreia em 6 de novembro com 400 cópias.

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