Presidentes da Telemar e Net duelam sobre convergência

Uma espécie de duelo verbal entre o presidente da Telemar/Oi, Luiz Eduardo Falco, e o presidente da Net Serviços, Francisco Valim, animou a platéia do lotado painel da Futurecom que discutiu a convergência de serviços na TV por assinatura, telefonia fixa e móvel. Os executivos se alfinetaram ao defender diferentes pontos de vista em relação ao mercado.
Falco disse que para atender o "convergido" (cliente), só uma empresa sobreviverá, a ?convergida?. Afirmou que a verdadeira competição está entre as plataformas de serviços, o que está diretamente relacionado a investimentos. ?E ficar fazendo serviços em cima de investimentos dos outros, também não dá. Quem quiser participar terá que investir, senão terá muita briga?, desafiou. ?É como querer entrar numa festa sem comprar o ticket.?
Valim, da Net, reagiu: ?Quando tiver uma só empresa fazendo isso, passaremos a ter um monopólio privado em todos os serviços. O conceito de uma única empresa é repudiável, pois ela defenderá os interesses de seus sócios, e sabe-se lá que interesses são esses.? Para Valim, a única solução é por meio de investimento, e não de ?fixas versus celulares, mas sim, fixas e celulares.?
Falco respondeu que ninguém é capaz de controlar o mercado, especialmente no que se refere aos serviços de VoIP. ?Quem chegou na frente e teve uma boa idéia, vai levar.?
O diretor da Samsung, Oswaldo de Mello, opinou que a predominância deveria ser da tela pequena (celular), onde existe a identificação do usuário, através de seu número pessoal. Valim, da Net, discordou, pois não acredita que a convergência acontece só em um aparelho, ?mas sim no quarto do usuário, com a complexidade total da convergência?.
?No trânsito, algumas aplicações serão melhores que outras. Quem produz celular gostaria que (a convergência) fosse no celular?, disse Valim.
O diretor da Vivo, Guilherme Portela Santos, respondeu que ?a inclusão digital não é uma inclusão celular.?
Disposto a provocar as operadoras móveis, Falco, da Telemar, disse que estas empresas só não estão presentes onde é preciso investir em universalização – referindo-se a áreas remotas, de baixa densidade e renda per capita reduzida. ?Onde tem dinheiro para tirar, a móvel está lá. Agora não existe mais isso, e sim plataforma. Nós acreditamos em vender infra-estrutura, não em doar.? Acrescentou que a competição hoje é ampla, geral e irrestrita: ?O que existe é todo mundo querendo enfiar produtos no consumidor, dentro do limite que ele pode gastar.?

Portabilidade

A portabilidade numérica, em fase de consulta pública, também dividiu as opiniões. Valim disse que o monopólio ocorre no serviço de voz e que a portabilidade permitirá aos clientes migrar entre operadoras fixas, móveis e, principalmente, no domicílio. Falco disse não acreditar mais em portabilidade. Explicou que nos mercados onde a portabilidade foi implantada, houve churn inicialmente, mas depois uma acomodação. ?Se adiciona um custo para sempre. O benefício é temporário, mas o custo, eterno. Precisa calibrar.?

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