Com direção de Jeferson De, coprodução da Globo Filmes e Paranoid, produção associada da Buda Filmes e distribuição da Elo Company, o longa-metragem "Doutor Gama" estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 5 de agosto. O filme é inspirado na vida de Luiz Gonzaga Pinto da Gama, personalidade fundamental no movimento abolicionista brasileiro.
"Doutor Gama" é baseado na biografia de Luiz Gama, um dos personagens mais importantes da história brasileira, homem negro que utilizou as leis e os tribunais para libertar mais de 500 pessoas escravizadas. Nascido de ventre livre, Gama (interpretado em suas diferentes fases de vida por Pedro Guilherme, Angelo Fernandes e César Mello – este, na foto principal) foi vendido como escravo aos dez anos de idade para pagar dívidas de jogo de seu pai. Mesmo como escravo, se alfabetizou, estudou e conquistou sua própria liberdade, se tornando um dos mais respeitados advogados de sua época. Um abolicionista e republicano que inspirou um país inteiro.
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No elenco ainda estão Teka Romualdo, Johnny Massaro, Mariana Nunes, Romeu Evaristo, Sidney Santiago, Dani Ornellas, Erom Cordeiro e Nelson Baskerville, com participações especiais de Zezé Motta e Isabél Zuaa.
"Esse roteiro foi apresentado a mim pela Paranoid há anos atrás, em 2014. Recebo muitos projetos mas, esse, à medida que fui lendo, foi me chamando cada vez mais a atenção. Conhecia o Luiz Gama por cima, mas me impressionei ao descobrir sua trajetória, que é quase a trajetória de um herói. Pensei 'essa é uma história que eu gostaria de contar'. Foi um trabalho árduo, difícil e cheio de desafios, mas conseguimos realizá-lo", disse o diretor em coletiva de imprensa virtual.
Pedro Betti, da Paranoid, também esteve presente no evento online e comentou: "Eu, como advogado, conhecia pouco da história de Gama. Conforme fui lendo o roteiro, me aprofundando, pensei que essa era uma história que deveria ser explorada. E queríamos fazer algo de massa, para tentar atingir um grande público mesmo. A história de Gama é inacreditável – tem seu valor histórico e de entretenimento também". Sobre a produção, Betti explicou: "Foi um trabalho de formiguinha. Inscrição em editais, desenvolvimento de estratégias, planos de orçamento… Aí veio a entrada da Globo Filmes e dos demais parceiros, o que foi muito importante". Por fim, o produtor concluiu: "Foram oito anos de trabalho e, por isso, a expectativa para o lançamento é muito boa. Esperamos que esse seja o primeiro de muitos filmes sobre o Gama. Tem muitas histórias a serem contadas ali dentro, possíveis leituras diferentes. Vejo o nosso filme como um primeiro passo e tenho muito orgulho disso".
Cristiane Arenas, da Buda Filme, deu mais detalhes sobre o processo de busca de locações para o filme, que se passa em São Paulo, no século XIX: "Antes de chegarmos a Paraty, onde filmamos, eu e o Jeferson percorremos o Vale do Paraíba quase inteiro. Além de ter toda a história do Luiz Gama, tínhamos um personagem importante, que era essa São Paulo do século XIX. Que cidade é essa que ninguém viu? É um lugar que não tem muitos registros dessa época, como se tem do Rio de Janeiro, que era a capital. Então nosso investimento foi muito neste lugar de preparação e desenho de produção do filme". Arenas ainda apontou que, ao ler o roteiro, já notou que essa preparação seria longa: "Era um filme de época, que demandaria recursos tecnológicos que não daríamos conta no Brasil, ainda mais considerando o dinheiro que poderíamos captar. Daí tínhamos uma questão grande para resolver: deixar aquele roteiro possível para se filmar no Brasil e com os recursos que conseguiríamos".
O diretor, Jeferson De, também falou sobre a questão: "O roteiro inicialmente era extenso e longo, e demandaria recursos que, já naquele momento, não eram possíveis – hoje menos ainda. Voltamos a analisar o texto, porque era mesmo uma história muito potente. Fomos, então, pensando em recortes. Tínhamos três momentos que, para mim, como diretor e homem negro, faziam sentido: a criança vendida pelo próprio pai logo na infância; a conquista da liberdade e o homem livre, casado, pai, e que passa a atuar como advogado. Tive o desafio de dirigir três atores fazendo o mesmo personagem. Mas, aí, a Cris (Arenas) veio com um argumento que foi quase um golpe baixo: ela lembrou do 'Moonlight', que é dividido em três trechos também. O filme virou uma grande referência mesmo e, a partir dessa divisão, se tornou mais realizável".
Com roteiro de Luiz Antônio, patrocínio da SABESP e apoio Mattos Filho, "Doutor Gama" busca evidenciar a história deste advogado, jornalista, abolicionista e poeta, para um Brasil que ainda tenta apagar os fatos de seu passado. O filme foi feito com recursos geridos pela ANCINE e pelo Fundo Setorial Audiovisual e ainda teve apoio para produção e distribuição da Secretaria da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo, através do Programa de Fomento ao Cinema Paulista – 2016 e da Lei Aldir Blanc.
"É um filme que fala da minha história, da nossa história e de capítulos que foram apagados da história brasileira", concluiu Jeferson De.
