Para fundador do Porta dos Fundos, não é o conteúdo que está mudando, e sim plataformas e meios de distribuição 

O diretor Ian SBF (Foto: Divulgação)

Formato popularizado por plataformas como TikTok e Instagram, os vídeos curtos tornaram-se a linguagem preferida da Geração Z e obrigaram marcas e veículos a aderirem ao estilo. Mas Ian SBF, diretor, roteirista e produtor e um dos fundadores do Porta dos Fundos, ressalta: "Não acho que o conteúdo em si esteja mudando, até porque as mudanças que estamos vendo no mercado estão muito mais atreladas às mudanças nas plataformas e na distribuição. Mas, por incrível que pareça, as próprias plataformas estão sim em um ciclo constante e, não tão surpreendentemente, estão redescobrindo os modelos que o cinema e a TV sempre usaram. O conteúdo, na verdade, é sempre o mesmo. Tudo é sim cíclico – e a única diferença que vejo hoje é na tecnologia, que de tempos em tempos encontra uma nova forma de fazer a mesma roda girar há mais de um século". 

Quando pensamos em conteúdo, estamos, no fundo, pensando em histórias, narrativas e em aprender sobre o mundo, segundo SBF. Por isso, o conteúdo sempre terá espaço no nosso mundo. "Talvez não o espaço que os conglomerados de entretenimento precisem para continuar inflando suas bolhas, mas esse espaço sempre existirá. Novamente, tudo é cíclico e as bolhas sempre estouraram nessa indústria, inflando e desinflando constantemente", observa. 

Nesse contexto de conteúdos mais curtos e ágeis, o produtor analisa se há espaço para produções mais autorais: "O audiovisual nasceu de curtas de poucos minutos. Talvez as coisas mais interessantes tenham surgido nesse período. Porém, claro que eu entendo que hoje nós temos novos desafios e dificuldades com a velocidade que as coisas mudam. Mas não existe motor maior para criatividade do que as dificuldades que a gente precisa superar para contar uma história. São os momentos de ruptura que geram as maiores descobertas e experimentações". 

Marcas em constante adaptação e transformação 

As marcas, obviamente, também buscam se adaptar a essas mudanças e novas possibilidades de formatos. Mas será que é possível que todas elas consigam se encaixar e fazer isso de forma orgânica, sem que pareçam "forçadas"? Para o diretor, sim: "Marcas fazem parte da nossa vida. Se as marcas entenderem como já fazem parte da vida das pessoas, os conteúdos que elas criam nunca serão forçados. Acho que o grande segredo é entender o mundo e o seu lugar nele, mesmo que seja para extrapolar e até subverter esse limite". 

SBF pontua ainda que já passou a fase em que as marcas tinham que usar um "único e imenso canhão" para falar com o máximo de pessoas possíveis: "Hoje, elas precisam ser muito mais assertivas e enxutas para falar com o seu público". Por isso, para elas, se aliar a novos creators, que produzem conteúdo especialmente para as redes sociais, pode ser uma estratégia. "Tudo dependente do objetivo e com quem elas querem falar", explica. 

Case Porta dos Fundos 

O Porta dos Fundos, grupo do qual Ian SBF é um dos fundadores, é um exemplo de produção para diferentes meios, em diferentes formatos, mas sem perder o DNA. O segredo está no comprometimento com a história que desejam contar. "Enquanto nós estivermos conectados com o mundo que nós vivemos, nós vamos compartilhar as mesmas histórias, ideias e piadas que já estão rondando as mesas de bar, salas de reuniões, meetings e etc. O nosso segredo sempre foi, e com certeza continuará sendo, contar as histórias que nós gostaríamos de ouvir. Enquanto esse for o nosso maior objetivo, provavelmente outras pessoas também vão rir, se divertir e se entreter conosco. Na maioria das vezes, principalmente se tivermos uma marca conosco. A vida tem marcas", conclui. 

Evento

Ian SBF estará no painel "Curto, ágil e efêmero: como será o conteúdo do futuro?" que acontece na próxima terça-feira, dia 11 de abril, às 16h, no Rio2C 2023. Também participam Ana Paula Passarelli, co-fundadora e COO da agência Brunch; e Patrícia Moura, publicitária e especialista em mídias digitais. A moderação será de Caio Fulgêncio, repórter do jornal Meio & Mensagem. 

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