Wagner de Assis encerra as gravações de "Nosso Lar 2 – Os Mensageiros" no Rio de Janeiro

Baseado no livro "Os Mensageiros", psicografia de Chico Xavier pelo espírito André Luiz, o longa "Nosso Lar 2 – Os Mensageiros" encerrou recentemente as filmagens no Rio de Janeiro. Com direção e roteiro de Wagner de Assis, produção da Cinética Filmes em coprodução com Star Original Productions e distribuição da Star Distribution, o filme retoma a saga que levou mais de quatro milhões de pessoas aos cinemas em 2010 com a primeira parte da franquia. Atualmente, o primeiro longa está em exibição em mais de 40 países. "Nosso Lar 2 – Os Mensageiros" tem previsão de estreia nos cinemas para 2023 e conta também com Iafa Britz ("Minha Mãe É Uma Peça" 1, 2 e 3) como produtora.

"Quando acabamos o primeiro filme, eu logo quis emendar o segundo, que era a adaptação do livro seguinte. É uma série de livros, e temos os direitos autorais de alguns deles. A largada foi dada por volta de 2011 – na época, a Fox já estava com a gente no projeto. Mas tivemos longos processos no meio desse caminho que atrasaram as coisas. Estávamos alinhando para filmar, começando os testes de efeitos visuais e trabalhando no conceito e no pré-desenvolvimento, quando veio a pandemia. Íamos inicialmente filmar em 2020. Antes, fiz outros projetos, como 'Kardec – O Filme', 'Amor Assombrado' e 'A Menina Índigo', além das novelas 'Espelho da Vida' e 'Além do Tempo'. Agora, finalmente conseguimos rodar, ainda seguindo os protocolos em relação à Covid-19", conta o diretor Wagner de Assis em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

Nesta nova história, André Luiz (Renato Prieto) se integra a um grupo de espíritos mensageiros que parte em direção à Terra para acompanhar os desdobramentos de uma missão que corre o risco de fracassar: a criação de uma obra espiritual que ligue os dois mundos. No processo, também enfrentam seus próprios dramas. O médico, que teve a história contada no primeiro filme, embarca na jornada liderada por Aniceto (Edson Celulari). Juntos, eles se dedicam a cuidar de três protegidos cujas histórias estão interligadas: Otávio (Felipe de Carolis), jovem médium que não cumpriu com o planejado em sua missão; Isidoro (Mouhamed Harfouch), líder de uma casa espírita; e Fernando (Rafael Sieg), empresário responsável pelo financiamento do projeto.

O elenco traz ainda Fabio Lago, Vanessa Gerbelli, Fernanda Rodrigues, Aline Prado, Nando Brandão, João Barreto, Letícia Braga e Camila Lucciola. O filme terá ainda a participação especial de Othon Bastos, o governador da cidade espiritual. 

Mudanças de mercado 

Desde que o primeiro filme do "Nosso Lar" foi lançado, em 2010, muitas coisas mudaram: as janelas se ampliaram, com a ascensão das plataformas de streaming e a chegada de diferentes serviços do tipo; o processo de editais de fomento foi afetado, com uma série de crises na Ancine; os hábitos de consumo de audiovisual ganharam novos desdobramentos; e a pandemia de Covid-19 provocou uma série de efeitos – crise financeira, fechamento das salas, dificuldades de produzir e o receio que parte da população ainda sente de voltar a frequentar cinemas; entre outras questões. "Temos um leque de mudanças de lá pra cá. Do ponto de vista de mercado, tivemos um ganho enorme em relação à tecnologia e talento. No primeiro filme, entendemos que só conseguiríamos fazer o que precisávamos em um lugar de grande estrutura de efeitos visuais, que encontramos no Canadá. Agora, isso está totalmente disponível no Brasil, e a quantidade de talentos nessa área só cresce. O mercado está aquecido novamente. Eu, particularmente, depois de tantos outros filmes, estou mais experiente também – o tempo ajuda, não tem como negar", analisa.

Longevidade e potencial da história 

Mas apesar de ter passado tanto tempo, o "Nosso Lar" continua uma obra audiovisual relevante. "A longevidade do projeto é assustadora. Ele está em quase 40 países, ainda é o mais visto de alguns portais esotéricos. Ainda recebemos muitos e-mails, propostas de palestras e pedidos de entrevista de diversos lugares do mundo. É uma carga mensal. O filme continua navegando de maneira muito forte", revela Assis. "Com isso, entendemos que, embora o filme tenha nascido da literatura espírita, que é de onde nos alimentamos para contar a história, ele sai desse nicho, desse codinome de 'filme espírita'. Estamos falando de um filme de drama, de ação, de emoção. Apostamos por 'abrir' o filme e vimos que esse era o caminho correto. Ele é para quem acredita no espiritismo e também para quem não acredita. Esse aprendizado, pra mim, ajudou muito nessa nova fase. É um tema que interessa a todos. Não é propriedade do espiritismo e nunca foi. Mas ele está contido naquele conjunto de conhecimentos, naquelas histórias incríveis que credito ao trabalho do Chico Xavier. Que bom que podemos usar o cinema e o audiovisual para se alimentar dessas histórias. Acho relevante para o momento do país. É diferente contar uma história sobre isso depois de tudo o que aconteceu, especialmente com a pandemia, as perdas que todos tivemos. Ganha outro tipo de relevância. Não é questão de acreditar, é só uma proposta de reflexão", pontua. 

Dado ao sucesso do primeiro filme, as expectativas para o próximo são altas. "Viemos de um mega sucesso e não queremos decepcionar o público. Os números que fizemos mostram que cada vez mais as histórias têm um caminho próprio. Os momentos de escalar elenco e escrever roteiro, por exemplo, são mais dolorosos do que a hora de filmar, porque aí as escolhas importantes já foram feitas, só falta fazer o show acontecer. Fiquei feliz com nosso set. Mas é sempre uma aposta, que dessa vez tem como base um livro de mais de um milhão de cópias vendidas", diz. 

Projetos ligados ao espiritismo 

Assis carrega consigo um interesse pessoal pelos temas ligados ao espiritismo ao mesmo tempo em que acredita no potencial dessas histórias. Para além dos filmes do "Nosso Lar", ele também escreveu novelas que conversam com a temática, como "Espelho da Vida"; possui um acordo com a Sony para adaptações audiovisuais das obras de Zíbia Gasparetto, como "O Advogado de Deus", já em pré-produção; assina diferentes projetos relacionados ao trabalho e à história de Chico Xavier, negociando atualmente com o mercado uma série documental de sete episódios sobre o médium e já tendo rodado "Chico Para Sempre", documentário de 20 anos da morte de Chico Xavier; entre outros. "É um tema inesgotável. Conheço a história de Chico desde criança, me ligo a ele por questões pessoais. E também gosto do tema, acho que ele acaba conversando com todas as religiões. Escolho temas que navegam num ar de humanidade e que me atraem", define. 

Entre seus próximos projetos já confirmados, estão "The Fox Sisters", baseado numa história real americana, com a Star Original Productions / Disney; "Emmanuel", a cine-espírito-biografia do mentor de Chico Xavier, com a Universal Entertainment; e "Ninguém é de Ninguém", com a Sony.

Cenário do audiovisual e perspectivas para o futuro 

Assis é, em geral, otimista em relação ao futuro do audiovisual nacional, mas ressalta: "Passamos por muitas crises e, hoje, estamos em um momento muito difícil em relação ao estado brasileiro, cultura e cinema. Essa relação precisa ser reconstruída. Mas depende muito do que vai acontecer nas eleições. Espero que essa relação seja construída da forma que tem que ser. Fomentando inclusive a iniciativa privada, atuando para que a gente consiga ter um mercado instituído. Chegamos perto disso com a construção do FSA, que era um caminho para estabelecer o mercado". Ele acrescenta: "Uma coisa que busco muito é não adequar as histórias ao dinheiro. Mas essa, infelizmente, é a realidade de muitos produtores. É injusto que fiquemos reféns dos orçamentos. É incorreto com a sociedade brasileira não ter uma produção audiovisual à altura. Conheço formas de fazer cinema em alguns lugares, como EUA, Inglaterra, Coreia do Sul, e sei que essa conjunção de governo fomentando e iniciativa privada só tem a ganhar. Hoje, estamos todos trabalhando, mas falta o Estado para fechar essa conta. Os mercados funcionam assim, um lado equilibra o outro e, hoje, isso está desequilibrado. Nunca foi tão ruim como nos últimos três anos e meio. Mas a cultura não morre. As pessoas passam, os governos, as tempestades. Mas a arte permanece. É a manifestação do espírito humano". 

8 COMENTÁRIOS

  1. Wagner é um excelente cineasta e um homem de bem. Para nós é um privilégio estarmos encarnados na mesma época atual tão necessitada de mensagens como as transmitidas por Wagner.

  2. Que maravilha. Parabéns pelo trabalho. Não vejo a hora de assistir esta beleza que é a Obra de André Luiz e Chico Xavier. Rica em ensino e aprendizado. Paz e luz a toda equipe.

  3. É uma pena que tenha exposto esse lado político, porque retirou a pureza da história que o mundo espiritual ensina.

    Uma boa história não prescinde de financiamento público para tanto, até porque, numa época de pandemia e guerra, um governo responsável, que está enfrentando a maciça maioria de corruptos, visa cuidar de pessoas para que a arte tenha plateia.

    Até mesmo um filme feito com celular encontraria guarida monumental de expectadores nessa época de despertar.

    Fica a sugestão para focar a alma, e, não a matéria da humanidade.

  4. Parabéns Wagner pelo trabalho! Levar para as telas livros de André Luiz e Chico Xavier, é uma ousadia do Bem!
    Muito feliz! Parabéns para toda equipe técnica e artística!
    … na expectativa de assistir no cinema!!!

  5. Foi excelente Nosso Lar e os mensageiros, com certeza também será! Será maravilhoso um seriado com a continuação das obras do André Luiz! Instrutivas e lindas, assim como era Chico Xavier , que independente de religião , só fazia e faz o bem a todos!

  6. Wagner de Assis é um dos profissionais do cinema na atualidade, de maior competência e sensibilidade. Tem oferecido ao público projetos da maior relevância para a arte e para a humanidade, nos ajudando a pensar e a mudar os paradigmas da sociedade para melhor.

  7. […] Desde que o primeiro filme do "Nosso Lar" foi lançado, em 2010, muitas coisas mudaram, como os hábitos de consumo do público e as novas possibilidades de janelas de distribuição, por exemplo. "Temos um leque de mudanças de lá pra cá. Do ponto de vista de mercado, tivemos um ganho enorme em relação à tecnologia e talento. No primeiro filme, entendemos que só conseguiríamos fazer o que precisávamos em um lugar de grande estrutura de efeitos visuais, que encontramos no Canadá. Agora, isso está totalmente disponível no Brasil, e a quantidade de talentos nessa área só cresce. O mercado está aquecido novamente. Eu, particularmente, depois de tantos outros filmes, estou mais experiente também – o tempo ajuda, não tem como negar", analisou Wagner de Assis em entrevista para TELA VIVA. […]

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