News compra DirecTV. E agora?

Rupert Murdoch e sua News Corp. venceram a guerra pela DirecTV. Mas, assim como acontece no Iraque, a pergunta a ser feita é: "E agora?"
Certamente Murdoch aprendeu que a paciência é uma virtude. Sua oferta de US$ 6,6 bilhões por uma fatia de 34% na Hughes Electronics é cerca de 23% menor do que pretendia pagar em 2001, quando ofereceu US$25 bilhões por toda a empresa. E é muito menos do que os US$ 30 bilhões que a Echostar pretendia pagar pela DirecTV também em 2001. A oferta da Echostar não foi permitida pelas autoridades dos EUA, que temiam a criação de um monopólio no mercado americano de DTH.
Mas enquanto Echostar e DirecTV planejavam a fusão, a Echostar teve total acesso aos dados e planejamentos da DirecTV. Será algo útil agora que a DirecTV, sob a batuta de Murdoch, deverá competir com a Echostar.
A News Corp., por sua vez, terá que revitalizar a DirecTV. A empresa mantém a liderança do mercado norte-americano, com cerca de 11,3 milhões de assinantes. Mas a Echostar, hoje com 8,2 milhões, consegue rapidamente tirar a diferença. No último trimestre, a Echostar ganhou 320 mil assinantes enquanto a DirecTV ganhou "apenas" 203 mil. A DirecTV alega combate a pirataria como a principal causa de seu crescimento inferior.
O fator externo a ser considerado é o governo. Possivelmente, a Echostar, já mais experiente por sua tentativa frustrada, pedirá a Washington para barrar a compra da Hughes pela News Corp. E deve ter alguns apoios nesse sentido. As maiores redes de TV, por exemplo, adorariam tirar da News alguns eventos importantes, como os direitos sobre o baseball e a National Football League, controladas pela Fox.
As operadoras de cabo também buscam uma forma de tornar a vida da operadora de DTH mais complicada. E muitos políticos sentem-se ressentidos da forma como a Fox News trata os fatos.
Essa tendência pôde ser percebida este mês, quando o Pentagono mandou que o correspondente da Fox News Jeraldo Rivera deixasse o Iraque depois de ter divulgado a posição das tropas e os planos de ataque. Vale lembrar que há, também entre os democratas, posições contrárias à Fox News, considerada excessivamente pró-Bush em sua cobertura.