Plataformas de streaming e operadoras apostam em parcerias para ampliar alcance

(Foto: Pixabay)

Entre os operadores de banda larga que participaram nesta terça, 9, no Brasil Streaming 2023, realizado por TELETIME e TELA VIVA, há um consenso: oferecer serviços de streaming é fundamental, e este trabalho passa essencialmente pela consolidação de parcerias. "Somos como um trem, no qual a fibra é o vagão principal e os outros vagões são produtos e parceiros que queremos agregar e vender", definiu Jair Cordeiro, gerente executivo comercial da Brisanet. Ele ressaltou que, atualmente, existe um leque de oportunidades, mas que o objetivo central é focar em bons parceiros, que gerem valor e resultado. "Neste mercado tão competitivo, precisamos de grandes parceiros, que falem com todo mundo, e outros mais nichados, para atender a públicos específicos, que na minha região são muito fortes. São diferentes formatos de estratégia e estamos abertos a novos negócios. O bom negócio é aquele que é bom para as duas partes. E queremos parcerias que durem, como um casamento, que dê certo e proporcione crescimento para ambos os lados", completou. 

Com o ponto de vista de uma empresa "de cara nova", Rafael Wilker Brandão, gerente de crescimento de produtos da Alares, um ISP com cerca de 510 mil clientes, acredita que o caminho passe por tangibilizar todo o investimento que a telecom faz: "Não adianta investir em rede senão tivermos um serviço para mostrar. O streaming faz o cliente perceber o valor daquilo que ele tem em casa. Há ainda a ótica do posicionamento – com o streaming, nosso cliente vê que somos uma empresa multi serviços – e a econômica – pois eleva o ticket médio, mas agregando valor. Não é só gastar mais por gastar, e sim adquirir um conteúdo relevante. É uma mudança de patamar". O executivo ainda pontuou: "Também estamos abertos e buscando parceiros de streaming. Para nós, é crucial que os parceiros nos acionem, que possamos pensar em coisas diferentes juntos. Como levar o streaming especialmente para o cliente da classe C é o grande desafio. Para as classes A e B, a venda é mais fácil". 

Papel do marketing

Nesse sentido, o marketing das plataformas têm um papel essencial, impulsionando não só a contratação direta, mas também por parceiros, que conforme sinalizado pelas operadoras, são aliados nesse jogo. A Warner Bros. Discovery, por exemplo, se prepara para lançar no final deste ano a MAX, plataforma que resultará da junção dos atuais serviços HBO Max e discovery+. No entanto, Louise Faleiros, diretora de marketing da WBD, faz uma ressalva: "Antes do marketing, vem o próprio conteúdo, além das conversas que ele gera, que são muitas. Conteúdo global tem muitos fãs – e os brasileiros são muito participativos nesse sentido". A executiva acrescentou: "Existe o marketing direto para o consumidor, via social media e CRM, e entramos no Brasil investindo pesado nele. Criamos uma personalidade de marca forte nas redes sociais e continuamos investindo nesse sentido e conquistando conexão local. E mesmo com os conteúdos internacionais, buscamos criar algum tipo de conexão com a audiência local. Quando falamos do marketing com parceiros de distribuição, como as telcos, que trabalham com a gente no linear, buscamos tratar esses clientes com o maior cuidado, maximizando a experiência do consumidor. Não pode ser um marketing só direto pro consumidor final. Esses parceiros de distribuição nos ajudam a dar mais capilaridade para as campanhas, pois chegam a lugares onde não chegamos".

No caso da Globo, a marca forte que ela carrega ajuda e muito. Mas, segundo Teresa Penna, diretora do Globoplay, não é o suficiente – e é aí que entram os parceiros. "Os pequenos e os grandes parceiros nos ajudam muito. O Globoplay teve mais facilidade de penetração por conta da marca, além de ter toda a distribuição do ecossistema Globo, mas onde não conseguíamos chegar, chegamos com os parceiros. O combo banda larga + streaming é muito rico. Afinal, streaming requer muita banda para rodar. E nesse Brasil profundo, é claro que quem chega com banda larga pode chegar com o streaming também", afirmou. 

Agregação, organização e oferta 

Nesse cenário complexo, onde os papéis se misturam, surgiu a Box Media Group, focada em conteúdos e canais brasileiros. A empresa foi crescendo e ampliando seu leque, agregando conteúdo que vinha da internet nos canais da TV, junto com licenciamento. Com a experiência de agregação, o próximo passo foi a criação de uma plataforma, a Box Brazil Play – que num primeiro momento agregava só os canais próprios e, depois, de terceiros também. "É uma transformação de mercado. Na Pay TV se concorria por 'lotes'. Hoje, no caso da Box Brazil Play, viramos agregadores daqueles que, antes, eram concorrentes, e agora são parceiros. Atualmente temos 16 canais de TV – seis no mercado de Pay TV e dez no streaming, e estamos lançando outros dez canais FAST. Essa agregação, organização e oferta é o grande diferencial", destacou Cícero Aragon, CEO da Box Media Group. O grupo acabou criando a Container, que é uma grande agregadora de conteúdo. "É um meio de levar nossa experiência como agregadores para que provedores, times de futebol e marcas possam criar suas conexões sem concorrer com grandes apps. E vão surgir novas plataformas e serviços agregados, como música e games. Então essa experiência acumulada de curadorias vai ajudar. Quem for mais competente ao entregar o melhor conjunto de conteúdos para cada tipo de público é que vai ter sucesso", completou. 

Outra empresa "multi produtos" é a Sky, que investe em tecnologia, streaming e distribuição, entre outros. "O Brasil é muito distinto e diverso, são realidades e preferências diferentes. Estamos olhando para esses clientes e estamos em todos os municípios do Brasil. Mas no streaming, acredito que ele ainda está tentando se encontrar. Tivemos agregação de plataformas, fusões, estamos encontrando qual será o modelo. Mas, em última instância, o cliente quer conteúdo e facilidade, isto é, ter acesso ao conteúdo que é relevante para ele de maneira simples. Apostamos na descoberta do conteúdo, na busca e no consumo. Ser um hub de conteúdo é o ponto central da nossa estratégia, independente do meio. O importante é que o cliente receba aquele conteúdo no momento desejado", disse André Ribeiro, VP de marketing e produtos da SKY, empresa que, com a DGO, lançou um produto que une linear e VOD. "No linear, o cliente encontra nossa curadoria, para quando ele assiste televisão no modo passivo, que recebe conteúdo, e não busca. Mas o outro lado, a busca, também é importante. Ainda temos barreiras, como deixar o consumo mais fluido e deixar claro para o público onde está o conteúdo que ele quer assistir. Estamos investindo bastante nisso, em integrar metadados e trazer uma experiência unificada, suave e limpa do início ao fim", adiantou. 

Tecnologia é chave 

Ao lado do conteúdo e do marketing, a tecnologia é um dos principais investimentos do streaming, segundo Teresa, que informou que o Globoplay, por exemplo, investiu mais de 1.5 bilhão nesse sentido. "Em tecnologia, temos duas grandes frentes de investimento: venda direta ao consumidor e entrega de vídeo. Estamos na cloud pública do Google e distribuímos nossas CDNs por todo o Brasil – e as nossas afiliadas contribuem com isso. Assim, conseguimos ter qualidade na entrega, na venda e no streaming", contou. 

Aragon concordou e afirmou que é um aprendizado longo, mas que a empresa já entendeu que o objetivo é investir na tecnologia como um grande "lego", isto é, criando conexões: "É conseguir ter sequência de API's para conectar todos os tipos de parceiros que têm diferentes tecnologias e formas de autenticação e entregar uma solução híbrida. E desenvolver uma tecnologia para poder ir para o ambiente do parceiro, se necessário. Porque mesmo trabalhando com grandes parceiros fornecedores, existem problemas de processamento de conteúdo e áudio. Por isso criamos uma empresa agregadora de conteúdo e passamos a processá-lo do início ao fim, para garantir a qualidade. E desde o ano passado estamos desenvolvendo nossa própria rede CDN. Só conseguimos ter a experiência de grandes players quando conseguimos ter CDNs perto dos clientes e descentralizadas. Estamos investindo em redes CDNs e queremos chegar a cerca de 300, 400 pontos, para estar de fato perto dos consumidores e controlar a experiência". 

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