O caminho para as operadoras de DTH competir no cenário em que a distribuição não linear e sob demanda ganha destaque é através de modelos híbridos.
A maior operadora de DTH do país, a Sky, aposta em atuar como um hub de conteúdo. Daí a estratégia da operadora em lançar sua caixa inteligente baseada em Android, explicou no Pay-TV Forum 2021, realizado de forma online por TELA VIVA e TELETIME nos dias 9 e 10 de agosto, Luis Otavio Marchezetti, diretor de engenharia da Sky. "O Sky Connect, a caixa Android TV 4K, pode funcionar até como console de games, caso o cliente baixe algum aplicativo na loja da Google" disse. O modelo garante ao serviço da Sky a confiabilidade e a capilaridade do DTH, mas com conexão em duas vias.
A caixa conta com o Google Assitant, com farfield, que permite conversar à distância, e pode integrar os dispositivos de smart home da casa. "Queremos ser o melhor entretenimento para o Brasil, chegando em todos os cantos. Sabemos que tem muito espaço para o DTH tradicional e unidirecional, pois a banda larga levará tempo para chegar em todos os lugares", diz Marchezetti. Com o novo produto, a operadora tem uma oferta para o topo da pirâmide, mas continua com o serviço mais tradicional para as classes de base.
Hoje a caixa já conta com Netflix integrado, inclusive com botão dedicado no controle remoto, e permite até serviços lineares, como o DirecTV Go. A caixa permanece em ambiente controlado, não permitindo acesso a qualquer aplicativo.
Já a maior operadora de TV por assinatura, a Claro, também investe no modelo híbrido para a fatia da sua base de assinantes que está no DTH. "Já tínhamos o Now no set-top box, bastando conectar a caixa na Internet. Agora temos também Netflix. O caminho é dar mais conteúdo ao cliente DTH", explica Alessandro Maluf, diretor de produto vídeo da Claro.
A dificuldade na transição para o modelo híbrido está na base legada. "Inovar vai passar pela troca de equipamentos na casa do consumidor.
Esse é o processo histórico da TV paga", diz Maluf, lembrando de momentos de transição como a migração do analógico para o digital e do SD para para a alta definição. "Não tem como a operadora migrar 15 milhões de equipamentos da noite para o dia. Vamos eliminando os equipamentos antigos, instalando novos", completa.
Soluções
"Muitas operadoras estão buscando formas de renovar a forma de distribuição ao usuário final", diz o vice presidente comercial da SES na América Latina e Caribe, Jurandir Pitsch. Segundo ele, é possível unir os universos satelital e OTT, levando ao DTH o return of investment elevado da publicidade direcionada, mas sem os altos custos de CDN, e os congestionamentos de rede em picos de uso.
"Na plataforma híbrida, o usuário tem o melhor dos dois mundos. Canais de esportes chegam pelo DTH; filmes, pelo OTT. Pode ainda integrar plataformas OTT de terceiros, tudo em uma única interface gráfica, de forma integrada, dependendo da parceria", diz.
De acordo com Pitsch, novas plataformas podem ser lançadas facilmente nesse modelo. As existentes, no entanto, precisam adotar uma agenda de mudança. "Mudança importante para a sobrevivência e manter as plataformas de DTH relevantes no futuro", completa.
Hugo Ramos, CTO para a América Latina da Commscope, diz que o futuro das operações por assinatura, independente de meio de distribuição, passa pela ampliação do tipo de conteúdos ofertados. "Podemos adicionar novos conteúdos, gamos, dashboard digital, educação online, controlar a casa", diz.
Para Ramos, o investimento hoje demanda uma estratégia future proof com uma dinâmica diferente do passado. "Sem dúvida os movimentos do passado foram muito suaves. Agora é mais acelerado. O que vai fazer a diferença é a plataforma que se está implementando", diz. "O processo é mais rápido. Falamos de coisas necessárias e flexíveis para, depois de montar, poder evoluir. É um diferencial para manter o operador de sucesso", completa.