Programadoras desenvolvem diferentes estratégias para conciliar conteúdo para o linear e o streaming

Atualmente, a maior parte das programadoras oferece conteúdos audiovisuais para a audiência na TV linear, seja via canais abertos ou pagos, e também no streaming, seja em plataformas próprias ou de terceiros. Mas como fica a produção de conteúdo pensando nesses dois universos? O assunto foi tema de debate durante um dos painéis do segundo dia do Pay-TV Forum nesta terça-feira, 10 de agosto. 

Para Teresa Penna, diretora de soluções para produtos e serviços digitais da Globo, os modelos de negócio coexistem e não existe nenhum tipo de exclusão. "É um movimento marcado pela profunda transformação no comportamento do consumidor e que a Globo está acompanhando de perto", afirma. Para ela, o importante é oferecer todo tipo de conteúdo ao consumidor para que ele decida o que, quando e como quer consumir. "E o melhor conteúdo não é necessariamente o conteúdo novo. No caso do Globoplay, oferecemos diversas novelas antigas e o resultado foi muito positivo", exemplifica. 

Falando sobre conteúdo, Rogério Francis, VP de distribuição da ViacomCBS, enfatiza que não adianta colocar conteúdos nas plataformas e deixá-los lá dentro, sem que o público saiba o que tem ali. "Além disso, tem que atualizar sempre. O consumidor espera por coisas novas toda semana. Qualidade e volume de conteúdo fazem o consumidor entender que é necessário continuar assinando sua plataforma. É uma combinação de marketing, preço e conteúdo", define. A Viacom é uma das gigantes mundiais da produção de conteúdo audiovisual: a empresa vem investindo 15 bilhões de dólares anuais nesse sentido. "Criamos a VIS há alguns anos e, por meio dela, somos os maiores produtores de conteúdo hispânico do mundo. Ela se posiciona como uma das maiores criadoras de conteúdo global e língua espanhola", conta. "Nossa divisão de conteúdos passa pelos canais da Pay TV, licenciamento para terceiros e o Paramount+. Trazemos toda a capacidade global de produção da companhia, não é um olhar local. Mas é claro que as produções originais para o Paramount+ são feitas pensando nos mercados brasileiros e latinos", completa. 

O diretor geral do Telecine também participou da mesa e comentou que a marca – que é oriunda de uma joint-venture entre a antiga Globosat e quatro dos maiores estúdios de Hollywood, FOX, MGM, Paramount e Universal – detém a exclusividade dos conteúdos desses quatros estúdios. "Os conteúdos produzidos pelos nossos sócios são exibidos primeiros no Telecine, o que nos dá grande vantagem competitiva. São conteúdos que podemos dizer que são próprios", diz Eldes Mattiuzzo. Em relação ao conteúdo nacional, o Telecine está em diversas coproduções, das quais ele tem os direitos de exibição em primeira janela, o que também configura um diferencial para a marca. 

E, com a pandemia, surgiu ainda uma nova frente de aquisição de direitos, que o canal exibe no que chama de "Selo Première Telecine": são filmes que, por conta do fechamento das salas de cinema, não chegaram a estrear. Então, eles são lançados direto no Telecine – seja no SVOD ou na programação linear – pulando as duas primeiras tradicionais janelas de exibição, o cinema e o transacional. "Esses títulos fazem muito sentido pra gente. Disney e HBO também estão trabalhando com essas estratégias. Isso passou a criar um novo mercado para filmes pequenos e médios. De certa forma, estimulamos a produção desses títulos menores. Eles complementam muito a nossa oferta. Você não necessariamente atrai novos clientes com eles, mas gera bastante engajamento", explica Mattiuzzo. A novidade é resultado de um período de represamento de títulos que não tiveram a oportunidade de estrear nos cinemas e encontraram no streaming um bom canal de distribuição para rentabilizar e monetizar suas produções. "É uma frente nova, que ainda precisamos aprender qual a melhor forma de trabalhar com ela. Temos muitos títulos para estrear em breve direto no Telecine", completa. 

Na contramão da tendência das programadoras investindo cada vez mais nos conteúdos para streaming, o grupo Newco/Band lançou, durante o período de pandemia, marcado ainda por uma crise e instabilidade do mercado, dois novos canais na Pay TV: o AgroMais, voltado ao agronegócio, e o Sabor & Arte, de culinária e gastronomia. Newton Suzuki, diretor de distribuição e trade marketing, justifica: "O agronegócio era um tema muito requisitado. Já temos o Terraviva, mas precisávamos de um canal de notícias para o segmento, um 'Band News do agronegócio'. Assim nasceu o AgroMais. O Sabor & Arte também foi uma oportunidade. Buscávamos há um bom tempo um canal de culinária. Tentamos alguns acordos mas, no final das contas, percebemos que seria mais fácil produzi-lo. Havia demanda do público, da publicidade e de patrocinadores. Eram conteúdos e gêneros que ajudariam as operadoras". 

Suzuki adianta ainda que novos canais estão no radar do grupo: "Estamos pensando em streaming e talvez mais um canal para o linear". Por fim, o diretor conta que o Sabor & Arte tem sido um espaço de testes para o grupo. "No canal, nossas produções já são planejadas e gravadas em formatos diferentes – há o formato para a televisão, outro para o YouTube e um outro para VOD. É um período de experimentação", conclui. 

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