Para criador de "House of Cards", TV vive nova "Era de Ouro"

O criador e produtor executivo da série "House of Cards", Lord Michael Dobbs, participou nesta sexta, 11, da IBC 2015, que acontece em Amsterdã, para falar sobre a experiência de adaptação de seu livro original, escrito no final da década de 80, para a Netflix. Para Dobbs, a TV não-linear está mudando a forma como se produz televisão. "O que está acontecendo é que as pessoas querem qualidade e, no caso da Netflix, estão com o controle total. Isso é o 'Maná dos céus', é a nova 'Era de Ouro da TV'", disse ele, em rasgados elogios à Netflix.

Quando vendeu os direitos sobre o livro, Dobbs não esperava participar do projeto como produtor executivo. "Foi a mais feliz experiência da minha vida. Em vez de ser chupado e cuspido, fui chamado para participar de todo o processo, contou, referindo-se ao que aconteceu com a BBC, que fez uma versão original do livro, mas retirou Dobbs do projeto na última temporada. Ele disse que aceitou o projeto quando viu que estrelas do cinema que nunca haviam feito TV, como o ator Kevin Spacey, estavam envolvidas. "Isso está acontecendo em vários outros projetos, e mostra a relevância que a TV tem hoje para Hollywood". Para Dobbs, o elemento central desse momento da TV são os roteiros. "Séries como 'The Killing', 'The Bridge', produzidas pela TV dinamarquesa, com baixo orçamento, conseguiram algo com muita qualidade. Não precisa de dinheiro necessariamente, precisa de narrativa".

Para Dobbs, a Netflix se transformou em uma grande organização de análise de dados, e isso é uma característica fundamental para a TV atual. "O que eles sabem sobre as pessoas que estão assistindo é sensacional e eles baseiam seu marketing e suas decisões nessa análise. Eles arriscam com base nestas informações. E correr risco é parte do processo de televisão. É impressionante o que eles conseguem. Meu único arrependimento é não ter pedido meu pagamento em ações da Netflix", brincou.

Críticas à BBC

Ele é um dos críticos ao modelo econômico atual de sustentação da BBC e, como político conservador, é favorável aos cortes que a emissora pública britânica tem sofrido. "Não queremos danificar a BBC, queremos melhorá-la. Ela precisa de receitas para enfrentar essa nova concorrência, e terá que conseguir essas receitas da venda de seus produtos", diz ele.

"Eu me arrisco a dizer que as pessoas estão dispostas a pagar uma boa quantidade de dinheiro por conteúdo de qualidade. Enquanto tivermos qualidade vamos encontrar um mercado à disposição para pagar isso", disse, referindo-se a todo modelo de TV, e não apenas à BBC.

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