O cineasta, roteirista e escritor Newton Cannito está com novos projetos. Entre eles, a terceira temporada da série nacional "Unidade Básica", da qual é o criador e, desta vez, também assina a direção de um dos episódios. Produzida pela Gullane, esta nova temporada foca a trama no primeiro ano da pandemia de Covid-19 no país, da descoberta do primeiro caso à vacinação da primeira brasileira, tendo como inspiração histórias reais. A estreia será no dia 1º de outubro, às 21h30, no Universal TV. Ana Petta, que interpreta a Dra. Laura, também é uma das criadoras da série. Além de Ana, assinam a série sua irmã, a médica Helena Petta, e Cannito. A direção dos episódios também é de Caco Ciocler e Suzy Milstein é a diretora geral.
"Essa temporada foi 'paulada'. Em termos de saúde, as histórias da série são sempre tensas, mas dessa vez foi ainda mais. Trouxemos toda a situação da Covid, abordando questões como os negacionistas da doença, a chegada da vacina e as crises de falta de oxigênio – esse é inclusive o tema do episódio que dirigi", contou Newton Cannito em entrevista exclusiva para TELA VIVA. "Acho que essa temporada será marcante. Trouxemos muitos detalhes sobre a pandemia. Há um ano, ninguém mais queria falar sobre Covid, as pessoas estavam cansadas. Mas acho que agora é um bom momento para lançarmos. Filmamos a série no ano passado e, durante o período, o Brasil registrou um novo surto de casos de Covid. Voltamos aos protocolos e esse clima de Covid foi bem presente durante toda a filmagem. Foi uma infeliz coincidência", revelou.
Para escrever histórias inspiradas em acontecimentos reais, o roteirista parte de notícias jornalísticas somadas a histórias de pessoas que entrevista. "Tem bastante pesquisa de campo e entrevistas profundas com diversas pessoas. Para falar sobre os negacionistas, por exemplo, procurei eles, no sentido de querer entender todos os lados da história. São coisas bem complexas, cada um tem suas motivações", explicou. "A série é sobre histórias de vida. O nome de cada episódio, inclusive, é o nome de um paciente", acrescentou. "Em termos de drama, com certeza é a temporada mais forte até agora. Era um clima de terror permanente. Falamos de temas importantes, mas não é uma produção institucional, então tem entretenimento também", finalizou.
Série baiana debate educação de jovens e resolução de conflitos
Outra novidade é o projeto "Iceberg", este ainda em fase mais embrionária. Trata-se de uma série produzida pela Têm Dendê Produções, da Bahia, com criação e direção de Vânia Lima. O projeto já foi contemplado com o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e as filmagens têm previsão de início em fevereiro de 2024. A veiculação será na TV por assinatura, pelo grupo Box Brazil. Cannito é autor principal e roteirista chefe da obra que tratará da edução de jovens em uma escola de elite.
"A história se passa em uma escola particular em Ilhéus, na Bahia. É um colégio que tem métodos inovadores, ligados a visões africanas, mas que também tem muita gente conservadora, e traz esse conflito entre conservadores e progressistas. Falaremos de temas da juventude atual, como bullying, e outras questões bastante tensas. Normalmente, associamos Ilhéus ao universo de Jorge Amado – a série também tem um diálogo com esse universo, mas mostra outros lados, menos folclóricos e mais contemporâneos. A escola funciona como um microcosmos do Brasil, com jovens de diferentes estados. A série debate nacionalidade, como educar crianças e lidar com conflitos", resumiu o autor.
O público-alvo inclui os jovens, mas é uma trama mais adulta, não sendo voltada à faixa Infanto-juvenil. Em termos de target, se aproxima à produção "Elite", da Netflix, segundo Cannito. "Estou muito animado com o projeto e as expectativas são muito boas. A série é produzida na Bahia e dialoga com questões locais, mas que interessam a nação como um todo", destacou. Em "Icerberg", Cannito é chefe de roteiro, e trabalha ao lado de Bruna Coutt e Claudio Simões, roteiristas, e ainda Camila Ziviani e Jacques Jaqui, assistentes de roteiro. O argumento e a direção criativa são de Vânia Lima.
Filme sobre Silvio Santos foca em sequestro sofrido em 2001
Por fim, está o longa "O Sequestro", que tem como fio condutor o diálogo entre Silvio Santos e Fernando, o rapaz que o sequestrou em 2001. Marcelo Antunez assina a direção do filme que relata um dos momentos mais surpreendentes e desafiadores vividos por Silvio Santos (interpretado por Rodrigo Faro). Tendo a casa invadida pelo sequestrador, o homem mais popular da televisão brasileira esteve sete horas sob ameaças de morte. Produzido por Moonshot Pictures, Maristela Filmes, FJ Productions e Dis Group, o longa conta com roteiro de Newton Cannito e Anderson Almeida e com co-distribuição de Imagem Filmes e Paramount Pictures. A previsão de estreia é ainda para 2023, com o cinema como primeira janela.
"Escrevi um personagem herói. Focamos no episódio do sequestro e transformamos histórias do passado de Silvio Santos em contos com mensagens claras, que foram usadas para que o bandido desistisse. De certa forma, o filme fala sobre o poder retórico das histórias. Até pesquisei polêmicas da vida de Silvio Santos, mas o foco não era esse. Ele era um grande contador de histórias, e achei impressionante que, dois dias depois do sequestro, ele já estava tirando sarro do assunto em seu programa. Esse episódio é cheio de camadas surpreendentes, tudo que se desenrolou ao longo dessas histórias. Acho que foi um dos momentos que mais mostraram o poder que Silvio Santos tem. É uma história de tensão, que no filme virou uma espécie de thriller. A maioria das biografias falam sobre a história das pessoas desde que elas nascem até quando morrem. Mas gosto que essa tenha esse viés mais criativo. Foi um recorte legal e nada previsível", analisou Cannito.
