Mobilidade e ultra banda larga dominam estratégias de operadores da Europa

Duas estratégias estão sendo usadas prioritariamente pelos operadores de TV a cabo europeus para ganhar espaço no mercado de telecomunicações e frear o avanço do DTH, que assim como no Brasil, tem a maior fatia do mercado de TV paga na Europa. Uma das estratégias é a oferta de serviços de ultra banda larga. Hoje, já existem ofertas de mais de 100 Mbps por parte de operadoras de cabo em todos os países ocidentais, e em alguns casos a oferta já passa dos 500 Mbps (no Brasil, a Net é a única operadora de cabo a oferecer os serviços nessa velocidade). Mas o dado mais revelador é o de que 75% dos acessos de banda larga considerados de "nova geração" (NGA) no mercado europeu são providos por operadoras de cabo. São aqueles acessos superiores a 30 Mbps, um mercado onde as operadoras de telecomunicações basicamente só conseguem competir quando adotam alguma tecnologia de FTTx. Na Europa existem cerca de 145 milhões de usuários de banda larga fixa. Os dados foram apresentados pela Cable Europe, associação que congrega os maiores operadores da tecnologia na Europa e que realiza, esta semana, seu congresso anual em Amsterdã.

Outra tendência importante do mercado europeu de TV por assinatura, sobretudo TV a cabo, é a oferta de serviços móveis. Ainda não existem dados consolidados sobre o total de acessos móveis das operadoras de TV paga europeias, mas apenas a Ono, a maior operadora de cabo da Espanha, que concorre diretamente com a Telefónica naquele país, tem 1,2 milhão de clientes. É pouco se comparado aos números de uma operadora móvel, mas é bastante se for considerado que a maior parte das empresas de cabo da Europa segue o modelo de operador virtual (MVNO), em que cresce usando a infraestrutura de uma telco.

Durante o Cable Congress 2014, muito se falou também de estratégia de serviços Wi-Fi e também da nova promessa que está deixando os operadores europeus entusiasmados: a possibilidade de prestar serviços de LTE usando espectro não licenciado (hoje usado pelo Wi-Fi), com ganhos significativos de velocidade e robustez em relação às tecnologias atuais.

Mas existem riscos e ameaças nesse processo de integração com as redes móveis. Para Andrew Barron, CEO da ComHem, operadora sueca com cerca de dois milhões de clientes, "tocar uma operação móvel em uma operadora de cabo é completamente diferente de tocar uma operadora móvel sendo 100% uma. "Mas não ter uma operadora móvel não é necessariamente o fim do mundo. Não precisa ter uma MVNO ou MVNE, mas essa será uma peça fundamental no futuro", disse.

Para Rosalia Portela, CEO da Ono, ter uma operação mobile passou a ser parte do planejamento de muitas operas de cabo, sobretudo no momento em que as próprias operadoras móveis, como a Vodafone, começam a analisar o mercado de TV a cabo mais atentamente (recentemente a Vodafone adquiriu a Kabel Deutschland por cerca de US$ 10 bilhões. Segundo Manuel Cubero, COO da Kabel Deutschland, o que fez sentido na operação foi o encaixe perfeito entre o portfólio de serviços da Vodafone na Alemanha, somada à sua marca forte e sua rede de revendas, e a presença da Kabel em serviços de TV, banda larga e telefonia fixa. "Era uma parceria óbvia que não tinha como não acontecer com o tempo", disse, ressaltando que a operação ainda aguarda a aprovação e a sua conclusão formal.

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